terça-feira, março 27, 2018

Leonardo e A Última Ceia

Agora que estamos em plena quadra da Páscoa trago aqui uma das telas mais conhecidas do grande pintor Italiano Leonardo da Vinci "A Última Ceia" que a para da sua outra obra "Mona Lisa", é talvez ou senão mesmo um dos quadros mais reproduzidos a nível mundial e objeto de estudos variados e até de reproduções miméticas, umas até bastante criativas, em que tanto Jesus Cristo como os seus discípulos, são substituídos por personagens conhecidas do mundo do cinema, do teatro  da política e até mesmo da banda desenhada como é o caso dos Simpsons. É pois uma tela absolutamente icónica e das mais vista, comentadas e reproduzidas a nível mundial.
 A Última Ceia,(1496) é uma técnica mista com 4.60x8.80cm e que pode ser apreciada no Refeitório de Santa Maria delle Grazie em Milão. Assim, o que aqui podemos ver é uma tela que continua a ser o mais famoso tratamento pictórico deste tema, que é a refeição final de Jesus Cristo com os seus Apóstolos e onde aquele profere as palavras "Um de vós trair-me-á".
 Ora, o espanto causado por essa frase vai reflectir-se nos gestos nos dinâmicos grupos de três. Jesus Cristo mantêm a calma e serenidade após proferir as palavras fatídicas, enquanto os restantes elementos se viram em grupos de três discutindo entre si sem olharem para Cristo, o que é bastante interessante de ser observado.
 O fundo da tela é espartana, posto que o que vemos é uma paisagem em tons de azul, sendo o resto em tons escuros e a geometria da sala em tons retos quase realizados a régua esquadro. A mesa também foi realizada em linhas direitas e onde predominam tons claros. Nas vestes dos discípulos predominam os azuis e os rosas.
Adoro esta ela do grande Leonardo da Vinci posto que encontro nela uma serenidade suprema e onde as personagens nela inseridas estão perfeitamente realizadas e as suas posições de tal modo dinâmicas que quase temos a sensação de em algum momento saltarem da tela ao nosso encontro.
De facto uma imortal obra prima!

O Falecimento de um Ícone

Como disse o emocionado  James Baldwin no incrivelmente fabuloso documentário "I'm Not Your Black/Eu Não Sou o Teu Negro", deveríamos estar todos lá com ela porque ela foi um marco na luta pelos direitos cívicos americanos, quanto mais não seja, porque abriu a possibilidade de haver escolas inter-raciais coisa que até aí não existia nos E.U.A. Sózinha ela entrou na escola a ser vaiada por todos os que nela andavam e com proteção policial. 
De facto a solidão desta rapariga que morreu  ontem aos 76 anos de idade e que se chama Linda Brown ao entrar na escola onde apenas e só queria aprender mais perto de casa e não andar quilómetros para frequentar uma escoa só para negros, é um murro no estômago em todos nós. Dai eu considerar que neste documentário realizado por Raoul Peck e narrado por J.Baldwin é o do melhor que já vi sobre os anos terríveis da luta dos negros norte americanos pelos  direitos mais básicos.Grande Linda Brown, que a tua alma descanse em paz.

