
No início do século XVII, Roma é o, local de confronto das mais variadas expressões artísticas, sede do governo pontífico, local de onde a igreja exporta a restauração do seu poder e da sua imagem.É neste ambiente cultural que Michelangelo Merisi Caravaggio trabalha.Protegido do cardeal Francesco Maria del Monte, graças a quem é incumbido de pintar a série de quadros de S.Luís dos Franceses (1599-1602), Caravaggio está a par das novidades culturais que vão invadindo os múltiplos domínios do saber. Essas novidades estimulam nele um forte interesse pela "natureza intrínseca das coisas".Aliando-se à sua formação lombarda, levam-no a afastar-se da ortodoxa pintura da época, preferindo o rigor de uma penetrante e atenta observação do real, abordagem que o leva a conceber a mais estrondosa revolução artística desde o Renascimento.
Nos quadros de Caravaggio, a luz rasante, o instante crucial, a natureza viva ou morta tudo é observado sem juízos de valor. O olhar do artista pousa sobre as coisas, acaricia-as, sonda-as, independentemente das coonvenções formais. O mal e o bem emergem como faces de uma mesma moeda, como único ponto de apoio que permite atingir os aspectos mais insondáveis da existência.
Basta observarmos a sua obra intitulada de A Morte da Virgem,(1605) onde o drama humaníssimo é recuperado no seu valor total, de perda e de dor, de verdadeira derrota: um destino irremediável, que a cabeça inclinada de Madalena, em primeiro plano, descreve como algo de perda inconsolável.
Esta obra magnífica de Caravaggio Morte da Virgem, realizada em 1605, pode ser apreciada no Museu do Louvre,Paris, e embora se trate de uma cena de morte "sagrada" a obra revela uma intensa observação do real e um sentimento de desespero perante um acontecimento insondável e contudo inevitável.
Uma obra soberba!
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