domingo, janeiro 10, 2016

Guia para o Sucesso

 A cena passou-se numa sala de cinema quando fui ver um filme que recomendo vivamente que é o Joy, baseado na história verdadeira de Joy Mangano, mais conhecida nos E.U.A. pela 'rainha das esfregonas'.
Já irei abordar criticamente o filme, mas primeiro quero falar sobre o que se passou dentro da sala e que não me deixou de surpreender, eu que quase já não me surpreendo quase nunca com as atitudes dos que me rodeiam.
Este hábito tão norte americano de se ir para dentro de uma sala de cinema armado de um enorme balde de pipocas, muitas vezes ajudadas a serem ingeridas por doses industriais de pepsi cola  (passo a publicidade) tem criado situações verdadeiramente caricatas entre os apologistas das mesmas e quem simplesmente as abomina.
Eu estou naquele nicho de pessoas que discorda disso ( daí gostar de ir à salas do Paulo Branco) onde tais hábitos são sumariamente proibidos, mas também não sou de ficar de cabeça perdida quando alguém se senta ao meu lado comendo e bebendo ruidosamente como se na sua sala de estar estivesse, esquecendo das dezenas de pessoas que ao seu redor se sentam e que gostariam de se concentrar no filme e não no ruído de pipocas a serem ingeridas.
Quando tal me acontece, mudo de lugar (caso haja possibilidade disso) e continuo a ver o filme sem mais transtornos.
 Pois, foi isso precisamente que aconteceu. 
Alguém, mais precisamente um espectador que a meu lado se sentava,(eu não o conhecia de lado algum) que não conseguiu concentrar-se no filme enquanto a pessoa que na fila oposta a que estávamos não acabou de degustar o seu enorme balde de pipocas.
Foi verdadeiramente dramático ver aquele homem emerso no mais completo desespero, visto não conseguir parar de olhar para a pessoa que comia as pipocas, lançando 'bocas',em voz alta, não parando de estar quieto na cadeira, acabando até por me incomodar-me e à pessoa que a meu lado estava, tal era a postura do seu corpo e o frenesim que dele se tinha apossado. 
Eu tentava afincadamente concentrar-me no filme e também não o conseguia agastada pelo desespero do homem. Este a páginas tantas, dá um grito e pede à senhora que pare de fazer ruído a comer as malditas pipocas, sobressaltando tudo e todos e até a mim que me sentava a uma cadeira de distância e que já olhava para todos os lados a ver se me podia pisgar para outro lado, sem contudo o poder fazer visto a sala estar quase esgotada. 
Talvez espicaçada por esse grito a senhora continuou a comer as pipocas  sem ligar peva deixando o homem ainda mais desesperado!
  Verdadeiramente só me apetecia era mandar os dois para a rua e resolverem  isso lá fora. Ele como viu que não foi ouvido lá se virou para a tela e tentou concentrar-se no filme, olhando de segundo a segundo para a comedora ruidosa e só quando viu que esta tinha pousado o balde no chão gritou um sonoro 'finalmente!' e sossegou de vez.
Todos este episódio ainda durou uma meia hora e eu ao mesmo tempo que procurava concentrar-me no que se passava na tela ia ao mesmo tempo pensando que tudo isso era escusado se os cinemas apenas servissem...para vermos cinema e não estivessem transformados em sítios de degustação  de milho e guloseimas variadas. 
Sei que era pedir muito que tudo isto acabasse, pois já vez li que vender pipocas é o que faz com que muitas salas continuem abertas e não o vender um bilhete de cinema, posto que este só dá é prejuízo. Se tal  for verdade ( e julgo que o é) então que as pipocas continuem a ser vendidas acompanhadas das bebidas gaseificadas da praxe. Talvez o que as pessoas tenham que fazer é civilizadamente serem menos ruidosas na sua mastigação e pensar que talvez há filmes que dado o tipo de espectadores e o enredo dos mesmos as pipocas não devem ali entrar.
Que possamos ir ver um blockbuster tipo Star Wars, acompanhado de um balde de pipocas a mim não me chateia  nada. Penso até que estes filmes apelam a isso, tal como os filmes para crianças, mas ir ver um filme do tipo a que ali estávamos a assistir não faz qualquer sentido.
 Há que respeitar as pessoas que estão connosco na sala e é isso que eu não vejo por parte dos espectadores. Vai tudo no mesmo andor e isso é falta de respeito para com quem connosco assiste à sessão e pelo filme que está a ser exibido.
Após este apontamento critico/anedótico, vou então continuar a falar deste Joy.
Jennifer Lawrence, cabeça de cartaz deste biopic sobre Joy Mangano e sempre aconselhada por esta última está esplêndida no papel. Se dúvidas havia que ela é muito boa actriz, basta lembrar o seu início de carreia no fabuloso papel principal, num filme que por cá passou muito despercebido e que se chamava Despojos de Inverno, e pelo qual ganha o Globo de Ouro por Melhor Actriz Dramática. Ela é de facto soberba e aqui dá o litro , não sendo por acaso que este Joy está também na corrida aos oscares, tudo graças ao trabalho por ela aqui executado.
 Com uma fortuna imensa e sempre a inventar gadgets originais e úteis  para a melhoria da vida das pessoas e sobretudo para a vidas das donas de casa, Joy Mangano, verdadeira mulher de armas, vai travar desde muito nova uma luta renhida para se impor no mundo dos negócios, tentando contra ventos e marés fazer valer as suas úteis invenções, tendo até por adversários alguns membros da sua família fazendo valer aquele provérbio que diz para quê procurar inimigos fora quando eles estão alojados no nosso seio familiar.
Contra ventos e marés, esta mulher consegue alcançar os seus objectivos e hoje é uma fabulosa e sempre activa empresária com direito a canal de televisão de televendas, onde começou e onde acabou por se impor definitivamente e sempre a facturar  imenso com as suas invenções sempre úteis.
Gostei do filme, amei ver J.Lawrence no papel de Joy Mangano, gostei de ver Édgar Ramirez no papel de marido e posterior ex marido sempre presente na vida de Joy, apreciei   ver Bradley Cooper que faz sempre boa parelha  com J.Lawrence (basta vê-los juntos no oscarizado Guia para Um Final Feliz), surpreendi-me ao ver Virginia Madsen num papel quase irreconhecível , sobressaltei-me a ao ver Isabella Rosselini nestas andanças  muito fora do seu registo habitual e odiei ver Robert de Niro no papel de pai de Joy Mangano, não porque ele esteja mal naquilo que lhe é pedido, mas porque o considero como um dos maiores canastrões que o cinema já nos deu e que só fez boas figuras quando trabalhou ou com M.Scorcese ou com Tarantino. Fora disso é uma nulidade o que aqui  neste Joy se aplica literalmente.
Um filme a ver com gosto.

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