sexta-feira, março 23, 2018

As Nossas Aprendizagens

MaryCassat-Crianças Brincando na Praia
Há dias fui almoçar  a um centro comercial com um primo meu que tem duas crianças pequenas e cujas idades diferem pouco uma da outra. O que vi foi uma coisa que acontece sempre nas crianças e com maior acuidade entre irmãos, que é o a criança mais nova  imitar os comportamentos do irmão mais velho, mesmo que aqui no caso em apreço as idades diferiam em um ano e meio uma da outra. Sendo elas muito agitadas e com propensão para o disparate (devido à tenra idade) às páginas tantas a mais nova desata a despir-se porque viu a irmã mais velha a fazê-lo alegando estar cheia de calor. Depois uma quis ir a casa de banho fazer xixi e a outra disse que também queria ir.   Evidentemente que  o querer ir foi um mero comportamento mimético da irmã mais velha, posto que la chagadas ela declara que não tinha vontade.  O mais engraçado foi que enquanto uma era dada a choros para obter o que queria, a outra  a mais nova,  manteve-se ali firme sem nunca embarcar nesse vale de lágrimas da irmã mais velha que através delas procurava alcançar os seus objetivos. Aqui não houve um comportamento mimético e o meu primo disse que isso verificava-se porque a mais nova não era nada dada a choros e gritarias e  até por vezes se desgastava com os berreiros  da irmã, coisa que não deixei de achar um piadão.
 No meio disto tudo, ele  tentava ensinar-lhes modos de comportamento social, neste caso o modo de estar num restaurante algo que elas iam interiorizando lentamente. Quando me apanhei sozinha, dei por mim a pensar que o  carácter intencional da aprendizagem é uma característica particular do ser humano. Este caracteriza-se, simultaneamente, pelo seu dinamismo, ao estar sempre em mutação e procurar novas informações para a aprendizagem. É ainda criador, ao procurar novos métodos que permitam a melhoria da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro. Uma das meninas depois do almoço quis andar num parque que havia no centro comercial  onde nos encontrávamos e verifiquei que  no inicio ela  teve alguma dificuldade em entrar  por um tunelzinho que lá havia tentando ir  atrás da irmã mais velha. Contudo, ao fim de pouco tempo e depois de algumas tentativas falhadas, lá conseguiu entrar para  o mesmo e dali escorregar sem grande dificuldade. Assim, podemos observar que para desenvolvermos  o nosso processo de aprendizagem, todos nós seres  seres humanos necessitamos de estímulos externos (neste caso o querer imitar a irmã que se estava a divertir) e internos, como a motivação e a necessidade. Este processo provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende, sendo, por isso, um processo pessoal que envolve a totalidade da pessoa. 
Por isso as crianças devem brincar, mexer em objetos, pintar, criar puzzles, para através desses mesmos objetos desenvolverem não só coordenação motora mas conseguir superar as dificuldades inerentes a qualquer nova aprendizagem. 
Deste modo durante  a aprendizagem, ocorre a interiorização de uma série de comportamentos e capacidades intelectuais, a aquisição de novos conhecimentos e o desenvolvimento de competências. Verifica-se também assim a  alteração de conduta de um indivíduo, em que as informações adquiridas podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou pela mera aquisição de hábitos, como por exemplo lavar as mãos antes das refeições, escovar os dentes ao levantar-se da cama, etc. 
Graças à capacidade para aprender, o ser humano consegue uma melhor adaptação ao meio que o rodeia, verificando-se que a maior parte da aprendizagem que o homem adquire é consequência da imitação de outras pessoas, como era aqui o caso de uma das crianças em relação à outra. Nessas idades verifica-se que os irmãos, os pais, os primos, os amigos tornam-se "alvos" preferências para a imitação da criança e se a mesma não tiver bons "alvos" a sua aprendizagem tornar-se-á deficitária visto o modelo a seguir ser um modelo errado. Isso poderá prejudicar o individuo para sempre a menos que o mesmo consiga superar esses modelos arranjando outros mais em consonância com aquilo que a sociedade lhe exige.
Há que também haver motivação para a aprendizagem. Uma criança se for bem motivada aprenderá muito melhor e mais depressa e sobretudo aprenderá com satisfação, assim como a diversidade da informação. Qualquer individuo e em especial uma criança gosta de diversificar a sua aprendizagem. Se a mesma for repetitiva, maçadora, assustadora e até impaciente, este tende a afastar-se e com mais razão o fará uma criança que ainda não adquiriu os mecanismos básicos para um foco naquilo que tem de aprender. 
O estado  emocional de um individuo também vai influenciar o modo como este aprende uma vez que existe uma propensão para recordarmos melhor os acontecimentos que se encontram associados a experiências especialmente felizes, tristes ou dolorosas.  Além disso, também nos lembramos melhor dos acontecimentos quando estamos atentos, o que significa que o interesse reforça a aprendizagem. Deste modo, compreende-se que o processo de aprendizagem é de suma importância para o estudo do comportamento do ser humano e ela deve verificar-se desde tenra idade.    

