quinta-feira, janeiro 28, 2016

Revisitando Anna Karenina

Há filmes e até obras de arte pictóricas que quando as vemos pela primeira vez ficamos simplesmente fascinados com elas, mas, passado algum tempo, até pode ser anos, quando as revimos nada sentimos e até nos interrogamos sobre o porquê do fascínio sentido quando pela primeira vez olhamos para elas. Já me aconteceu isso inúmeras vezes e até já me aconteceu isso com pessoas, mas isso são contas de outro rosário.
 O que aqui quero abordar é um filme que quando o vi pela primeira vez pouco ou nada nele nada nele me encantou. 
Contudo, resolvi reincidir na obra e vê-lo outra vez.
Foi esta revisitação  que me fez mudar de ideias e aos poucos a admiração pelo modo como este filme foi feito e encenado  foi aumentando e isso aconteceu ontem à noite outra vez, quando fazendo zapping pelos canais televisivos, fui dar com esta obra do realizador britânico Joe Wright realizador de Locke, Orgulho e Preconceito, Hanna, Expiação, O Solista., Peter Pan).
Falo-vos de Anna Karenina, filme baseado na obra do grande Leão Tolstoi.
Se não me engano o filme foi estrado em Portugal há coisa de dois ou três anos, e na altura lembro-me do filme vir precedido de criticas algo desfavoráveis e mesmo cá não foi filme que tivesse enchido as salas de cinema e as opiniões dividiram-se e a maioria até nem era grandemente favorável a essa nova incursão no universo Toltoiano.
Na altura da sua estreia fui vê-lo ao cinema e também eu fiquei sem conseguir qualificar este filme e o modo como o mesmo foi realizado/encenado e só me lembro de que o mesmo me parecia uma gigantesca peça de teatro feita em jeito de filme. Falando com uma amiga, também ela não tinha apreciado favoravelmente o filme e até tinha saído bastante cansada do mesmo, não o sabendo bem descrever e qualificar.
Passado uns tempos aluguei-o em vídeo clube e resolvi vê-lo calmamente a até andando para trás em algumas cenas e fazendo pausa em outras. Foi aqui que comecei a amar este Anna Karenina  e aos poucos fui tendo uma visão dele que me foi emocionando passando aos pouco a  considerá-lo uma peça de cinema invulgar, muito bem executada, com prestações fantásticas de todos os actores em especial a da protagonista principal Keira Knightley (Anna Karenina) actriz por quem tenho grande carinho e que também é partilhado pelo realizador, visto a mesma estar presente em mais duas obras do mesmo, nomeadamente em Expiação e Orgulho e Preconceito.
Coadjuvada por Jude Law (Conde Karenine), Aaron Taylor-Johnson (Vronsky), Kelly Macdonald (Dolly Oblonsky), Matthew MacFadyen (Stiva Oblonsky),Domhnall Gleeson (Kostia Levin),Alicia Vikander (Kitty) entre outros muitos bons actores, o que vemos neste filme é uma fotografia absolutamente sublime, uma história muito bem contada e feita em moldes teatrais o que dá muito mais  força  à história em questão, actores em estado de graça,  e uma dramatologia seguríssima e em que não vemos qualquer actor a resvalar para o histeriónico, o mau gosto, onde tudo é contido e o drama conseguido em doses certas.
Ontem ao ver  este filme outra vez, vi que de facto esta revisitação a este drama de Tolstoi feito de forma teatralizada acabou por ser a que mais se aproximou da obra do escritor assim como a escolha dos cenários aquela que mais nos deu a ver de uma forma muito bem conseguida a sociedade russa da altura em que o drama se desenrola, com as classes sociais estratificadamente divididas, e onde as paixões exacerbadas eram bem escondidas e quem ousasse desafiar essas convenções, teria apenas e um só destino, aquele que Anna Karenina segue. Até o fim do filme é para mim o fim perfeito.
Dos personagens que guardo com carinho na memória acaba até por nem ser o de Anna e Vronsky ou até do Conde Karenin o marido de Anna, (prestação incrível de Jude Law), mas sim de Kitty e Kostia Levin, valendo para isso  a prestação de Alicia Vikander como Kitty e que vem  mostrar o quanto esta actriz é magnífica, (podemos vê-la em cartaz no A Rapariga Dinamarquesa).
Este Anna Karenina é por isso um daqueles filmes que com o passar do tempo mais e mais o amamos, pois o que ali está é de facto uma excelente obra cinematográfica e que a meu ver acabará por o ser sempre, desafiando o tempo e mantendo-se sempre intemporal.
Um filme a revisitar.

sábado, janeiro 23, 2016

Renascido

Há três realizadores que eu assim que sei que os seus filmes estão em exibição ponho-me no cinema assim que posso, ou seja, o mais rapidamente possível.

