terça-feira, novembro 25, 2014

Rafael-A Sagrada Família do Carvalho


A exemplo de um post anterior, publicado aqui, trago-vos outra vez uma obra do pintor Rafael Sanzio, conhecido apenas por Rafael  (1483-1520) que eu amo de coração.
Desta vez a obra em apreço  é  "A Sagrada Família do Carvalho" (1518), realizada dois anos antes da sua morte  e onde podemos observar a sagrada Família com São João.
Como já o referi anteriormente este tema foi representado por Rafael em várias ocasiões, ao longo da sua trajetória artística.
 Nesta tela o pintor italiano dispõe das personagens atendendo a uma composição em diagonal conseguindo, deste modo, um grande dinamismo. Este recurso será mais tarde adotado pelos artistas do Barroco. Ao fundo da composição podemos contemplar um vale, o vale do rio Tibre e um carvalho sob o qual estão as personagens da composição. O que mais salta à vista são os rostos das figuras representadas, posto estas serem  doces e celestiais em especial  o de São João.
É aqui por demais notório que Rafael idealiza e humaniza ao mesmo tempo estas personagens sagradas para que as mesmas se  tornarem próximas de nós, o que de facto acontece. O gosto em representar elementos da Antiguidade Clássica torna-se evidente nesta obra. Assim, vemos São João apoiando-se num friso clássico, olhando ternamente para o menino.O modo como Rafael representa as pregas das roupagens da Virgem é de um enorme naturalismo, muito próprio da época. O emprego do claro-escuro dá imensa corporeidade aos volumes assim como o modo modo como o pintor dispondo o berço do Menino Jesus na tela acaba por acentuar a composição na diagonal, antecipando-se deste modo ao estilo Barroco.
Como disse anteriormente esta composição é uma das últimas obras de Rafael. Pensa-se que vários autores estiveram na origem da mesma, entre elas Gianfrancesco Perri um pintor seu amigo.
Esta ternurenta e muito bem realizada "Sagrada Família do Carvalho"  é um óleo sobre madeira e pode ser apreciada no Museu do Prado em Madrid/Espanha.

sábado, novembro 22, 2014

Por Dois Dias e uma Noite

Não é raro surgirem filmes que abordem esta chaga social que é o desemprego. O último que eu vi foi o Homens de Negócios ( The Company Men) do realizador  John Wells e com Bem Affleck muito bem secundarizado por Chris Cooper, Craig T. Nelson, Kevin Costner, Maria Bello e                     Tommy Lee Jones. É um tema que nos deita sempre abaixo, porque o que está em causa é muitas vezes aquilo que permite um ser humano sobreviver a este mundo 'cão' com um mínimo de dignidade.
O filme belga  que estreou esta semana de seu nome Dois Dias, uma Noite (Deux jours, une nuit) dos irmãos  Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, com uma portentosa e muito talentosa Marion Cotillard é a meu ver um objecto cinematográfico raro no que diz respeito à abordagem desse problema que aflige minhões de pessoas por este mundo fora que é precisamente o desemprego. Marion Cotillhard tem-nos vindo a habituar a vê-la em grande papéis e aqui não foge a regra, quanto mais não seja porque ao longo de 120 minutos vêmo-la em todas as cenas, dominando todo o filme com uma  presença completamente despojada, onde vestida apenas com  umas singelas calças de canga e um pobre top ela percorre todo o filme com a grandeza  de uma das personagens mais trágicas que há muito me foi dado a ver.
Esta mulher de seu nome Sandra, mãe de dois filhos e casada com um homem infatigável (o excelente actor Fabrizio Rongione) no apoio que lhe presta até ao fim vê-se de um momento para o outro e a sair de uma profunda depressão, em  risco de perder o emprego e ainda pior fica ao saber da monstruosidade que os seus empregadores fazem  ao  oferecer um prémio aos restantes trabalhadores se eles votarem para que Sandra não regresse à empresa.
É então que esta personagem divinamente  representada por Cotilhard, decide no fim de semana anterior ao seu despedimento, (visto este ir-se dar  segunda feira a seguir durante uma votação)  e ajudada pelo seu incansável marido, visitar os colegas e convencê-los a abdicarem do seu prémio  no intuito de ela manter o seu posto de trabalho. Partindo de uma premissa algo singela dentro da monstruosidade do acto proposto pelos seus empregadores, o que vemos aqui é a demanda de uma mulher que à beira da exaustão física e mental,( temos sempre a ideia que de um momento para o outro veremos esta mulher sucumbir em plena rua) percorrer esta via do calvário e onde também vemos em cada universo familiar que ela visita, todo o  desespero com que hoje em dia as pessoas e em concreto os trabalhadores passam para sobreviver numa Europa em crise e onde mil euros valem bem o desemprego de um seu colega de trabalho, por mais anos que o mesmo ali esteja ao lado no seu posto de trabalho.
É um filme muito desesperante, triste e  onde apesar da luz da esperança ser  muito ténue,  mesmo assim os realizadores  conseguem dar-nos  a conhecer a bondade intrínseca de algumas  pessoas que nada tendo e de tudo precisarem, não abdicam mesmo assim de um gesto de bondade e de solidariedade para um seu semelhante.
A esperança ainda existe e ela está bem espelhada na cena final onde sem música ( o filme praticamente não ao tem) vemos o sorriso desta desesperada mulher e ouvimos os seus passos a caminho de casa. Para mim este Dois Dias, Uma Noite é decididamente um dos melhores filmes do ano.