sábado, março 17, 2018

Conformismo

Há dias estavas a falar com um amigo meu, que se me queixava de dores de cabeça e um certo mau estar porque tinha estado várias horas numa sala de reuniões em que às páginas tantas estava  toda a gente a fumar. 
 Sendo ele um não fumador e com a agravante de se sentir pessimamente em ambientes de fumo, eu perguntei-lhe  o porquê de não se ter insurgido  contra as pessoas que não se importaram minimamente de estar a acender cigarro após cigarro sabendo que ele não fumava e com a agravante de os tinha advertido para esse facto.
 Ele deu-me a resposta que eu no fundo já esperava. Como ele era o único que não fumava e tendo advertido uma vez, (não tendo sido "ouvido"), acabou por se Conformar, levantando-se e abrindo a janela, apesar do frio que ali se instalou, frio esse que pareceu não incomodar grandemente os fumadores.
 Essa conversa e o tom de infelicidade demonstrado por esse meu amigo, fez-me pensar sobre as inúmeras vezes que ao longo da nossa vida nos conformamos quando estamos em minoria como era aqui o caso em apreço.
De facto,aquilo que  designamos por conformismo, remete-nos para o simples acomodar do indivíduo perante tomadas de decisão dos outros, sejam elas em palavras, gestos ou atitudes, como era aqui o caso do meu amigo.
Infelizmente, nos dias de hoje e talvez desde sempre,  as pessoas tendem muito a seguir o caminho que lhes é mais cómodo, aquele em que atingem o seu objetivo, de modo mais rápido, mas nem todas as vezes, mais produtivo e esclarecedor intelectualmente. 
O conformismo surge assim e precisamente, tanto como um modo de facilitarmos o nosso processo intelectual e  de tomada de decisão, mas também como um vínculo à integração no grupo em que nos encontramos inseridos. O desejo de aceitação do ser humano é muito poderoso e condutor de atitudes que talvez, numa outra situação, não seriam tomadas, tal como a omissão da mera opinião ou a cedência a uma ideia comum.
Talvez que se nessa sala onde o meu amigo se encontrava, estivesse apenas ele e uma outra pessoa, ele não se conformaria tão facilmente, mas estando muitas mais, ele acabou por ceder ao desejo do grupo minoritário (Stanley Milgran explica isso maravilhosamente) sofrendo as consequências desse seu acto conformista.
Todos nós, em alguma altura da nossa vida, já tivemos de nos conformar com algo, que pode ir da comida disponível para o jantar, seja na nossa casa seja na casa de pessoas amigas ou conhecidas para os quais tenhamos sido convidados, seja  ao resultado das eleições do nosso país, seja numa sala de aula, numa reunião, entre  múltiplas  situações. A vida é pois feita disso mesmo de conformismos aceitáveis a desconformismos rebeldes.
Temos pois que ter sempre em atenção que esse conformismo aceitável por nós, não tem ser necessariamente isento de espírito crítico, uma vez que aceitar uma determinada ideia ou situação não implica que esta passe a ser aquela com concordemos ou que aceitamos plenamente. Aliás, se todas as pessoas se conformassem com tudo o que a vida lhes impõem, ainda hoje viveríamos em regimes ditatoriais (já há  bastantes por esse mundo fora) ou não teríamos qualquer ideia critica daquilo que nos é dado a conhecer.  A divergência de ideias não só é extremamente  importante como é crucial ao desenvolvimento da sociedade e do nosso enriquecimento  intelectual. 
Recorrendo à minha experiência pessoal, posso admitir que houve já inúmeras situações em que me conformei perante uma ideia ou em que não expressei a minha opinião como gostaria de o ter feito, mas tento habitualmente, fazê-lo, pois acredito que a discussão de opiniões é essencial ao meu crescimento como indivíduo e como membro da sociedade. 
Foi isso que eu disse a esse meu amigo, mas no fundo eu sabia que eu naquela situação também se calhar agiria como ele, calar-me-ia, abriria a janela para arejar a sala e e como também não sou fumadora, amaldiçoaria interiormente os fumadores, tentando em outra ocasião ser bem mais precavida para esse tipo de situações tão desagradáveis.
Contudo, admito no entanto, que é-nos mais propício desencadear estas discussões em ambientes em que nos sinto mais  confortáveis e nos quais estamos certos  da sua produtividade.
Neste sentido, sinto que o conformismo apesar de permitir uma certa harmonia entre os indivíduos,posto que sem ele as discussões seriam constantes e a infelicidade imperaria, deve mesmo assim ser bem  deliberado, por cada um de nós,  e a sua utilização não nos deve fazer cair numa espécie de apatia silenciosa em que aceitemos tudo o que nos é imposto por medo de expressar as nossas opiniões.


