segunda-feira, setembro 25, 2017

As provações de uma Mãe

O filme vem procedido de grande bruá quanto mais não seja pelo secretismo em torno da história e pela estranheza das imagens do primeiro cartaz que o enunciava. Quando foi estreado criou também muita polémica visto ser daqueles objectos cinematográficos que após ser visto é do  tipo...ama-me ou odeia-me...mas não me deixes indiferente. Eu não fiquei indiferente ao mesmo, fui vê-lo e pasmei-me com tudo o que  ali vi e senti.
Falo-vos do Mãe, "Mother" no seu título original, com J.Lawrence (uma das grandes atrizes da atualidade) e J.Barden que nunca faz feio e que aqui tem um papelão quanto mais não seja, porque acho que nenhum outro ator poderia fazer  daquele marido absolutamente sinistro. Darren Aronofsky, (Cisne Negro) consegue neste seu filme que cada um de nós espectadores façamos a interpretação livre do que ali se passa naquela casa, entre aquele casal e aquelas pessoas absolutamente estranhas que os visitam, interpretação essa que passa por acharmos que o que ali vemos é apenas e só uma alegoria aos tempos que vivemos e onde a violência mais irracional pode irromper onde menos se espera, até fazermos uma ligação ao filme de R.Polansky, o Rosemary Baby. Eu saí do filme bastante incomodada, com a história, com as cenas de violência visceral que ali vemos e totalmente tomada de dó por aquela esposa, mãe, que às páginas tantas dá por si mergulhada num apocalipse never end e quando digo never end é mesmo no sentido literal do termo. Pelo que ouvia e lia das criticas ia com a ideia de ver um remake do Rosemary Baby mas dei por mim num outro objecto cinematográfico não menos terrível que este último e a meu ver muito bem escrito e realizado.
M.Pleiffer nas cenas que aparece absolutamente divinal, assim como Ed Harris e tantos outros que por ali surgem, assustando-nos de morte.Se o filme é do tipo satânico? Eu fiquei com a ideia que sim, pelo final, mas podemos ser levados pelo realizador a reflectir sobre os caminhos da idolatria, das dores da criação escrita ou seja ela qual for, do amor incondicional de uma mulher para com um homem e da absoluta violência intrínseca a cada um de nós seres humanos.

terça-feira, setembro 05, 2017

Obras ad infinitum

Andei um pouco arredada daqui devido ao facto de ter tido obras na minha casa. Quem já teve obras desse tipo sabe bem o calvário que é viver numa casa e vê-la dia após dia a ser partida, sujada, esventrada, "vandalizada" por homens de obras. A minha casa às páginas tantas parecia um albergue espanhol...cabia sempre cá mais um...homem de obras que vinha fazer mais alguma coisa. A experiência foi (e ainda não terminou...porque falta alguns detalhes e sabemos que o diabo está nos detalhes) traumatizante e penso que dificilmente tornarei a repetir a experiência. Aconselho desde já a quem pense fazer obras em casa que não fique na mesma,...que se mude...que vá para qualquer sitio mas que não fique a viver num estaleiro que foi o que aconteceu comigo. O pó, a sujeira, o barulho, e tudo o resto é o suficiente para tirar alguns anos de vida a uma pessoa, passe o exagero.Nada fica como dantes e quando pensamos que o pior já passou o outro dia é um pesadelo bem pior. Claro que toda gente me dizia: Depois vai ficar tudo bonitinho... mas quem está metido nas obras não perspectiva o futuro, não vê as coisas bonitas...pois o que vê é apenas lixo e pó. O pó era tanto mas tanto (lixar paredes e tectos dá nisso) que eu via o mesmo a pairar no ar e a não assentar. Um terror! Também disseram-me que durante um ano!!!iria sentir o pó a pairar pela casa e quem tem muitos livros como é o meu caso a coisa ainda se torna bem mais bicuda. Claro que não conseguindo dar conta da limpeza chamei quem fizesse a mesma, e de facto é o melhor que a pessoa tem a fazer porque se assim não for não consegue dar conta da empreitada. Agora que as coisas já assaram e "está tudo bonitinho" como me diziam, a pessoa não consegue ter o prazer de apreciar, porque nós os seres humanos temos tendência para ficar com as coisas negativas e relegar para segundo plano o positivo. É neste momento o meu caso...não consigo ainda apreciar o belo porque ainda continuo mergulhada no pesadelo...é como se não conseguisse sair dele. 
Uma amiga disse-me que há tempos estava a ouvir um programa de rádio e uma figura conhecida contava que tinha obras em casa e teve de se mudar para uma outra casa que tinha, porque as mesmas arrastavam-se há meses e ela com marido e filhos não conseguia lá viver. Eu não tenho filhos e penso que se os tivesse também teria que me mudar, visto que com crianças é impossível viver numa casa em obras e sem cozinha como foi o meu caso. O que as obras têm em Portugal (penso que noutros países as coisas não são assim) é que se arrastam ad infinito. Ninguém cumpre os prazos, tudo é feito com uma lentidão assustadora. O que podia ser feito em 15 dias dura meses, porque hoje falta o senhor que ia rebocar as paredes, amanhã falta o canalizador, o pintor só pode vir à tarde, o electricista não vem de todo, os materiais não aparecem porque a fabrica fechou para férias (agosto nesse aspecto é para esquecer porque o país fecha para férias) e assim por diante. Se os meses de verão são bons para obras no sentido em que as massas das paredes secam mais rapidamente, é contudo um terror no que respeita à compra dos materiais, visto que como já o disse, tudo fecha para férias. 
Então qual a melhor altura para obras? Não sei! Se é na Páscoa é a mesma coisa, pois toda a gente zarpa para a santa terrinha para degustar o cabrito e se o tempo estiver bom até para praia se vai!
 Se é no Natal a mesma coisa, se é nos inicio do ano e se este for chuvoso, não dá porque nada seca, há demasiada humidade no ar e a pessoa fica com a casa num estaleiro esperando infinitamente que as coisas se façam... e se for no verão é o que descrevi. 
Cheguei então à conclusão que se a pessoa tiver que fazer obras de grande vulto, o melhor mesmo é mudar de casa. Eu se soubesse que ia passar o que passei tinha feito isso. A insanidade de obras de vulto é tão grande que justifica a pessoa ir para outro lugar e não passar por um terror deste género. Obras em minha casa? Acho que nunca mais.