O primeiro é o chinês (Hong Kong) Wong Kar Wai  realizador do sublime  "Disponível Para Amar" e do fabuloso  "O Grande Mestre".

O segundo é  o anglo americano Christopher Nolan, realizador do incrivel e originalissimo filme A "Origem/Inception","Interestelar","Batman o Cavaleiro das Trevas", entre outros bons filmes.

O último é o mexicano Alejandro G. Inárritu   o realizador de "Amor Cão", "21 gramas","Biutiful", "Babel" e do oscarizado "Birdman".

Estreou esta semana em Portugal o mais recente filme deste último "O Renascido", The Revenant" baseado no livro The Revenant: A Novel of Revenge  escrita por Michael Punke em 2002 e que nos conta a história de uma vingança absolutamente alucinante do caçador, batedor e explorador Hugh Glass, que na  década de 1820 e  durante uma expedição pelo interior do território americano, ainda habitado por tribos indígenas, é atacado por um urso, que o deixa à beira da morte. 

Abandonado à sua sorte, com o corpo todo retalhado, sem armas e equipamentos  e numa paisagem terrivelmente gélida e hostil  e movido pelo desejo de vingança pela morte do seu filho, este homem de uma vontade sobrenatural e absolutamente avassaladora não descansa enquanto não alcança os seus objectivos, tendo para isso percorrido 129 quilómetros em seis semanas.
Aqui, para além da luta do homem contra a natureza temos também a luta de homens contra homens, de colonos  contra índios e vice versa, estes últimos reclamando justamente o seu território e aquilo que lhes é continuamente saqueado, mostrando até à exaustão como o  território norte americano foi conquistado sobre sangue derramado de uma forma absolutamente abominável e que envergonha o ser humano para todo o sempre.
Já é lendário o que os actores e equipas de filmagem passaram para este filme ser feito e à cabeça deste sofrimento vemos um Leonardo di Caprio que se não ganhar este ano o Óscar de Melhor Actor assim como o realizador como de Melhor Realizador e o filme o de Melhor Filme, é porque a Academia das Artes e Letras , não sabe o que faz, visto termos aqui uma das mais incríveis obras cinematográficas que me foi dado a ver nos últimos anos, e olha que bons filmes não têm faltado.
A prestação de di Caprio é de ficarmos do princípio ao fim boquiabertos, coadjuvado por outro grande actor que eu também amo de coração que é Tom Hardy , como John Fitzgerald , justamente indigitado para o Oscar de Melhor Actor Secundário e que se lhe for atribuído é mais que merecido. 
Há também a salientar as prestações de  Domhnall Gleeson,(ex Maquina), Will Poulte, entre outros. 
Este O Renascido é também fabuloso porque o realizador faz este filme utilizando a paisagem natural usando muitos poucos recursos digitais o que para mim é de valorizar até aos extremo fartos que estamos de filmes feitos em estúdios e com o recurso a tudo e mais alguma coisa sem que os actores saiam das suas zonas de conforto.
Ver Leonardo  di Caprio e os restantes actores naquelas paisagens gélidas e tortuosas é do mais  sublime que se podemos desejar ver. Este filme é de facto um acontecimento cinematográfico, daquelas obras que vemos e amamos, quanto mais não seja pelo libelo que o realizador faz ao mostrar-nos como os índios norte americanos, foram paulatinamente dizimados, assim como todo um modo de vida. 
Ver as atrocidades que ali se fizeram é de nos arrepiarmos e já por isso esta obra deveria ser ganhadora de todos os prémios e por isso mesmo ela está indigitada  merecidamente para 12 Oscares.
Não posso deixar de salientar ainda que a prestação de Tom Hardy é incrível visto o mesmo estar aqui  quase irreconhecível. Vê-lo aqui e no alucinante  Mad Max (outro filme também bem indigitado principalmente nas categorias técnicas) mostra-nos o quanto este actor é multifacetado.
Este O Renascido por estas e outras múltiplas razões é um filme imperdível!

segunda-feira, janeiro 18, 2016

Três filmes a não perder

Está em exibição três BONS filmes a não perder.

1- 45 Anos

Com a Grande Actriz Charlotte Rampling   num  tour  de force com Tom Courtenay e com realização de Andrew Haigh este 45 anos é um filme imperdível e impressiona-nos ver como meia dúzia de actores com esta grande senhora do cinema que é C.Rampling à cabeça, conseguem prender-nos ao écran do principio ao fim. 
Não admira pois, que ela esteja nomeada, (e bem), para um Óscar de Melhor Actriz.


