domingo, setembro 18, 2016

American Hero

Gostei muito, mas mesmo muito deste Sully,  última obra do actor e realizador  Clint Eastwood, com um sempre seguríssimo Tom Hanks no papel principal, coadjuvado por Aaron Eckhart, Laura Linney, Autumn Reeser,Anna Gunn, entre demais actores.
Como tem sido hábito C.Eastwood não vacila e dá-nos a conhecer as agruras por que passou o piloto de avião Chesley "Sully" Sullennberger, mais conhecido por Sully ( o título do filme) para provar perante a comissão de inquérito ao acidente de avião que o mesmo pilotava, a  impossibilidade de conseguir chegar a um dos dois aeroportos sugeridos pela torre de controle, tendo pois que aterrar o avião no Rio Hudson, única forma de conseguir  salvar os passageiros de uma morte certa. 
Com um naipe de bons actores, uma direcção segura e cenas verdadeiramente arrepiantes do que é  estar-se num avião e ouvirmos dizer que nos preparemos para o impacto, este Sully é de facto um grande filme feito por um soberbo realizador.
Um filme de facto, imperdível!

Um Filme Fantástico

Amei do principio ao fim este filme de Matt Ross que para além de ter sido merecidamente ovacionado em pé no Festival de Cannes, acabou por ganhar o prémio de realização na secção "Um Certain Regard".
Falo-vos de Capitão Fantástico com Vigo Mortensen no papel principal, tendo também como actores Frank Langelia,George Mckay, Samantha Isler, Steve Zahn, Annalise Basson, Nicholas Hamilton,Shree, Croks,Katheryn Hahn, entre outros.
Capitão Fantástico traça a escolha de um casal que fugindo da civilização e refugiando-se num paraíso criado por si,  ali têm os filhos (seis) integrando-os nesse ambiente e paulatinamente impreparando-os assim para a civilização com tudo o que esta tem de bom e muito de mau. A ideia que os miúdos ficam dessa mesma civilização e-lhes dada por obras de grandes autores que os mesmos lêem com gosto e que conseguem discuti-las assertivamente.  Assim o que ali vemos, não  são  selvagens iletrados,  muito pelo contrário, são crianças criadas num ambiente feito de escolhas dos seus progenitores,escolhas essas com um cariz marcadamente  político, criando-se assim a utopia ( ou talvez não)  da criação da República de Platão com os seus reis filósofos.
Essas posições vão marcar para sempre de uma forma por vezes dramática as opções de vida que cada um daqueles jovens terá de fazer quando chega a adulto. Isso é sintomático no filho mais velho, um papel soberbo  de George Mckay que conseguindo pela sua inteligência entrar em várias universidades, vê-se compelido a esconder esse facto numa atitude de pura desorientação quanto ao seu futuro e ao medo de desagradar ao adorado pai.
 O facto de a presença da mãe ser-nos dada em flash back deixa-nos até ao fim na dúvida se a mesma teria colapsado dentro da vivência dessa utopia veementemente defendida por Ben o progenitor, num papel completamente à medida desse ator que eu amo de coração que é Vigo Mortensen.
Este Capitão Fantástico é assim, uma lufada de ar fresco no panorama cinematográfico, um filme digno de ser visto pelas ideias ali deixadas e as posições defendidas que acabam por despertar em nós o retorno à mãe natureza. 
Uma obra imperdível.

domingo, setembro 11, 2016

O Stress de Setembro

Ontem assisti numa grande superfície comercial aquilo que se assiste em todos os inícios de ano lectivo. O descabelamento total dos pais a comprar material escolar para os seus filhos.
 De facto, não há começo de ano lectivo que não me  abismo ao ver  centenas de encarregados de educação entregues ao fardo de gastar uma "pipa de massa" e nos mais diversos objectos que a mente humana pode inventar, estando ainda por cima em permanente luta com o pouco  dinheiro que  têm nas suas carteiras.
Vi uma mãe com duas crianças tão destroçada, tão cansada e tão stressada com os gritos, choros  e variadas exigências dos miúdos que não lhe restou senão dar um berro e dizer: "Chega...amanhã venho cá sozinha e vocês ficam com o vosso pai!"
Se multiplicarmos essa cena pelas muito grandes superfícies que abundam por este país aí vemos a dimensão da insanidade que se dá nesta altura em que pais de lista em punho comprar os mais diversos artigos, como lápis, canetas, mochilas, réguas, esquadros, compassos, borrachas, cartolina de todas as cores e feitios, colas ...uma miríade de coisas que os miúdos vão paulatinamente destruindo ao longo do ano, pois só assim se justifica começar tudo de novo em cada inicio de Setembro. 
Se juntarmos a isso a loucura  que é a compra de livros, não admira que este mês da graça do Senhor acaba por ser algo de inesquecível para os pais e encarregados de educação que num ápice vêem fugir-lhes do corpo e da alma qualquer réstia de descanso que tenham tido durante o mês de Agosto. A confusão não é maior porque muita gente já opta pelas compras on line, tendo assim um pouco mais de paz. 
As editoras na ânsia de facturar colocam livros técnicos a preço de caviar e penso que nada durante anos será mudado nesse capítulo pois há interesses muito fortes por detrás de todo este negócio e as grandes superfícies aproveitam esta ocasião para vender e vender bem coisas que muitas vezes me pergunto para quê que servem e se todo esse material não seria melhor ser adquirido ao longo do ano lectivo sem stress e confusões e sobretudo sem se gastar autênticas fortunas quando se chega à linha de caixa.
É o país que temos, é a politica de educação que nos rege, e parece-me que nesse capítulo tudo continuará assim durante muitos anos e Setembro após Setembro as lojas se encheram de encarregados de educação e filhos em busca do sacrossanto material escolar.