terça-feira, novembro 18, 2014

Nightcrawler - Repórter na Noite

Com realização e argumento do norte americano  Dan Gilroy está em exibição um fantástico e soturno filme de seu nome Nightcrawler - Repórter na Noite, com um soberbo Jake Gyllenhaal no papel principal coadjuvado por uma não menos sublime Rene Russo, naquele que eu acho ser os melhores papéis que ambos tiveram até agora ,principalmente no que diz respeito ao primeiro.
 De facto, Jake Gyllenhaal  tem aqui neste seu Lou Bloom, um psicopata, destrambelhado anti social, louco...enfim  um ser abjeto  um papel que o marcará para sempre em termos de representação, de tão 'irreconhecível' que o mesmo está, seja  em termos físicos, pois o actor está magríssimo, como também em termos psicológicos, sendo que  ao longo de 120 minutos o que vemos neste Nightcrawler é a personificação de um dos personagens mais repulsivos que o cinema já nos deu, sem que contudo deixemos de simpatizar com o mesmo tal o modo como o actor consegue levar a bom porto esta tarefa  ciclópica e que não está ao alcance de qualquer um.
O  filme é um murro no estômago, pois o que ali vemos é aquilo que muitas vemos  nada mais é do que o puro voyarismo ,do qual qualquer um de nós já sofreu quando no recesso do nosso lar damos por nós a olhar para a televisão e a seguir a desgraça alheia sem nos questionarmos até que ponto aquelas imagens são licitas serem passadas na televisão.
 E é precisamente aqui que este filme põe o dedo na ferida,ao dar-nos a conhecer estes Nightcrawlers, estes abjectos pseudo repórteres  que pululam na noite qual vampiros sedentos de sangue e que de câmara ao ombro e  seguindo  noite após noite as   emissões de rádio da polícia não hesitam em filmar o mais sangrento e brutal  acidente rodoviário, fogo, assassínio, massacre na ânsia de o entregar a quem detentor do poder de as passar na televisão não só não hesita em fazê-lo como exige que as mesmas só passarão com o máximo de sangue e de horror e não é de estranhar que uma incrível René Russo dê o toque ao dizer para Lou, o seu mais dileto e  monstruoso freelancer, que o tipo de imagens que ela quer e que o público anseia passa por ser 'o de uma mulher aos gritos na rua com a garganta cortada'.
 Por aí vemos o tipo de gente que Dan Gilroy nos dá a conhecer e que quando saímos da sala de cinema, ficamos a questionar a quantidade de vezes que já demos por nós a olhar para a televisão e a ver a desgraça alheia sem nos importarmos muito com isso até que a desgraça nos toque à porta como é o caso da sublime cena em que Lou filma o acidente do  seu colega de profissão e vemos todo o horror espelhado no olhar deste último.
Um filme que recomendo vivamente quanto mais não seja pela temática e pelo papel deste grande actor que é Jake Gyllenhaal. Fantástico.

