quinta-feira, janeiro 07, 2010

Edgar Degas - As Coristas


A origem e a formação de Edgar Degas jamais sugeriam que ele viesse a ser um revolucionário, que de uma forma tão morta satirizou e reformulou as percepções visuais das pessoas do seu tempo. Nasceu no seio de uma família da alta-burguesia. O seu pai, René Auguste de Gas, geria uma sucursal de um banco napolitano que pertencia à família.
Com onze anos, os pais ingressaram-no num bom colégio, da típica sociedade, mas, somente quando se inscreveu no Lycee Louis Le Grand, começou a perseguir um sonho chamado «Arte». Com dezoito anos, numa sala da mansão dos seus pais, formou um atelier onde concebeu alguns dos melhores trabalhos do início da sua carreira. Não pintava muito na escola pois tinha bem assente a sua posição social e os pais relembravam-lhe constantemente que era um aristocrata. Cansado, saiu do liceu aos vinte anos de idade com outros planos em mente.
Com Louis Lamothe estudou desenho. Foi este artista quem lhe serviu de conselheiro durante os primeiros anos da sua carreira e que lhe fez florescer o gosto iminente por Dominique Ingres. Nos anos próximos Degas foi admitido na École des Beaux-Arts, em Paris.
Entusiasmado, empreendeu uma viagem à Itália onde tomou mútuo contato com as obras de Rafael Sanzio, Leonardo da Vinci, Michelângelo, Andrea Mantegna - tanto que chegou mesmo a fazer um quadro cujo título era «A cruxificação de Mantegna» - entre outros artistas da Renascença.
Durante esta viagem concebeu um dos seus melhores trabalhos: Retrato da família Bellelli. Quadro cuja preparação lhe roubou mais de dois meses, tendo esboços de todos os membros da família aristocrata italiana. Com esta pintura Degas descreveu extraordinariamente o carácter psicológico da baronesa, que contrasta visível e implacavelmente com o do barão. A baronesa confina-se a olhar enaltecidamente para uma janela que somente se sabe que ali está devido ao espelho, em pose burguesa. O barão, mais velho que a esposa, mira encarecidamente a sobrinha sentada. A par deste quadro, não se cansou de retratar os membros da sua família, incluindo o seu avô, Hilaire Germain de Gas, o patriarca da família De Gas.
Retornado a Paris, com a soberba imponência de quem travou conhecimento com o grande Gustave Moreau, visitou várias vezes o Louvre onde estudou concisamente a obra de Delacroix e de Dominique Ingres. Este último era, por assim dizer, «idolatrado» por Degas. Com tudo isto conheceu um homem que se viria a revelar um grande amigo e que o marcaria até ao final dos seus dias: Edouard Manet.
Começara, de vez, o impressionante percurso artístico de Edgar Degas.
Falo hoje aqui de Edgar Degas, devido ao facto de um pequeno quadro deste pintor impressionista ter sido roubado de um museu de Marselha, tendo o desaparecimento da pintura sido descoberto pelo pessoal deste museu. Segundo o Procurador da República Jacques Dallest, o quadro roubado é um pastel de 1877, de 27x32 centímetros, e tem o título de «As coristas», sendo também conhecido como «As figurantes».
O quadro está avaliado em 30 milhões de euros.A pintura, que estava emprestada ao Museu Cantini pelo Museu d'Orsay, em Paris, «é um quadro de um valor inestimável», revelou à AFP uma das pessoas que trabalha no museu de Marselha, de onde foi roubada a obra.
Dallest admitiu que a obra, que terá sido roubada entre a noite de quarta-feira e a manhã de quinta-feira, poderá ter sido retirada por um «visitante, por um intruso ou através de uma cumplicidade interna».
A obra, uma das 20 de Degas que estava neste museu, estava exposta no Museu Cantini, em Marselha, no âmbito de uma mostra que começou a 6 de Outubro de 2009 e que terminou a 3 de Janeiro deste ano.

Sem comentários: