quinta-feira, julho 26, 2018

Jan Steen-Briga no Jogo de Cartas

Há dias ia eu a passar perto de um jardim e dei com uma pequena briga de vários senhores já com idade para terem juízo e que pelo que me apercebi, a mesma tinha a ver com um jogo de cartas em que vários desses senhores estavam envolvidos. Pelos vistos o jogo era a dinheiro, houve alguém que estava a fazer batota e pelos chão vi cartas,  um copo e uma garrafa de cerveja entornada.  
Essa cena algo lamentável,lembrou-me uma tela do pintor holandês Jan Steen, nascido em Laiden em 1625 e falecido na mesma cidade me 1679. Este pintor fazia parte da Guilda de São Lucas de Leiden e para além de um óptimo pintor foi  teve uma cervejaria e um restaurante em Warmond perto da sua cidade natal. Consta que também foi disciplino de Adrien van Ostade em Haia. 
A sua pintura retratava muito os costumes e alegorias e o que aqui vemos é um desses exemplos. de facto Steen nesta sua tela denominada de Briga no Jogo de Cartas, da-nos a ver um cavaleiro envolvido numa violenta briga com um grupo de camponeses dentro de uma estalagem. 
Ora, na origem dessa briga estará o vicio do álcool e do jogo. Os que estão em luta representam precisamente a Ira/Raiva, um dos sete pecados mortal, que foram variadíssimas vezes representados na pintura holandesa. O cavaleiro como ébrio que está, desembainhou um grande punhal na tentativa de atingir alguns dos camponeses, responsáveis pelas suas perdas nesse jogo de cartas.
Uma  mulher, vestida de tons claros, se calhar a dona da estalagem, atira-se sobre ele na tentativa de o acalmar . 
Também uma pequenita talvez a filha dos donos do estabelecimento abre os braços tentando serená-lo.Um camponês desdentado e com um casaco azul e que mal se tem em pé, opta por enfrentar o cavaleiro sentado, mas empunhando também um punhal.
Um velhote de capote escuro e que se encontra atrás da mulher de vestes claras não só segura-a como está virado para o homem do casaco azul, talvez chamando a sua atenção para que poise a faca. Outros homens mais atrás assistem à cena ou rindo de gozo ou com expressões apreensivas.
Um cão que se encontra atrás da pequenita ladra para toda esta cena e pelo chão vemos um jarro de cerveja ou vinho, o tabuleiro do jogo, numa clara alusão a esta cena de ira descontrolada causadora de atos violentos e irreflectidos.
 O cenário onde tudo se passa está muito bem concebido, talvez porque o próprio pintor retrate algo que conhece muito bem visto ter possuído estabelecimentos dessa natureza. 
Este Briga no Jogo de cartas, que é uma tela  muito bonita e bem realizada, 
reflete muito bem aquilo que Jan Steen queria retratar, ou seja, que os vícios bem enraizados nos seres humanos  podem desembocar em cenas violentas.

quarta-feira, julho 18, 2018

Odiando Pablo Escobar

Com realização de Fernando Léon de Aranoa está em cartaz o filme Amar Pablo, Odiar Escobar  (o filme foi estreado no no Festival de veneza)  tendo como protagonistas o casal Javier Barden e Penélope Cruz, esta como Virgínia Vallejo, uma reputada e conhecidíssima jornalista de televisão que numa festa conhece Escobar e se torna sua amante.Vai ser precisamente da obra desta última publicada em 2007,
com o título acima descrito que se baseia o filme.
 O que aqui vemos é o retrato alucinante de Pablo Escobar (1949/1993) quando este com o poder da venda de estupefacientes e dominando  por completo o famigerado cartel de Medelin, consegue subornar juízes, políticos, fazer carreira com deputado na Assembleia Nacional da Colômbia, acabando por se tornar um dos maia notórios patifes que o mundo já viu. Alguns aspectos da vida deste homem, são capazes de nos deixar de cabelos em pé, tal a desfaçatez deste homem, que não olhava a meios para atingir os seus fins, não hesitando para tal em mandar matar qualquer ser humano que se atravessasse no seu caminho. Um filme para vermos e reflectirmos sobra o poder da psicopatia aliada a uma sede de poder descontrolável.

Na Praia de Chesil

Baseado no romance homónimo de  Ian McEwan e com realização de Dominic Cooke este Na Praia de Chesil é decididamente um dos melhores filmes em cartaz neste momento em Portugal, tendo como principal protagonista ( e que leva todo o filme às costas) esta atriz extraordinária e já muito merecedora de um Oscar  que é Saoire Ronan
Esta rapariga tem um talento indescritível e é ela que consegue dar vida a este filme de uma tristeza infinita sobre as seis horas em que um casal está casado e em que neste tempo se vão conhecer a fundo, revelando segredos  que guardam nos seus corações, segredos esses  e que vão definir para sempre a sua relação. Um filme imperdível.

segunda-feira, julho 02, 2018

Guido Reni-A Aurora

Agora que estamos em pleno Verão se bem que em Portugal isso não não pareça devido à chuva e ao vento que por cá temos sentido e em que hoje dia 2 de Julho parece um dia típico de inverno, nada mais apropriado do que abordar aqui uma tela do pintor Guido Reni, denominada de A Aurora, quanto mais não seja porque todos ansiamos a aurora do estação em que estamos: O Verão.
Este pintor italiano nascido em 1575 em Calvenzano, perto de Bolonha em falecido em 1642 nessa cidade, ficou conhecido pela grandiosidade das suas telas nos quais se incluem O Suicído de Cleópatra, David com a Cabeça de Golias, Atlanta e Hipomenes, entre outras. 
Suicídio de Cleópatra
David com Cabeça de Golias
Aqui neste fresco que pode ser apreciado na Casino Rospigliosi-Pallavicini em Roma, e que foi encomendado pelo cardeal Scipione Borghese por volta de 1576/ 1633 vemos que Guido Reni quis criar um hino grandioso à luz, tendo conseguido os seus propósitos, visto que de facto este fresco é magnífico na sua riqueza de personagens e nas vestes e  expressões dos mesmos. 
Atlanta e Hipomenes
Assim, em primeiro plano temos Apolo Deus da luz e de muitas outras coisas rodeado das Horas, as deusas das estações do ano. Apolo avança no seu carro puxado por cavalos de Sol. Aurora a deusa da madrugada voa à frente do cortejo, proclamando assim um novo dia e dispersando com o seu poder os vestígios da noite escura, até chegar à terra no que podemos apreciar no canto inferior direito da pintura. Guiam-na um pequeno querubim com a tocha da luz e nuvens ricamente concebidas são o hão que todos pisam O que destacamos logo nesta composição é o dinamismo inerente às personagens incluindo os dois cavalos e expressão bem concebida das expressões dos personagens aqui presentes. Uma obra magnificamente realizada por um pintor excepcional.