2 -A Queda de Wall Street/ The Big Short.

Se alguém pensava já ter visto tudo com o magistral Margin Call (escrevi um post acerca do mesmo aquando da sua passagem pelos cinemas portugueses) e o espantoso Inside Job (documentário narrado por Matt Damon) desengane-se, pois este A Queda de Wall Street , leva-nos à total estupefacção do primeiro ao último minutos e quando largamos a cadeira estamos zonzos e a pensar como é que uma dúzia de gulosos capitalistas sem qualquer pinga de escrúpulos, decência, moral, ética...conseguiram deitar a baixo o mundo financeiro, social e económico tal como o conhecíamos.
De ver e ficar de queixo caído.
Outro filme que também está,( e bem), na corrida aos Óscares.





3-Brooklyn

Com realização de John Crowley (adaptado da obra de Colm Tóibín) e com a já muito madura e seguríssima Saoire Ronan, coadjuvada por Emory Cohen, Domhnall Gleeson, Jim Broadbent e Julia Walters eis um filme belíssimo na sua história da saga dos emigrantes irlandeses para os E.U.A., a sua relação com a terra natal, a luta por um lugar ao sol, e o nascimento de uma nação com a ajuda de incansáveis trabalhadores irlandeses, italianos, e outras gentes, que largando as suas famílias e o seu cantinho se aventuraram a procurar uma vida melhor neste grande país.
Saoire Ronan fantástica como sempre. A escolha perfeita para o papel pois o seu rosto reflecte todas as emoções porque passa até atingir a sua plena integração.
Um bom filme a não perder.

sexta-feira, janeiro 15, 2016

Os Piores do Ano

Todos os anos, semanas antes da cerimónia dos Oscares acontece aquilo que qualquer actor mais teme: a atribuição da malfadada Framboesa de Ouro ou mais conhecida por Razzie Awards.
Se não me engano das poucas pessoas que lá foi com a cara e a coragem receber a dita estatueta de pior do ano,seja na categoria de melhor Actriz/Actor/Realizador/ Filme...foi a Sandra Bullock, no mesmo ano em que recebeu o Óscar pela sua interpretação no  filme Um Sonho Possível. 
Grande Sandra!
Este ano já estão as nomeações feitas e é claro que as fichas foram toda apostas no Nas 50 Sombras de Grey no execrável filme de animação Pixies, no estranhíssimo e muito decepcionante A Ascensão de Júpiter e no Quarteto Fantástico.
 Destes, os únicos que vi em aluguer foram as 50 Sombras de Grey que achei risível e a A Ascensão de Júpiter por gostar dos irmãos Wachowski (os mesmos da trilogia Matrix) e lembrar-me de ter ficado surpreendida com tal objecto cinematográfico. Claro que na altura se viu que a coisa era uma banhada de todo o tamanho e que tanto Channig Tatum, Mila Kunis e Eddie Redmayne iam levar com uma bela Framboesa Dourada, tal eram os disparates que os mesmos debitavam no filme.
Tal como aconteceu com Sandra Bullock em 2010, Eddie Redmayne está este ano nomeado como pior actor pela sua prestação desastrosa em A Ascensão de Júpiter, como para  melhor actor em A Rapariga Dinamarquesa assim, assim como Rooney Mara que está aqui nomeada como pior actriz em Pan e como melhor actriz secundaria em Carol que estreia para a semana em Portugal.
Só rir! 
Como era de esperar Johnny Deep leva uma nomeação com pior actor do ano neste outro objecto cinematográfico absolutamente disparatado que foi O Excêntrico Mordecai, arrastando Gwyneth Paltrow na categoria de pior actriz no mesmo filme. 
Ah...se houvesse nomeação para adereços, o falso bigode de J.Deep levaria com o pior adereço de todos os tempos. 
Jennifer Lopez também está nomeadíssima como pior actriz com o filme O Vizinho do Lado, Dakota Johnson na mesma categoria com As 50 Sombras de Grey e em pior actor a fazer companhia a Channing Tatum temos o sempre presente Adam Sandler que pelos vistos ainda ninguém teve a coragem de lhe dizer cara a cara que se retirasse de fininho e de vez do mundo do cinema.
A minha querida Julianne Moore que esteve irrepreensível em  Alice e  pelo qual ganhou um Óscar de melhor actriz no ano passado também é capaz do pior e ei-la nomeada com O Sétimo Filho. 
Ao ver actores tão bons a fazerem filmes tão maus como é este último caso, dou por mim a pensar que o fazem apenas e só pelos dólares fáceis que entrarão nas suas contas bancárias e por isso mandam às urtigas qualquer sensatez e juízo criterioso na escolha dos papéis...enfim.
Como Prémio de Redenção lá está o Silvester Stallone que para grande surpresa minha e de muita boa gente até está nomeado para um Óscar de actor secundário no filme Creed e já recebeu um nesta categoria nos Globos de Ouro realizados nesta semana.
De facto o mundo do cinema é um poço de surpresas! 