quinta-feira, setembro 08, 2016

Sem Olhos no Ecrã

Uma das coisas que irei continuar a batalhar enquanto tiver fôlego é contra a mania absolutamente terrível de que certas/muitas pessoas têm, de se dirigirem a uma bilheteira de cinema comprarem o  respectivo bilhete, balde de pipocas e afins, entrarem porta adentro, sentarem-se na sala, puxarem do seu telemóvel e estarem toda a sessão no facebook, whatsapp, no serviço de mensagem e agora há as que conversam tratando da sua vidinha como se estivessem na sala de estar lá de casa ou no seu local de trabalho, se bem que duvido que em certos empregos pudessem fazer o que vejo fazer no cinema.
Tenho a pouca sorte de apanhar sempre com uma ave dessas e invariavelmente lá estou eu a pedir/solicitar que desliguem o dito telemóvel porque a luz me está a bater em cheio na cara... que deixem de conversar porque por acaso estão numa sala de cinema e como é costume poucos são os que os desligam de ânimo leve, posto que antes de o fazer ainda resmungam e bem.
Pergunto eu: Se a pessoa está disposta a gastar dinheiro por um ingresso de cinema (que não tão barato assim) porquê não olhar para o ecrã e ver o que ali se está a desenrolar?
Se NÃO queriam ver o filme mas antes estar com os olhos pregados no telemóvel,então porquê lá ir?
Porque não aguardar serenamente que o filme chegue ao vídeo clube da sua televisão ou à venda em dvd e verem o mesmo no remanso do seu lar?
Porquê incomodar as pessoas que realmente estão ali para aquilo que vão, que é ver sossegadamente o seu filme numa sala escura, sem levar com um ecrã super iluminado na cara e ouvir conversas de negócios ou até como já me aconteceu uma zanga pelo telefone  entre marido na sala e  mulher vai lá a pessoa saber onde??
Como é tal coisa possível? 
Já cheguei no  a sair numa das salas do grupo UCI a ir à procura de um funcionário para pôr cobro a uma conversa que um homem estava a ter com outro com o filme a decorrer!
 Mas o que é isso? Que gente marada é essa que agora pululam pelos cinemas?
De onde saiu essa gente? Será que é no escurinho do cinema que sabe melhor ir coscuvilhar para o facebook, mandar mensagens ou conversar?
Não o faziam em casa, no trabalho, lá fora no átrio do cinema ou mesmo passeando pelo Centro Comercial?
Há coisa de um mês aconteceu uma cena absolutamente caricata. Já estava sentada quando um casal com uma adolescente se senta perto de mim. Mal começa o filme a garota desinteressa-se imediatamente pelo que se passava no ecrã.  Como tal, puxa do seu big telemóvel e começa  a mandar mensagens sucessivas. Eu  peço ao familiar mais próximo de mim (a adolescente sentava-se na ponta) que mande a menina desligar o telemóvel por causa da luz do ecrã que ilumina a fila e que não só me incomodava mas a outras pessoas também. 
O recado é passado à garota. O que faz ela?
Levanta-se e vai sentar-se  na ponta da fila onde passa o filme todo com o telemóvel ligado presumo  eu que sempre no facebook ou outra qualquer rede social. Quando o filme acaba e ainda com o genérico a passar levanta-se, sempre com o telemóvel ligado, sai e vai-se embora. 
Quando sai vi-os no átrio do cinema e esperaria ouvir  o casal a dar uma reprimenda à filha, mas não... quando passo por eles oiço-os simplesmente e serenamente a combinar onde ir jantar com a garota sempre de olhos postos no ecrã desinteressada completamente deles.
Perante isto nada há acrescentar, a não ser que a minha batalha contra os  telemóveis ligados durante o visionamento de um filme  continuará durante muito tempo, posto que infelizmente essa falta de civismo tão cedo desaparecerá dos nossos cinemas.