quinta-feira, fevereiro 08, 2018

Três Bons Filmes

Com realização do fantástico Paul Thomas Anderson e com o incomparável Daniel Day-Lewis como actor principal este  Linha Fantasma é seguramente o melhor filme em cartaz neste momento em Portugal. Fui vê-lo e adorei, adorei, adorei, assim como me surpreendeu a prestação da atriz Vicky Krieps, do principio ao fim do filme. 
Aqui o que vemos é uma história absolutamente única, a de um homem, um costureiro famoso na na Londres da década de cinquenta que procura através das suas criações de alta costura a absoluta perfeição, acabando nessa demanda em torcidar quem com ele vive, até encontrar a sua musa, a fantástica Alma de seu nome, que irá mudar  a vida deste ser egocêntrico e perfecionista de uma forma ímpar e inusitada. 
Está de parabéns o realizador que fazendo poucos filmes, quando o faz os mesmos são sempre surpreendentes (Haverá sangue, Vício Intrínseco, Embriagados de Amor...) e está também de parabéns Daniel Day-Lewis que anunciou ser este o seu último filme enquanto ator. A ser verdade é uma perda para o cinema porque tudo o quanto este singular ator faz é sempre sublime e prova disso são os três Óscares que possui nos eu curriculum. 
Um filme a não perder de forma alguma.

De Guilermo del Toro, este A Forma da Água é uma fábula absolutamente inesquecível. Vê-la foi recordar um pouco esse seu anterior filme, o  fantástico O Labirinto do Fauno, só que aqui com adultos como principais atores, posto que neste Labirinto de Fauno o que víamos era a guerra civil espanhola pelos olhos de uma criança muito especial, encarregue da realização de três hercúleos trabalhos para se que ela e a sua mãe pudessem livrar-se de um padrasto absolutamente sinistro.. Filme inesquecível esse.
Voltando a este A Forma da Água o que aqui temos é os tempos da guerra fria e da conquista da lua entre americanos e soviéticos, tendo como peão um fantástico ser marinho arrancado à força de um lago na América do Sul, para uns laboratórios secretos onde terá como fim experimentos científicos. É também a história da muda Elisa Esposito, (a fantástica Sally Hawkins), empregada de limpeza desse laboratório,  que se liga a este ser belo e único e que fará tudo para o libertar, com a ajuda da sua colega de limpezas a sempre surpreendente Otávia Spencer e de um suis generis vizinho o ator Richard Jenkins. Refiro  também que o ator Michael Stulhbarg também aparece num bom papel de cientista com consciência. Eu cada vez gosto mais deste ator tal como já o tinha referido quando abordei em post anterior o filme Chama-me Pelo teu Nome.
Michael Gambon num papel à sua medida, o do verdadeiro monstro de maldade deste filme maravilhoso, que está merecidamente indigitado aos Oscares  em 13 categorias.
Não posso deixar de abordar o papel de Doug Jones como o monstro marinho, ele que já tinha sido no Labirinto de Fauno, o homem de pele branca.. Acrescento aqui que este ator, talvez pelas suas características faciais, é muitíssimo requisitado, para papéis em que aparece profundamente e irreconhecidamente caracterizado. Podemos vê-lo como vampiro na série The Strain (série essa com argumento de Guilhernmo del Toro), em Star Trek,  Buffy, HellBoy I e II, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, no já citado Labirinto de Fauno , entre outros filmes...de facto incrível esta faceta tão interessante deste actor..
Aqui neste A Forma da Água ele é simplesmente maravilhoso, assim como toda a história e espero que Guilermo del Toro leve para casa muitas das estatuetas a que está nomeado porque o filme é muito bom.

Por último,queria aqui abordar um outro filme que espero que não passe despercebido que é o Loveless-Sem Amor, filme russo do realizador Andrey  Zvyagintsev, o mesmo que já nos tinha dado o Elena e Leviatã este ultimo também há dois anos candidato a Melhor Filme em Língua estrangeira, tal  como está este Loveless este ano.
O filme é de facto muito bom e com a marca indiscutível do realizador que nos trás outra vez um labirinto triste e sufocante das relações entre os casais e tendo como pano de fundo o  desaparecimento de uma criança nada amada pelos seus progenitores e como isso vai paulatinamente destruindo qualquer hipótese de felicidade entre esse mesmo casal.
Um filme que é a espaços um murro no estômago tal o desapego de um casal por um filho que nunca foi desejado, nunca foi amado, nunca foi querido por qualquer dos progenitores, ao ponto do seu desaparecimento ter alertado primeiro a professora antes dos pais. O que aqui vemos é uma Rússia fria, distante, em que cada um vive imerso na procura da sua própria felicidade mesmo que a mesma seja feita sobre a infelicidade dos demais.
Um filme que nos faz refletir sobre a frieza e complexidade das relações humanas. Penso que este filme seria um justo vencedor de um Óscar.

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