terça-feira, novembro 11, 2014

A Nossa Pequenez

A máxima preocupação com aquilo que comemos, bebemos  e pelo modo e estilo de vida que levamos,entrou de tal modo no nosso quotidiano que quer queiramos ou não isto acaba por ser quase uma ditadura. Não basta a publicidade diária nos mais diversos meios de comunicação audiovisuais. Ela entra também pela internet, revistas das especialidade ou não, cartazes publicitários, o boca a boca e tutti quanti. Se estamos num consultório médico, cabeleireiro, hospital, etc e apanhamos uma revista para ajudar a passar o tempo, é só virar duas ou três página e lá está o avisozinho de como viver bem comendo ou bebendo coisas saudáveis ou indo para sítios onde o nosso corpo será massajado, acariciado, até nos sentirmos em pleno Nirvana. Hoje passando os olhos por noticias na net dou com uma em que exaustivamente se fazia a lista dos melhores Spas do mundo, aqueles onde pessoas famosas iam para relaxar, comer, beber, ler, e entrar em comunhão consigo próprias expurgando do corpo e da alma tudo o que seja negativo e impuro. Uma autêntica maravilha, a mais fina flor da bem estar da cabeça às pontas dos pés. Claro que a coisa era tão cara que por lá andava só gente do cinema ( e nem todos/as) da política, estilistas, do show biz, ou  gente ociosa mas cheia de dinheiro.....
Há dias entrando numa mercearia gourmet, e estando a ver  latas de patê  a proprietária abeira-se de mim toda e diz muito simpaticamente que os mesmo  serem feitos sem glúten. Foi aí que dei por mim a pensar nos inúmeros vezes que vamos comprar algo e somos confrontados com coisas do género: estas batatas foram fritas em óleo de amendoim, o que há de mais saudável para o organismo, isto não tem gemas, é feito só com claras, olha... não tem farinha, se reparar isto é feito apenas com soja e legumes... este bolo não leva açucar  branco, só o amarelo e o chocolate não é chocolate é alfarroba...ah estas empadas parecem de carne, mas não...é feito de soja ...e o leite também é só leite de soja...parece que leva natas...mas não leva ...esta água é do mais cristalino que existe...e a cerveja que aqui se serve é só artesanal, muito mais saudável e que não tem nada, mas nada a ver com as feitas industrialmente....etc...etc.
Vimos para casa satisfeitíssimos com o produtos adquiridos e/ou consumidos. Fomos ou seremos expurgados de tudo que que faz mal, e neste caso inclui-se a carne, o peixe, as farinhas, o leite de vaca, os ovos, o maléfico chocolate e seus derivados, as natas, os açucares brancos, o malfadado glúten, tudo numa ou ideia mirífica de uma vida saudável e longínqua.
Mas...de repente eis que surge uma sorrateira e microscópica  bactéria de seu nome legionella e que que pode ser inalada através de gotículas de água (podemos ser inalá-la num inocente e singelo duche) e eis que todo um modo saudável modo de vida que levamos anos a construir é destruído num abrir e fechar de olhos.
De facto não somos nada, vivemos na ideia que somos tudo sem o sermos,e na mais pequena e invisível bactéria ou no mais pequeno vírus o homem é simplesmente derrubado dando conta então da sua pequenez e insignificância perante determinadas forças da natureza.

segunda-feira, novembro 10, 2014

Rafael-A Virgem do Peixe

Parece impossível, mas já estamos a quase um mês do Natal.. Ainda 'ontem' andávamos em calções de praia e já estamos quase em Dezembro. O tempo passa a correr.
 Em homenagem à quadra postarei aqui algumas telas alusivas a esta época de grande religiosidade cristã. Começo então pelo pintor ialiano  Rafael Sanzio, (1483/1520), conhecido apenas por Rafael.
Esta obra a par de uma outra que já coloquei aqui num post anterior trata mais uma vez o tema da Virgem e do Menino Jesus. Aqui o artista aborda o tema da Sagrada Conversação. A Virgem Maria aparece aqui entronizada,e tem nos braços o menino Jesus. Junto a Ela vemos representado São Jerónimo e o arcanjo Rafael, enquanto este último apresenta o jovem Tobias, que tem um peixe entre as mãos.O peixe faz alusão ao episódio que está registado no Livro de Tobias no Antigo Testamento, em que se explica que uma noite, o pai de Tobias, que era coveiro, para evitar dormir em casa depois de ter acabado o seu trabalho, optou por dormir no pátio.Enquanto dormia, umas fezes de pássaros caíram sobre os seus olhos, deixando-o cego. O arcanjo Rafael disse a Tobias que o seu pai recobraria a vista se besuntasse os seus olhos com fel de um peixe, dando-se assim o milagre da restituição da visão. Resulta também interessante observar as cores vivas que Rafael aplica na indumentária das personagens, que se potenciam de forma assombrosa graças à luz que incide nelas. Rafael realizou esta obra para o Mosteiro de San Domenico de Nápoles por volta de 1513.Não posso deixar de referir que o trono da Virgem que foi diretamente inspirado numa escultura antiga de Júpiter que se conserva em Roma, reflete o interesse do pintor e dos seus contemporâneos pela arqueologia.Esta obra  denominada de "A Virgem do Peixe",é um óleo sobre tábua passada à tela e tem as dimensões de 2.15x1.58 cm.

