quarta-feira, julho 31, 2013

Edward Wadsworth-A Praia

Agora que estamos em pleno verão e muita gente vai a banhos, nada melhor que aqui abordar este bonito quadro do pintor inglês Edward ,Wadsworth nascido  a 29 de Outubro de 1889 em Cleckheaton e falecido a 21 de Junho de 1949 em West Yorkshire. Nele alguns objectos náuticos estão reunidos em primeiro plano, contra um fundo de céu, mar e areia.
Neste quadro tudo nos faz lembrar  o mundo náutico , assim como o mesmo mostra a habilidade técnica e a precisão do pintor. Os mais pequeninos pormenores são pintados com grande minúcia e a difícil técnica da têmpera de ovo, criada pelo próprio pintor é utilizada de uma forma útil e com grande perfeição.
O imaginário destas fantásticas criações geométricas confere a quem aprecia esta obra um maior prazer intelectual do que a maioria das naturezas mortas. A obra de Wadsworth aproxima-se do Surrealismo graças as justaposições inesperadas  e à espantosa claridade híper realista.
Durante a 1ºª Guerra Mundial Wadsworth alistou-se na Royal navy, onde desenhou e pintou camuflagens para navios. Ora, vai ser este episódio marcante na sua vida que vai fazer com que o mesmo se apaixonasse pelo mar e pelos navios, temas recorrentes na sua obra. Para além, dos quadros e das gravuras, Edward Wadsworth também se dedicou à pintura de murais, nomeadamente para esse ícone marítimo, o paquete Queen Mary.
Esta magnifica obra denominada de "A Praia" é têmpera sobre linho e pode ser vista no Tate Gallery em Londres.No filme abaixo exposto poderão ver mais algumas obras deste espantoso pintor.

domingo, julho 28, 2013

Só Deus Perdoa

Um dos meus filmes preferidos e sobre o qual eu já aqui escrevi um post é o filme  "Disponível para Amar" do realizador  Kar Wai Wong. A estética deste filme, a sua história, envolvência, cenários, planos, história, diálogos, são para mim únicos dentro do panorama cinematográfico e não raras vezes dei por mim a pensar o quão difícil qualquer outro realizador criar uma obra que se assemelhasse a esta, visto que Disponível para Amar é um objecto, único, irrepetível, e mesmo quando vi o outro filme do realizador "2046" e apesar de vermos ali a mão do mesmo, senti que este último não era uma continuação do Disponível para Amar, como é voz corrente, mas sim um objecto muito...Kar Wai Wong,. sem a beleza (a meu ver) do Disponível para Amar.
 Eis então, que  surge agora nas salas de cinema o filme Only God Forgives, "Só Deus Perdoa", do realizador Nicolas Winding Refn, o mesmo do belíssimo filme Drive e de Valhalla Rissing.
A estética de Só Deus Perdoa,vai completamente ao encontro do da estética de Kar Wai Wong e do seu Disponível para Amar, só que aqui se quisermos ser mauzinhos estamos perante um disponível para matar, disponível para estropiar, disponível para derramar todo o sangue do mundo!
 Penso que ao realizar este estranho objecto cinematográfico que é Só Deus Perdoa Nicolas Winding Refn, quis talvez homenagear o realizador chinês, pois só assim se compreende aqueles planos, aquela ausência de diálogos, aqueles olhares, aqueles cenários. Aqui, no lugar de dois casais trocados e onde o amor anda por caminhos trocados, colocou uma mãe...e que mãe... uma magnifica Kristin Scott Thomas, que perto de Lady Macbeth, transforma esta última  numa santa de altar. Colocou como seu par um filho, o excelente Ryan Gosling, que percorre o filme assombrado pelo peso de ter nascido de um dos ventres mais negros que a história do cinema já nos mostrou.
Nada neste filme é fácil, é delicado, é frágil. À excepção das frágeis crianças que ali aparecem e que tudo observam com olhos esbugalhados, o que vemos são anjos vingadores, caídos uns em desgraça, amarrados a um eterno destino  sangrento e onde o clube de boxe acaba por ser  metáfora desse permanente estado de violência. Outros de espada na mão, deambulam pela cidade  de Banguecoque imbuídos de uma missão redentora e nesse aspecto a figura maior é de Vithaya Pansringarm, soberbo no seu papel, anjo redentor, anjo vingador que de um golpe só decepa vidas e com a mesma delicadeza com que chega a casa e aconchega a filha na cama.
Um filme estranho, magnífico, terrífico, com  actores em estado de graça. Está de parabéns o realizador, assim como a grande Kristin Scott Thomas, que paulatinamente se vai afirmando como uma das figuras grandes do panorama cinematográfico.
Como sempre adorei Ryan Gosling.
Um filme a ver. Eis o trailer.