quinta-feira, janeiro 14, 2016

Alan Rickman-1947-2016

Ainda no ano passado tinha-o visto em Nos Jardins do Rei, 'A Little Chaos', filme que realizou e interpretou e que aqui abordei num post.
Hoje recebemos a notícia da sua morte por cancro. Uma  pena. Eu e tantos outros gostávamos  tanto deste actor! E que voz incomparável e única ele tinha. Só de o ouvir sabíamos que estávamos perante Alan Rickman.
 Mesmo em Die Hard em que  fazia de vilão não podíamos deixar de gostar dele assim como em Sensibilidade e Bom Senso onde fazia par com as grandes Kate Winslet e a Emma Thompson. Aqui neste último, interpretava um papel   tão doce que se tornava irresistível.
Depois do incomparável  David Bowie outra grande personagem do mundo das artes que parte e nos deixa com uma sensação de vazio.
Que perda!
Aqui ficam dois filmes em que aparece este actor e realizador.
Que Alan Rickman descanse em paz.

Sensibilidade e Bom Senso


Nos Jardins do Rei

domingo, janeiro 10, 2016

Guia para o Sucesso

 A cena passou-se numa sala de cinema quando fui ver um filme que recomendo vivamente que é o Joy, baseado na história verdadeira de Joy Mangano, mais conhecida nos E.U.A. pela 'rainha das esfregonas'.
Já irei abordar criticamente o filme, mas primeiro quero falar sobre o que se passou dentro da sala e que não me deixou de surpreender, eu que quase já não me surpreendo quase nunca com as atitudes dos que me rodeiam.
Este hábito tão norte americano de se ir para dentro de uma sala de cinema armado de um enorme balde de pipocas, muitas vezes ajudadas a serem ingeridas por doses industriais de pepsi cola  (passo a publicidade) tem criado situações verdadeiramente caricatas entre os apologistas das mesmas e quem simplesmente as abomina.
Eu estou naquele nicho de pessoas que discorda disso ( daí gostar de ir à salas do Paulo Branco) onde tais hábitos são sumariamente proibidos, mas também não sou de ficar de cabeça perdida quando alguém se senta ao meu lado comendo e bebendo ruidosamente como se na sua sala de estar estivesse, esquecendo das dezenas de pessoas que ao seu redor se sentam e que gostariam de se concentrar no filme e não no ruído de pipocas a serem ingeridas.
Quando tal me acontece, mudo de lugar (caso haja possibilidade disso) e continuo a ver o filme sem mais transtornos.
 Pois, foi isso precisamente que aconteceu. 
Alguém, mais precisamente um espectador que a meu lado se sentava,(eu não o conhecia de lado algum) que não conseguiu concentrar-se no filme enquanto a pessoa que na fila oposta a que estávamos não acabou de degustar o seu enorme balde de pipocas.
Foi verdadeiramente dramático ver aquele homem emerso no mais completo desespero, visto não conseguir parar de olhar para a pessoa que comia as pipocas, lançando 'bocas',em voz alta, não parando de estar quieto na cadeira, acabando até por me incomodar-me e à pessoa que a meu lado estava, tal era a postura do seu corpo e o frenesim que dele se tinha apossado. 
Eu tentava afincadamente concentrar-me no filme e também não o conseguia agastada pelo desespero do homem. Este a páginas tantas, dá um grito e pede à senhora que pare de fazer ruído a comer as malditas pipocas, sobressaltando tudo e todos e até a mim que me sentava a uma cadeira de distância e que já olhava para todos os lados a ver se me podia pisgar para outro lado, sem contudo o poder fazer visto a sala estar quase esgotada. 
Talvez espicaçada por esse grito a senhora continuou a comer as pipocas  sem ligar peva deixando o homem ainda mais desesperado!
  Verdadeiramente só me apetecia era mandar os dois para a rua e resolverem  isso lá fora. Ele como viu que não foi ouvido lá se virou para a tela e tentou concentrar-se no filme, olhando de segundo a segundo para a comedora ruidosa e só quando viu que esta tinha pousado o balde no chão gritou um sonoro 'finalmente!' e sossegou de vez.