domingo, novembro 09, 2014

A Queda do Muro

A Google que tem sempre ideias maravilhosas no que respeita a homenagear datas de instituições pessoas, acontecimentos...desta vez esmerou-se com o aniversário dos 25 anos da Queda do infame Muro de Berlim, com um Doodle muito assertivo e muito elegante nas suas imagens.
Parabéns à Google por este singelo e muito emotivo filme.

sábado, novembro 08, 2014

Belle


Partindo da belíssima tela que supõe-se  que foi pintada por Johann Zoffany, e onde aparece a verdadeira  Dido Elizabeth Belle ao lado da sua prima Elizabeth Murray (ambas personagens que existiram na realidade) a realizadora britânica Amma Asante, com argumento de  Misan Sagay fez neste belo filme intitulado de Belle a recriação da vida de Dido Elizabeth Belle um drama histórico que tem como pano de fundo a Inglaterra do século XVIII.
Fui vê-lo e adorei o filme.
 Belle com sua prima Elizabeth Murray
Muito bem realizado e com actores seguríssimos como é o caso da actriz  Gugu Mbatha-Raw ( no papel principal) Matthew Goode , Emily Watson, Tom Wilkinson, Sarah Gadon, Miranda Richardson, James Norton, Tom Felton entre outros, começamos por conhecer nas primeiras cenas a pequena Dido (como depois será chamada por todos)  e o encontro que tem com o pai,o capitão John Lindsay que por obrigações de trabalho (era oficial da marinha) vê-se na contingência de a entregar a pequena Dido a  um irmão(Lorde Mansfield) que por sua vez já tinha  a  seu cargo a criação de Elizabeth Lindsay, sua outra sobrinha. É assim desde pequenas que as duas primas (que se consideram como irmãs)  ficarão  para sempre ligadas por laços de  parentesco e sobretudo de grande amizade e cumplicidade, sofrendo ambas o martírio típico de uma época de terem de arranjar noivo que as mantenha ou as eleve socialmente agruras essas que Elizabeth Lindsay terá em duplicado visto não ter fortuna ao contrário de Dido a grande herdeira do capitão Lindsay. É neste panorama de gente abastada e com a escravatura como pano de fundo que Anna Asante nos dá um portentoso filme com prestações muito boas, como não é por demais sublinhar e onde a procura do amor vai esbarrar com os preconceitos raciais e onde a cor da pele era até impeditivo de Dido se poder sentar à mesa quando o seu abastado tio Lorde Mansfield (a que ambas as primas chamam de pai num gesto de carinho incomensurável) dava algum jantar ou realizava alguma festa. Este filme  tem também o condão de ser  extremamente sensível, emotivo  e muito inteligente  no modo como trata , o   amor, os laços familiares,  amizade e até as questões raciais . Um filme muito bem e que aconselho vivamente. Não posso deixar de realçar o facto do filme ter ganho o prémio Bafta de Cinema para melhor estreia de cinema.