sábado, julho 27, 2013

Dentro de Casa

Com realização de François Ozon, e  com as magnificas prestações de Fabrice Luchini, Ernst Umhauer, Kristin Scott Thomas, Emmanuell Seigner, "Dentro de Casa" (Dans la Maison) é um filme a não perder.
Dentro de Casa é um puzzle maravilhoso, intrincado, perverso, voyarista, terrífico na sua crueza/crueldade que nos mostra com grande maestra e deleite até onde o voyarismo do ser humano pode ir  e com a agravante desse voyarismo ser feito pelo olhar de um adolescente, o magnífico Ernst Umbauer,(Claude) que se não perder por caminhos fáceis e se se entregar nas mãos de bons realizadores terá uma carreira cinematográfica brilhante.Aliás o mesmo jovem actor esteve nomeado nos Césars (Óscares do cinema Francês) para melhor actor revelação.
 Depois de "8 Mulheres", "Suimming Pool" e "Potiche", o mais fraco de todos, eis de F.Ozon surge com um magnifico filme,  premiado no Festival de San Sebastían e que já recebeu o Prémio da Crítica Internacional. A  banda sonora é excepcional.
 Adorei!

sábado, julho 20, 2013

Cuidado com o que desejas!

Uma fábula moderna sobre como as aparências podem ser enganadoras: cuidado com o que desejamos, porque pode acontecer. Muito bonito

quinta-feira, julho 18, 2013

Lore

Há uma semana atrás fui ver a uma das salas  de cinema do  Corte Inglês( parece-me que o filme só está aí, o que é uma pena) um filme absolutamente extraordinário da realizadora australiana Cate  Shortland. O filme chamasse  Lore.
 Já premiado em festivais de cinema,   traça a história de Lore filha de nazis, que  no fim da guerra e com uma Alemanha dividida entre  norte americanos, russos, franceses, ingleses e tutti quanti, com mais 4 irmãos entre os quais um bebé de colo atravessa a Alemanha em busca da casa dos avós, saudosos e fervorosos nazis, pois só ali poderão encontrar alguma segurança.
A travessia dessa Alemanha devastada pela guerra vai ser ajudada pela personagem mais improvável, um jovem judeu que atraído pela misteriosa e triste Lore tudo faz para que este estranho grupo de irmãos consiga levar o seu propósito a bom porto. Talvez que não o faça só por isso, mas também para salvaguardar a sua própria sobrevivência, mas isso é de somenos, pois o que interessa à realizadora é mostrar como o racismo, a xenofobia e as ideias enraizadas desde cedo, podem interiorizar-se num ser humano e decidir as suas acções e a sua vontade. 
Todo o filme é belíssimo, como belíssimas são as imagens, pois  Cate Shortland tem extrema preocupação com a fotografia e isso sobressai no rosto dos irmãos e nas árvores daquela floresta negra que tudo escurece, e onde os pés descalços se vão enterrando e é precisamente nesta floresta negra  que Lore enterra o seu passado, posto que abandonada pelos pais que são presos ( a cena de despedida da mãe é das melhores que já vi em cinema) procura mesmo assim e muito altivamente ainda guardar alguns resquícios da vida que levavam quando o nazismo estava no seu apogeu.
 O filme é duro, como duro são os olhares as palavras atiradas e os actos de sobrevivência. Não há espaço para o amor e tudo se resume a andar para a frente pois parar ou hesitar pode significar a morte. Para mim a sobrevivência dos membro mais novo é a prova de que as crianças são de uma resistência ímpar perante as adversidades e só no olhar desencantado de Lore percebemos a tremenda perda dessas crianças abandonadas à sua sorte independentemente de serem ou não filhas de nazis. Estão todos irmanados na desgraça é nesse grupo de irmãos que vemos que a sobrevivência faz-se através da mais pura resistência à adversidade e essa resistência está encarnada no membro mais novo, o bebé que chega ao fim da viagem dando os primeiros passos para a vida. Muito bonito!
Um filme imperdível.

segunda-feira, julho 08, 2013

Miss Firestone

O que tem um pneu a ver com uma mulher nua? A menos que esse pneu seja em forma de gordura acumulada e  esteja situado acima do seu baixo ventre, mais propriamente entre os seios e a vagina, a resposta é...nada. Então porquê que nesta obra de Mel Ramos, figurinista e pintor norte americano e muito ligado à Pop Art vemos uma mulher nua agarrada a um pneu Firestone? Porque o que aqui se pretende e o que impera no âmbito publicitário é transformar a mulher num mero objecto de desejo sexual. De facto com a chegada da Pop Art, a Arte, viu-se invadida pelas imagens de anúncios publicitários que de há algum tempo invadiam os meios de comunicação.
Apesar de datada esta obra não deixa de nos fazer pensar.
 A mulher...esse eterno objecto de desejo sexual aparece tal como veio ao mundo e nas suas formas mais rústicas desperta desejos, fazendo  a ligação entre a vontade de posse e ostentação quanto mais não seja sobre a poderosa marca de um produto genuinamente norte americano.