Todos este episódio ainda durou uma meia hora e eu ao mesmo tempo que procurava concentrar-me no que se passava na tela ia ao mesmo tempo pensando que tudo isso era escusado se os cinemas apenas servissem...para vermos cinema e não estivessem transformados em sítios de degustação  de milho e guloseimas variadas. 
Sei que era pedir muito que tudo isto acabasse, pois já vez li que vender pipocas é o que faz com que muitas salas continuem abertas e não o vender um bilhete de cinema, posto que este só dá é prejuízo. Se tal  for verdade ( e julgo que o é) então que as pipocas continuem a ser vendidas acompanhadas das bebidas gaseificadas da praxe. Talvez o que as pessoas tenham que fazer é civilizadamente serem menos ruidosas na sua mastigação e pensar que talvez há filmes que dado o tipo de espectadores e o enredo dos mesmos as pipocas não devem ali entrar.
Que possamos ir ver um blockbuster tipo Star Wars, acompanhado de um balde de pipocas a mim não me chateia  nada. Penso até que estes filmes apelam a isso, tal como os filmes para crianças, mas ir ver um filme do tipo a que ali estávamos a assistir não faz qualquer sentido.
 Há que respeitar as pessoas que estão connosco na sala e é isso que eu não vejo por parte dos espectadores. Vai tudo no mesmo andor e isso é falta de respeito para com quem connosco assiste à sessão e pelo filme que está a ser exibido.
Após este apontamento critico/anedótico, vou então continuar a falar deste Joy.
Jennifer Lawrence, cabeça de cartaz deste biopic sobre Joy Mangano e sempre aconselhada por esta última está esplêndida no papel. Se dúvidas havia que ela é muito boa actriz, basta lembrar o seu início de carreia no fabuloso papel principal, num filme que por cá passou muito despercebido e que se chamava Despojos de Inverno, e pelo qual ganha o Globo de Ouro por Melhor Actriz Dramática. Ela é de facto soberba e aqui dá o litro , não sendo por acaso que este Joy está também na corrida aos oscares, tudo graças ao trabalho por ela aqui executado.
 Com uma fortuna imensa e sempre a inventar gadgets originais e úteis  para a melhoria da vida das pessoas e sobretudo para a vidas das donas de casa, Joy Mangano, verdadeira mulher de armas, vai travar desde muito nova uma luta renhida para se impor no mundo dos negócios, tentando contra ventos e marés fazer valer as suas úteis invenções, tendo até por adversários alguns membros da sua família fazendo valer aquele provérbio que diz para quê procurar inimigos fora quando eles estão alojados no nosso seio familiar.
Contra ventos e marés, esta mulher consegue alcançar os seus objectivos e hoje é uma fabulosa e sempre activa empresária com direito a canal de televisão de televendas, onde começou e onde acabou por se impor definitivamente e sempre a facturar  imenso com as suas invenções sempre úteis.
Gostei do filme, amei ver J.Lawrence no papel de Joy Mangano, gostei de ver Édgar Ramirez no papel de marido e posterior ex marido sempre presente na vida de Joy, apreciei   ver Bradley Cooper que faz sempre boa parelha  com J.Lawrence (basta vê-los juntos no oscarizado Guia para Um Final Feliz), surpreendi-me ao ver Virginia Madsen num papel quase irreconhecível , sobressaltei-me a ao ver Isabella Rosselini nestas andanças  muito fora do seu registo habitual e odiei ver Robert de Niro no papel de pai de Joy Mangano, não porque ele esteja mal naquilo que lhe é pedido, mas porque o considero como um dos maiores canastrões que o cinema já nos deu e que só fez boas figuras quando trabalhou ou com M.Scorcese ou com Tarantino. Fora disso é uma nulidade o que aqui  neste Joy se aplica literalmente.
Um filme a ver com gosto.

