segunda-feira, agosto 22, 2016

Demónios em Néon

Realizado por Nicolas Winding Refn que já nos tinha dado os muito por mim amados "Drive" e "Só Deus Perdoa", esta sua última obra  Neon Demon,  agora em cartaz em Portugal (esteve em competição pela Palma de Ouro no último festival de Cannes e deu muito brado e apupos) é uma experiência cinematográfica um tanto ou quanto assustadora nas premissas, que são 'só' uma visão absolutamente alucinante dos bastidores do mundo da moda, onde vale tudo e quando digo   vale tudo é no sentido literal da palavra.
Com a muito segura Elle Fanning no papel principal, uma lolita de olhar cândido que Rafn põe em cena, o que aqui vemos são várias 'demónias' de salto muito alto e ar falsamente angelical que tudo fazem para singrar neste mundo tão apetecível que é o da moda, mais propriamente ser-se a melhor modelo  e onde jovens mulheres  degladiam-se numa arena muito sua, para alcançarem a visibilidade e por arrasto fama e muito  sucesso.
Nicolas Rafn não vacila e dá-nos a observar um mundo de grande perversidade, maldade, narcisismo, cupidez, e sobretudo a mais pura inveja que já me foi dado a a assistir em termos cinematográficos. 
Apesar do filme a espaços pecar por excesso de imagens com carga simbólica, a fotografia é fabulosa de bela e a musica um autêntico portento.Penso, aliás, que a mais valia do filme é a banda sonora que o pontua, completamente integrada nas imagens. Nesse aspecto o filme é soberbo!
Claro que não posso deixar de referir a prestação magnífica da Elle Fanning e do seu rosto perfeitíssimo para este papel, assim como o de Jena Malone ( um portento de actriz) a lindíssima Abbey Lee que já tínhamos visto em Mad Max e que aqui mostra estar no bom caminho, Keeanu Reeves, Christina Hendricks,Karl Clusman, Desmond Harrigton, Bella Heathcote entre outros.

Um filme Imperdível!

sexta-feira, agosto 05, 2016

Experimenter

Estreado esta semana em Portugal este Experimenter do realizador Michel Almereyda é seguramente a meu ver o acontecimento cinematográfico dos últimos meses, um dos Melhores filmes em cartaz neste momento.
 Fui vê-lo e adorei o filme do principio ao fim.
Com um elenco onde pontua o sempre excelente Peter Sarsgaard como Milgram e uma Winona Ryder em estado de graça, não esquecendo as presenças de John Leguizamo, o malogrado Anton Yelchin, Kellan Lutz, Dennis Haysbert, Antony Edwards,Taryn Manning, entre tantos outros, pena é que o filme esteja em cartaz nesta época de veraneio em que tão pouca gente vai ao cinema. Uma pena, mesmo, pois o filme é excelente.
Experimenter nada mais é do que uma amostragem fantasticamente realizada e com cenários soberbos (em estilo assumidamente  teatral) das experiências do psicólogo Stanley Milgran (e eu que já leccionei tanto Milgran aos meus alunos sem conhecer bem a fundo o  seu rico e fantástico percurso no campo da psicologia experimental).
 Esta amostragem começa em 1961 quando o mesmo leva a cabo uma série de experiências muito controversas para a época (e essa controvérsia estende-se até aos dias de hoje) onde o mesmo recorria a choques eléctricos tentando mostrar o modo como o ser humano é capaz de obedecer a ordens absurdas capazes de levar outro ser humano à morte.
Essas experiências foram inspiradas no julgamento de Adolf Eichmann, nazi capturado pela Mossad e julgado e condenado à morte por crimes de guerra. 
Assim, partindo desse julgamento o que Milgram pretendia era testar a obediência dos seres humanos a ordens em que o expoente máximo foram  homens como Eichamann, meros funcionários burocráticos ( como bem os deferiu  de Hanna Arend't) que cumprindo ordens cegas dos seus superiores hierárquicos, nunca   questionaram moral e eticamente  essas mesmas ordens, cumprindo-as sem uma consciência efectiva do que o que faziam era profundamente errado, pois o que ali estava à sua frente eram seres humanos tais como eles próprios.
 Transpostas depois  em livro., os experimentos de  Milgram  geraram bastante controvérsia nos meios académicos e não só, levando o mesmo a penar bastante até os seus méritos serem efectivamente reconhecidos. Para além do visionamento das experiências que aqui estão soberbamente realizadas, outro aspecto interessante é ficarmos a conhecer  outras experiências que o mesmo foi criando ao longo da sua curta vida, dado que o mesmo malogradamente morreu bem novo aos 51 anos de idade.
O momento da sua entrada no hospital e o a sequência burocrática do seu internamento acaba por ser caricato pois até ali Milgram percebe o quanto a obediência a regras absurdas pode levar a morte como foi o seu caso. 
Um filme imperdível a todos os títulos, até porque o mesmo faz a ligação a três filmes que abordam de uma forma soberba  a questão da obediência.
 Falo-vos dos filmes Hanna Arend't da realizadora Margarethe von Trotta, Obediência do realizador Graig Zobel  e O Leitor , uma fantástica obra de Stephen Daldry. 
Todos estes filmes são a meu ver de visionamento obrigatório!