Outra vez te revejo, Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar. 
E aqui de novo tornei a voltar? 
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória, 
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo,
Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo
Outra vez te revejo
Lisboa e Tejo e tudo 
Transeunte inútil de ti e de mim, 
Estrangeiro aqui como em toda a parte, 
Casual na vida como na alma, 
Alváro de Campos
Lisbon Revited
1926
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