Uma Rapariga Dinamarquesa

Se duvidas havia que estávamos perante dois  grandes actores, elas desaparecem quando vemos Eddie Redmayne, Alicia Vikander, protagonizarem o casal  Einar e Gerda Wegener no filme de Tom Hooper, A Rapariga Dinamarquesa.
De facto, estão os dois soberbos e eu sou suspeita para falar pois 'apaixonei-me' por Alicia Vikander assim que a vi no Filme Um Caso Real e posteriormente em Ex-Maquina um dos grandes filmes do ano passado e que espero que não seja esquecido na corrida aos Oscares, pois ela aqui neste último está sublime.
 Já Eddie Redmayne é um caso à parte na transmutação do seu corpo, visto que o mesmo é a sua grande arma e aqui serve soberbamente os propósitos do realizador dando corpo ao pintor Einar Wegener que nunca se reconhecendo dentro de um corpo masculino passará de tormento em tormento até concretizar o seu sonho de finalmente ser mulher, criando a sua Lili Elbe.
Este A Rapariga Dinamarquesa é um grande filme com muito bons diálogos em que o amor perpassa do principio ao fim, tanto o amor de uma esposa para com o marido que lhe vê fugir por entre as mão, sem que nada possa fazer, tanto por este homem, pintor de excepção, um dos grandes paisagistas dinamarqueses que apenas se reconhece como ser na sua totalidade quando se transmuta em Lili. 
É um filme ao mesmo tempo triste porque o que ali vemos é a infelicidade de quem nunca se viu como aquilo como nasceu e a incompreensão de uma sociedade que via estes casos como sendo a mais pura esquizofrenia digna de internamento psiquiátrico ou de algo que teria que ser sujeito a tratamentos químicos.
 É também um filme com uma fotografia absolutamente  sublime em termos cinematográficos. A cena em que Gerda se despede do marido na estação de comboios quando este parte para a Alemanha para a sua primeira intervenção cirúrgica é para mim uma das das cenas mais belas do filme, assim como aquelas imagens do casario típico da Dinamarca, 
O próprio guarda roupa é deslumbrante, sendo uma  peça fundamental para o desenvolvimento da trama e principalmente na transformação de Einar em Lili Elber.
Tom Hooper que já nos tinha  dado o oscarizado  O Discurso do Rei e uma das muitas versões de Os Miseráveis (também com Eddie Redmayne) 'arrisca-se'  aqui a ganhar mais algum ou alguns com este seu último filme.
 Não posso deixar de salientar ainda as prestações sempre seguras de Ben Whishaw, Sebastian Koch, Amber Heard e Matthias Schoenaerts (cada vez estou mais 'apaixonada' por este último).
Um filme a não perder.

sexta-feira, janeiro 08, 2016

Um Diário Desperdiçado


Com realização de Benoit Jacquoit  (Adeus, minha Rainha ) e com as prestações de  Léa Seydoux, Vincent Lindon Clotild Mollet, Hervé Pierre Mélodie Valemberg entre outros fui ver O Diário de Uma Criada de Quarto e gostei medianamente, porque senti alguma desilusão não em relação aos actores que estão muito bem, mas sim em relação ao realizador, porque a espaços sentia acentuadas quebras de ritmo que deixam no espectador uma forte sensação de desilusão. Essa desilusão acentuasse na medida que o argumento tem imenso para nos dar, nessa relação sempre tão interessante entre quem serve e quem é servido e Benoit Jacquoit não soube aproveitar isso (aí que saudades da versão de  Luis Buñuel)  preferindo introduzir as os tão incomodativos flash backs que no filme só servem para atrapalhar nunca criando uma verdadeira ligação entre a narrativa presente e aquelas cenas do passado. 
 Vemos isso mesmo na cena da carruagem do comboio com a antiga patroa, bem como as cenas de Célestine com o antigo jovem patrão que morre tuberculoso. 
 Houve até uma cena que me pareceu que desapareceu do filme ( a morte da criada do capitão) e nós espectadores ficamos para ali a pensar como é que ela morreu se na cena anterior a vimos cheia de saúde e a tagarelar com Célestine! 
O que dá animo e alento ao  este Diário é a prestação de Léa Seydoux.
Para mim ela está impecável! 
Seydoux foi a escolha indicada porque para além dela ser magnifica, o seu rosto o olhar e até o andar, exprimem bem o que lhe vai na alma, e isso é sempre uma grande mais valia para qualquer realizador que saiba aproveitar as suas potencialidades, pois elas são muitas. 
 O seu arzinho de insolência, de desprezo, de amor e ódio, os seus  gestos fazem dela a actriz indicadíssima para o papel de Célestine, a criada que vai de Paris servir para casa dos Lanlaire, família de burgueses endinheirados cuja dona de casa tem como fim único infernizar a vida de quem a serve e o onde o dono da casa tem como desporto dormir com as serviçais, engravidá-las e posteriormente pô-las na rua a mando da esposa.
 O diálogo entre a desgraçada cozinheira e Célestine é uma das cenas capitais do filme e ali vemos o que era esta França rural, com personagens absolutamente abjectos como é o caso do Capitão vizinho dos Lanlaire, personagem truculento e do mais nojento que me foi dado a ver.
Já o personagem Joseph desempenhado por Vincent Lindon é também quase totalmente desperdiçada na sua relação com Célestine e é pena, pois o mesmo teria potencial para bem mais, na sordidez da sua vida e no ódio pelos judeus. Aliás é esse ódio pelos judeus teria capital para ser desenvolvido mas não o é preferindo o realizador centrar-se em totalmente no papel desempenhado por Seydoux, desperdiçando película onde a vemos a andar escada acima, escada abaixo escusadamente.
Mesmo o casal para onde Célestine vai trabalhar teria mais a dar, coisa que aqui não acontece. 
O próprio fim do filme é feito de uma forma atamancada e quando o mesmo termina dá-se em quem o está a ver uma sensação de total desilusão pelo mesmo. Dá mesmo  ideia que o realizador termina o filme por puro cansaço!
Em suma, este Diário de Uma Criada de Quarto vale apenas pela prestação de Léa Seydoux, por algumas frases que ali são ditas,( tenho que ter dentro de em mim a servitude) e pelo magnífico guarda roupa e excelente fotografia. 
É pouco para uma revisitação desta magnifica obra do escritor,critico e arte e jornalista Octave Mirbeau, que já foi filmada por Jean Renoir e Bunel de uma forma excelente.