Interstellar

Com realização de Christopher Nolan e com  argumento do mesmo em parceria com o seu irmão Jonathan Nolan,estreou em Portugal o tão aguardado  Interstellar, cheio de nomes sonantes como Matthew McConaughey,  Anne Hathaway, Jessica Chastain , Wes Bentley, Michael Caine, Casey Affleck, Matt Damon David Gyasi, Mackenzie Foy e Topher GraceJohn, Lithgow, entre mais uns quantos. Eu amo de coação o C. Nolan e para mim os seus filmes Memento e Inception, configuram-se como o que de melhor já se fez em termos cinematográficos. 
Foi por isso com alguma expectativa que fui ver está sua nova incursão no mundo da ficção científica e para meu grande desgosto detestei o filme. Este até pode ser uma obra prima e há quem diga que ele  já se posiciona como um dos grandes vencedores dos próximos Oscares. Contudo, eu só ansiava que o mesmo terminasse para me ir embora tal era o tédio que se apoderou de mim e olha lá que o filme tem a duração de 3 horas e por isso o tamanho do meu tédio era incomensurável.  Pelo que li o realizador até teve como consultor   Kip Thorne, um dos mais conceituados físicos da comunidade científica da actualidade e este  teve aqui o  papel de consultor teórico do argumento. Isso não invalida que eu considere o filme um grande pastelão, mesmo que o que aqui está em jogo até nem seja a dimensão ficcional mas sim a família como último reduto do ser humano e que a ligação entre aquele pai e a sua filha que ele tem de deixar para trás seja o que de melhor o filme tem.
 É um filme lento, pesado, triste, a espaços cheio de desesperança, e onde a vertente ecologista não deixa de estar presente na desruição que paulatinamente o homem vai fazendo ao planeta terra, chegando a um ponto onde não lhe resta mais nada do que procurar novos mundos. É então que entra em cena a teoria de Einstein-Rosen (ou "buracos de minhoca"), portais que possibilitam a ligação entre mundos paralelos, independentemente da distância entre eles. É constituída  uma equipa de exploradores espaciais que é  enviada na missão mais importante da História humana: entrar num desses portais e encontrar um mundo onde a vida possa prosseguir.... blá,blá, blá....
Há certas  falas do filme que os mais leigos como eu em matéria de portais  e quejandos, ficam a apanhar 'bonés', pois não se entende o que ali está a ser dito e também o realizador não se esforça muito para  explicar, tão deslumbrado que está com a fotografia, os planos de camara,a mensagem ficcional, o cenário, e tutti quanti. O que fica do filme é a prestação de alguns actores tais como a pequena Mackenzie Foy um portento de jovem actriz e de Jessica Chastain que é um valor sempre seguro.
 No que respeita a Matthew McConaughey, bem...eu simplesmente acho na minha modéstia que o nosso querido Matthew não leva jeito nenhum nesse tipo de papéis (o homem leva jeito é em papéis cómicos e excêntricos) e aqui em particular há qualquer coisa nele que não convence e até só desvaloriza o filme.
 Num termo comparativo (se bem que ambos partem de premissas bem diferentes), o filme de Alfonso Cuarón,  Gravidade e que no ano passado foi um dos grandes vencedores dos Oscares, mete este no chinelo a...120 à hora! 
 Se é um bom filme? Há melhores.
 Se vale a pena ir ver? Sim, pois sempre se aprende alguma coisa sobre esses portais que fazem a ligação a outros mundos e que  pelo andar da carruagem e pela velocidade com que o ser humano destrói este planeta não tarda nada bem vamos todos precisar deles! 

segunda-feira, novembro 03, 2014

Um Santo Vizinho

Com realização de Theodore Melfi, fui ver o filme Um Santo Vizinho (St. Vincent De Van Nuys ) com este grande actor muito injustamente esquecido que é Bill Murray, coadjuvado por uma sempre segura Melissa McCarthy, ( que para mim é  muito boa em papéis sérios e que eu não acho muito graça em papéis cómicos),  Naomi Watts, numa impagável prostituta russa grávida, Terrence Howard, Chris O'Dowd e o estreante e muito franzino Jaeden Lieberher nos papéis principais. Confesso que fui ver o filme   com grandes expectativas  e apesar do mesmo cumprir o seu papel de comédia  e a espaços até  fazer-nos soltar uma boa gargalhada, no fim saí do cinema algo desiludida pois estava a espera de bem mais. É claro que todos os actores cumprem muito bem o seu papel, o mesmo está uns belos furos acima de muitas comédias que se vêm por aí em cartaz, Bill Murray está incrível, mas a história é simplista, o guião  algo preguiçoso e  por vezes muito previsível nas situações criadas. 
O que fica desta obra é  mesmo uma boa prestação dos seus actores, que dão o litro durante todo o filme e  admirar-nos com  Jaeden Lieberher que para primeiro papel está surpreendente dando boa réplica a Bill Murray com que contracena em quase todas as cenas.
Quanto à  história  essa não  tem nada de surpreendente. O que vemos é um  rezingão e solitário personagem de seu nome Vincent (Bill Murray) que devido à falta de dinheiro se vê a páginas tantas a fazer  de baby sitter de um rapazinho também muito solitário e inteligente, com uma mãe divorciada, trabalhadora e algo ausente e que  vai  paulatinamente mudando o mundo deste homem que apenas vivia  egoistamente para o seu gato, as suas falhadas  apostas em corridas de cavalos, as suas constante bebedeiras e sexo ocasional com uma prostituta cheia de genica, carpindo a dor de ver a sua adorada mulher ir definhando num lar com esta doença terrível que é o Alzeimer.
Não é uma má comédia, é uma comédia sofrível que tem bons  e esforçados actores.
Se se vê com agrado? Claro que sim! Uma grande obra? Claro que não.