terça-feira, junho 14, 2011

Picasso-Guernica

Em 1936, Espanha  estava mergulhada numa guerra civil. A República de Espanha, governada por um Governo Popular fraco, enfrentava a insurreição dos generais de direita comandados pelo general Franco. Espanha tornou-se assim um campo de batalha entre as forças internacionais comunistas e fascistas. Em Janeiro de 1937, o embaixador espanhol em Paris pediu aao pintor Pablo Picasso para contribuir com uma pintura mural para o Pavilhão espanhol da Feira Mundial de Paris.Picasso não ficou nada entusiasmado com o pedido, e deu uma resposta vaga.Contudo o ataque a Guernica mudou tudo.A 26 de Abril de 1937, as tropas republicanas juntaram-se  na cidade basca de Guernica, no Norte de Espanha.Franco contou com a ajuda da Luftwafe nazi (força aérea), que queria testar os seus novos aviões e tinha trinta esquadrões estacionados nas proximidades. Os esquadrões eram tripulados por pilotos alemães que usaram uniformes espanhóis e ficaram conhecidos por Legião Condor. O bombardeamento da virtualmente indefesa Guernica pelos aviões nazis destruiu a totalidade da cidade e praticamente nenhum edifício ficou de pé. Depois do bombardeamento, as metralhadoras nazis dispararam sobre os civis que tentavam fugir. Assim que as notícias do massacre se espalharam, o mundo ficou num silêncio atordoado. A 27 de Abril, quando as notícias de Guernica chegaram a Picasso através da impressa mundial, restavam apenas 27 dias para a abertura da feira Mundial.As primeiras fotografias das atrocidades apareceram a 30 de Abril. A 1 de Maio, Picasso deu início aos  esboços para o Mural do pavilhão espanhol da feira. Já não tinha dúvidas do que fazer.Enquanto trabalhava no mural disse: "A guerra em Espanha, é uma guerra da reacção, contra o povo, contra a liberdade.Toda a minha vida de artista tem sido uma linha contínua contra a reacção e a morte da arte. Na imagem que estou agora a pintar, a que chamarei Guernica, e em todo o meu trabalho recente, expresso o meu horror pela classe militar que está a mergulhar a Espanha num oceano de miséria e morte".A 11 de Maio,já com ideia do que ia realizar Pablo Picasso começou a esboçar a composição numa tela de três metros e meio de altura por mais de sete metros de comprimento!A pintura, inteiramente pintada a preto, branco e sombras de cinzento, só pôde ser terminada e exposta no pavilhão espanhol em Junho.Picasso criara uma das mais incríveis e perenes imagens do século XX e, possivelmente, o seu trabalho mais conhecido a nível mundial.No entanto, foi criticado, pelos fascistas, como seria de esperar, que lhe chamaram "degenerado", mas também pelos comunistas que classificaram a pintura como "anti-social e inteiramente estranha a uma saudável concepção proletária".


As figuras presentes em Guernica:No canto esquerdo da tela vemos uma mãe a gritar carregando o seu filho morto nos braços.Um soldado morto, ainda agarrado à sua espada partida, está estendido ao longo da base da pintura. O touro significa  a máxima brutalidade usada naquele ataque e o povo está representado pelo cavalo que grita de dor.No lado direito da tela vemos uma figura que parece estar a ser consumida pelas chamas de um edifício a arder. Mais ou menos a meio da tela vemos uma figura de mulher que corre por baixo de uma outra que olha horrorizada, com o braço esticado segurando um candeeiro.E o olho/lâmpada?Um Deus impotente, que tudo vê e nada faz?Talvez.O que sabemos é que esta tela revela todo o horror de que a mente humana é capaz, a barbárie mais pura, é um libelo contra os horrores da guerra e que nos lembra que só o ser humano é capaz de infligir dor com o máximo prazer. Uma tela única e magnífica!Guernica, foi transferida para Nova Iorque durante a  Segunda Guerra Mundial, e recebeu-se  do pintor P.Picasso a incumbência da mesma permanecer nesta cidade até a sua  Espanha natal ser um país democrático.Assim, após a morte de Franco a mesma foi levada do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa) , para Madrid.Isto deu-se a 9 de Setembro de 1981.A obra encontra-se actualmente exposta no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

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