domingo, janeiro 03, 2016

Curtas de 2016

Ontem à noite estava a ver o programa televisivo Governo Sombra onde os muito divertidos  comentadores entre os quais o sempre muito bem disposto R.A.Pereira, estavam já a fazer o balanço de 2016!!!
 Pensei o quanto era bom que de facto pudéssemos dar um salto de 365 dias e por magia saber o que aconteceu neste ano que agora começa evitando tudo o que de errado pudesse acontecer tanto a nós como aos outros e assim sermos mais felizes, pois com certeza evitaríamos cair em erros e viver de uma forma mais assertiva, saudável, solidária...
Como tal não é possível, então que não caíamos nos erros do ano anterior, pois já vimos os resultados...mas como errar é humano vai continuar o egoísmo, a maldade mais insana, a pouca solidariedade, as mentiras,as mortes brutais... etc...etc...
Enfim...o ser humano no seu pior.

Finalmente decidi ler A Rapariga no Comboio.Foi o  livro best seller no ano que findou e desconfio que o continuará a ser este ano.
Lá me decidi a comprá-lo como minha prenda de Natal. Comecei a lê-lo no dia 30  e vou terminá-lo hoje. Já o deveria ter terminado mas estou tão ansiosa pelo fim (resisto a lê-lo, pois tenho esse hábito horrível!) que não me quero apressar.
 De facto, o livro  lesse de um fôlego. É um policial e dos bons. Para primeira experiência de uma escritora,de seu nome  Paula Hawkins, o livro está soberbo. Prende-nos do principio ao fim. Não dá descanso a ninguém. Há semanas atrás  ela concedeu à revista Sábado uma entrevista e um conto de duas páginas e ali podemos ver a mestria desta escritora que vai dar cartas no panorama literário, no que concerne a este tipo de literatura de suspense.
Li que Hollywood sempre atenta a estes fenómenos já comprou os direitos do livro e vai sair um filme e que a actriz até já está escolhida, cabendo o papel principal à  Emily Hunt que eu adoro de coração. Se for ela a coisa vai sair bem, pois ela é muito boa actriz. A exemplo do mundialmente célebre As das 50 Sombras de Grey ,  as mulheres estão a dar cartas no mundo literário. Gostei!
Ah...uma amiga deu-me pelo natal o livro de outra escritora emergente, a Ali Smith. Estou mortinha para começar a ler este A Primeira Pessoa e Outras Histórias.

Nesta quadra natalícia em que passamos o dia a comer e a beber dei por mim a pensar no desperdício dos alimentos e de como as sociedades ditas ricas, ainda olham apenas para os seus umbigos.
Fui deitar o lixo e vi um bolo rei inteiro no contentor do lixo. Fiquei tão chocada! Como é tal possível nos dias que correm? Sem querer ser demagógica,  há tanta gente a passar mal e há gente a deitar comida no lixo? Isto é cá em Portugal onde há gente com imensas  dificuldades, agora imaginem em sociedades onde a fartura chega a ser quase obscena. O que acontecerá aí? Nem quero imaginar. 
Com as campanhas de apelo a donativos de alimentos , haver ainda quem faça isso, é de bradar aos céus.

