
É precisamente na idade que está o cerne da questão. Judith, já perdeu a juventude e com ela foi também a ideia de um dia encontrar o seu "principe encantado" o homem da sua vida o seu companheiro, aquele que sai com ela, que a leva ao cinema que a ajuda nos seu dia a dia, que a compreende, que a ouve que a acompanha nos bons ou maus momentos,que envelhecerá com ela. Essa esperança ela já a perdeu , o que lhe resta é ter alguém que a troco de dinheiro lhe dê sexo a satisfaça e que no fim se vá embora, que vá ao encontro dos seus problemas, dos seus filhos e da sua mulher. Questionada pela irmã até quando ela pretende levar esta vida, até que ponto a idade não interferirá nesses encontros, e na possibilidade de continuar a encontrar quem queira ter alguma coisa com ela, Judith responde:"É uma questão de pagar mais! É sempre e será sempre uma questão de dinheiro!Um filme soberbo que não nos deixa de surpreender até ao fim .O próprio universo familiar de Patrick/Marco merece um tratado sociológico, e com a sempre soberba Natalie Baye num papel irrepreensível do início ao fim.Um bom filme francês que passou quase despercebido, mas que consegue retratar como nenhum outro o papel da mulher, dos homens (e mulheres) que se vendem online para poder sustentar a família, os seus vícios privados, ou satisfazer qualquer pulsão e até que ponto os problemas sociais, a solidão e o desespero acabam por empurrar os indivíduos para situações em que a sordidez nunca, mas nunca, deixa de estar presente.