sexta-feira, março 09, 2018

Sir Henry Raeburn-O reverendo R.Walker Patinando

O Reverendo R.Walker Patinando no Duddingston Loch
Como a Europa está toda debaixo de mau tempo e se não é a chuva como em Portugal é a neve e o gelo como na Grã Bretanha, Holanda, Itália entre outros países, lembrei de colocar aqui uma tela muito castiça realizada pelo pintor inglês Sir Henry Raeburn, nascido em Stockbridge e falecido em Edimburgo em 1823 onde podemos apreciar o reverendo Robert Walker Patinando no Duddingston Loch. De facto vemos este homem totalmente vestido de negro divertindo-se durante o inverno num lago gelado nos arredores de Edimburgo. Se repararmos toda a pose deste reverendo é exagerada e até  algo teatral.Ele patina rigorosamente vestido de negro e não dispensa o seu chapéu.  A única nota colorida é o lenço branco que o mesmo trás ao peito. Vê-se que o pintor teria grande intimidade com o seu modelo para o pintar assim de uma forma tão divertida e que este exagera na pose entrando na brincadeira. Raeburn ficou conhecido por pintar inúmeras personalidades, tais como professores, poetas, filósofos, políticos, tudo gente de Edimburgo seus conhecidos. O seu titulo de Sir foi-lhe conferido por Jorge IV em 1822, sendo um ano antes de falecer nomeado pintor oficial de sua Majestade na Escócia onde veria a falecer.

terça-feira, março 06, 2018

Os Esquecidos da Noite dos Oscares

Numa cerimónia que cada ano perde espetadores e onde tudo foi do mais previsível possível, vimos o filme A Forma da Água ganhar quatro estatuetas. Eu gostei do filme como já escrevi aqui num post anterior e não fiquei escandalizada (como muita gente) por ver este filme, que não mais é que uma bonita fábula ganhar todos esses prémios deixando o preferido de toda a gente  que era o Três Cartazes à Beira da Estrada e o Chama-me Pelo Teu Nome, para trás salvaguardando é claro o Óscar de Melhor Atriz para Frances Mc Dormand assim como o de Melhor Ator Secundário para Sam Rockwell que entra no mesmo filme. Tal como também eu já o tinha dito aqui em post anterior este Três Cartazes...não foi filme que me tivesse enchido as medidas, mas o mesmo caiu no goto de muitas gente à conta do papel de F.McDormand que obviamente nunca faz feio, mas que para mim nunca sai do mesmo registo. Vê-la aqui é quase como vê-la em Fargo, posso estar a ser injusta mas é isso que eu acho.
O que mais me espantou foi o filme A Linha Fantasma,  que para mim é de longe  o melhor filme em cartaz  neste momento e aquele que perdurará como um filme intemporal, (ao contrário deste A Forma da Água) ter saído da cerimonia apenas com o Óscar de Melhor Guarda Roupa quando estava nomeado para Melhor Filme,Realizador, Ator, Atriz Secundária, Banda sonora e Guarda Roupa. Preferia que não tivessem dado nada ao mesmo, do que reduzi-lo assim a um filme sobre o mundo da alta costura e por arrasto de bonitos vestidos. Não se percebeu a subtileza deste filme,  de uma grande riqueza visual e  emocional onde o que vemos é a procura de  de perfeccionismo nesse mesmo mundo da alta costura, por parte do seu protagonista principal o incomparável D.Day Lewis, esse sim merecedor de um Óscar, como Melhor Ator Principal quanto mais não seja porque a sua prestação  no filme em causa é de uma  delicadeza e ao mesmo tempo de uma dificuldade ímpar. O facto de só ele ter capacidade para conseguir dar vida e  alma aquele personagem atormentado, que em outro ator  tenderia a resvalar para o vulgar, é digno de todos os aplausos e por isso foi com grande tristeza que vi que esta obra prima do cinema  não ter ganho praticamente nada , quando sabemos  que o realizador Paul Thomas  Anderson ser neste momento um caso aparte no atual panorama cinematográfico, mas se repararmos, sistematicamente esquecido pela Academia de Hollywood.
 No que respeita ao filme A  Hora Mais Negra, não acho que Gary Oldman tenha sido uma má escolha como vencedor do Óscar de  Melhor Ator Principal,mas se repararmos ele apenas ganha porque tomou para si os "tiques" de W.Churchil e está caracterizado para se parecer com este último mimetizando todas as suas falas e modos de agir.
 Se isso é digno de um Óscar? Claro que é, mas para mim D.Day Lewis está bem melhor porque a sua prestação é difícil, única e de uma riqueza de expressões e modos de agir que são maravilhosos e de muito  difícil realização, só conseguida porque estamos perante um ator portentoso! 
O mesmo se passou com outro filme maravilhoso Eu Tonya que também foi esquecido na categoria de Melhor Filme  e se ele seria bem indigitado! Esse filme marcará  para sempre a carreira de Margot Robin, uma atriz de uma força única e que aqui mostra não ser apenas e só uma cara bonita. A sua transmutação neste filme é a todos os títulos espantosa. Penso que se não fosse Frances McDormand o Óscar iria com todo o mérito para ela. Valeu o Oscar de Melhor Atriz Secundária (mais que merecido) para Allison Janney numa prestação (tal como já aqui referi em post anterior) absolutamente única, como uma mãe saída dos infernos.
No compito geral,penso que este ano consagrou.-se um filme bom, mas que em vista de outros ganhou mais do que aquilo que ele merece, tendo a Academia de Hollywood esquecendo-se olimpicamente de filmes bem melhores como os  por mim acima referidos.
Outra surpresa (ou talvez não),pelo menos  para mim foi o Óscar de Melhor Filme de Animação para Coco, quando ali tínhamos uma obra prima de animação extremamente original e muitíssimo bem conseguida, que era o Loving Vincent, assim como dar o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro ao chileno Uma Mulher Fantástica, quando tínhamos o Loveless-Sem Amor, que a meu ver, era  algo bem mais poderoso que o filme ganhador. 