Ainda não vi, mas faço intenções de ir ver. Ontem, uma amiga minha mandou-me mensagem a dizer que sem ser  um grande  filme vale pela prestação do actor, o Eddie Redmaine.
 Falo-vos da Rapariga Dinamarquesa. Em principio o Óscar lá irá outra vez para ele que já o tinha ganho no ano passado com A Teoria de Tudo, filme que valia apenas e só pelo modo como ele encarnou o físico Stefen Hawkings. Estou toda a torcer pelo meu di Caprio e o seu papel visceral em O Renascido filme ainda não estrado por cá. Gosto do realizador (Alejandro González Iñarritu) e sei que o di Caprio tem ali o papel de uma vida. Se não o ganhar é pena, pois ele já merecia um prémio da categoria de um Óscar.


Três dias depois do Natal, fui ao Colombo com uma amiga cuja filha adolescente queria ir aos saldos na Zara. As filas para entrar neste espaço comercial eram idênticas as que 72 horas antes se tinham feito para se ultimar as compras da quadra e lá dentro o Colombo rivalizava com a estação de caminhos de ferros do filme E Tudo o Vento Levou sem os feridos e os mortos, mas com a multidão a comportar-se como se as compras de  saldos, promoções e tutti quanti, fossem a última oportunidade para atingirem o nirvana. 
A espaços andei pela Zara sem sentir que andasse sobre o soalho, posto que aquilo que eu pisava eram montanhas de roupa espalhadas pelo chão. Não olhei para cima mas desconfio que deveria haver roupa pendurada no tecto. As pobres funcionárias estavam a pontos de um AVC,as filas para os provadores e pagamentos eram de bradar aos céus, a nervoseira imperava de uma forma avassaladora,tanto em homens como em mulheres, tudo aquilo era uma insanidade. Se imaginarmos que dias  antes tinham sido gastos milhões de euros em compras de natal naquele mesmo espaço, dá que pensar onde está a crise. Ali é que não era de certeza!
Ah...o dono daquele espaço continua a ser um dos homens mais ricos do mundo...dahhhh!

Será que o Donald Trump irá ter possibilidades de ganhar a convenção Republicana e ser o candidato oficial deste partido? Nahhh....ainda tenho uma réstia de fé nos norte americanos e e no seu discernimento.

Cá em Portugal, penso que o Marcelo é que já ganhou isto...não é? Lá divertido tê-lo como presidente deve ser, deve!


A chuva veio e não nos tem dado tréguas.Bem dela precisávamos. Que caia e que faça o que tem de ser feito, sem ser demasiado e que não prejudique ninguém com enxurradas  e outras coisas assustadoras.


 Fui ver a exposição Real Bodies na Cordoaria Nacional e gostei. É didáctico e está bem concebido. Não impressiona ver aqueles corpos que sabemos ser reais. O que impressiona é o preço dos bilhetes que achei pró caro. Se calhar até nem é caro, quem abre a carteira é que tem pouco dinheiro.Lol!
Vale a pena levar os miúdos lá.

Depois de ir ver a exposição fui  com duas amigas lanchar aos Pasteis de Belém.Escusado dizer que as filas eram enormes, tanto para compra ao balcão como para se lanchar. Via-se mais turistas que portugueses. Pelo que li esta casa centenária vem nos guias turísticos e daí toda essa curiosidade se bem que o pasteis deles são bem bons.
Lá conseguimos arranjar mesa e para meu espanto e grande surpresa nossa o simpatiquíssimo e bonito  funcionário que nos atendeu  disse-nos que aquela casa é das poucas que trabalha 365 dias do ano!!!
Nunca fecha. Sim senhor!
Parabéns aos Pasteis de Belém e a toda a sua equipa que são do melhor que existe, e que continuem a ser sempre assim, trabalhadores e excelentes no atendimento.

Não vejo hora de estrear a  próxima temporada de A Guerra dos Tronos a minha série favorita e única, posto que deixei de ver o Walking Dead (fartei-me daquelas gente toda e da falta de higiene que ali imperava!Lol))  e de Scandal (achei que se o presidente nunca ia ficar com a Olivia então que se lixe a série) .
Não há meio de chegar Abril e vermos se o John Snow morreu mesmo ou se irá ser ressuscitado.
É o que eu digo desde o inicio.
 Assim que nos afeiçoamos a a alguém nesta magnifica série (a melhor de todos os tempos) alguém vai por trás e mata-o !
Que ódio!


Por fim,que o Ano de 2016 nos traga tudo de bom...principalmente saúde e que já agora e se não for pedir muito ao Rui Vitória que o Benfica seja campeão...ou que pelo menos seja vice campeão!