quinta-feira, março 01, 2018

Jan Vermeer-O Copo de Vinho

A tela que aqui aparece foi pintada por Jan Vermeer, pintor holandês entre 1660/61 e nela podemos ver duas personagens.  Um homem com um aparatoso chapéu preto segura um jarro com a mão direita depois de ter servido um copo de vinho a uma mulher que se encontra sentada. A figura dela como que domina a cena devido à cor do vestido e rosa  do lenço branco que lhe adorna a cabeça. 
Se repararmos cada elemento desta pintura foi pelo pintor muito cuidadosamente concebida e executada e para mim o copo é o elemento a destacar, posto que raramente se vê em pintura algo tão bem realizado, exceptuando talvez a tela de Pierre-August Renoir "O Lanche dos Barqueiros", onde também o copo que uma das personagens tem na boca é de uma técnica absolutamente admirável.
Se refletirmos o que Vermeer nos quis transmitir com esta sua tela, poderemos julgar que o que aqui está em causa é a moderação, visto que este pintor por mais que uma vez nos quis transmitir através das suas telas os vícios e virtudes da sociedade holandesa da altura. Esses vícios e virtudes poderiam ir da moderação que penso que é aqui o caso, ao vicio do jogo, à cupidez sexual, curiosidade....
Neste caso está em jogo aquilo que ingerimos e neste caso é a bebida. A mulher bebe vinho e está totalmente entregue a essa tarefa. Segura o copo com a mão direita e tem a esquerda pousada calmamente  no regaço. Ela não olha para o homem que a observa atentamente. Está entregue à sua bebida, mas não o faz sofregamente. Bebe com calma e ponderação e quase que conseguimos sentir o gosto da bebida na nossa própria boca. Não sabemos se este homem está dar-lhe vinho para depois a desinibir para uma aventura erótica, isso fica ao critério de quem observa a tela. O olhar dele sobre ela também não nos revela as suas intenções. Poderá estar somente a dar-lhe a provar alguma primeira colheita. O estilo do pintor vê-se na perfeita geometria dos azulejos do chão na mestria  em que pintou a janela assim como os elementos que se encontram por cima da mesa. Ao fundo da sala está uma tela que não nos permite ver o que nela está expresso.
 A luz vai incidir sobre o copo e a  cabeça envolta num toucado do elemento feminino, assim como sobre a capa que rodeia os ombros e o colo do homem iluminado desta forma a parte direita da tela e escurecendo a esquerda. 
O vestido dela ricamente executado, mostra estarmos perante um casal da classe média alta e isso também é visível na decoração da sala  bem decorada pelos padrões da época.
 Adoro esta tela, posto que como sempre estamos perante uma obra majestosa deste pintor da luz que foi Jan Vermeer.