Os "Escravos", obras de Miguel Ângelo, hoje conservados no Museu do Louvre, chegaram a França por volta de 1550. O artista oferecera-os em 1546 ao florentino Roberto Strozzi como agradecimento por ter sido acolhido em casa deste, em Roma, por ocasião de uma grave doença. Strozzi levou as esculturas para o exílio, em Lyon, e ofereceu-as aos seu generais, mudando assim as esculturas de proprietário diversas vezes ao longo dos séculos seguintes, até serem, em 1794, compradas pelo estado francês e obterem o seu lugar definitivo no Louvre em Paris, onde podem ser apreciadas em todo o seu esplendor.Tinha sido originalmente decidido que os Escravos se destinassem à segunda versão do túmulo de Júlio II acordada em 1513 mas acabaram por ser substituídos pelas duas figuras, Lia e Raquel, também de M.Ângelo.É evidente que estas figuras (escravo rebelde e escravo moribundo), tinham um valor sentimental para Miguel Ângelo, uma vez que apesar da sua função decorativa, tinha sido por elas e pelo seu portentoso Moisés que ele iniciara os trabalhos do túmulo.Pouco tempo depois da sua criação deu-se início à discussão acerca do significado de ambas as figuras.O biógrafo de Miguel Ângelo,Vasari alegou, em 1550, que as duas estátuas deveriam representar as províncias subjugadas pelo Papa Júlio II. Este soberano belicista exercera, durante os eu pontificado várias campanhas contra províncias rebeldes na península itálica às quais as figuras poderiam ser alusivas.Condivi, discípulo de Miguel Ângelo, afirmou em 1553 que elas se referiam a uma outra faceta da personalidade do Papa e dos mecenas. Ele reconheceu nas figuras a personificação das artes que, devido à morte do Papa, teriam perdido o seu patrono ficando assim, acorrentadas.De facto, um macaco delineado por detrás do escravo moribundo, parece apoiar essa tese.No renascimento, a expressão latina ars simia naturae (a arte imita a natureza) era corrente.Por isso a moderna investigação deu a essas figuras a interpretação de natureza acorrentada.A designação de ambas as estátuas com o nome de Escravos, tem a sua origem no século XIX e é, ainda hoje utilizada.Por seu lado, Miguel Ângelo designou-os simplesmente por Prigioni, 'Prisioneiros', e caracterizou-os também como tal: enquanto as mãos do Escravo Rebelde estão atadas atrás das costas, o outro ainda traz as correntes no peito e no braço esquerdo.Miguel Ângelo criou um par completamente distinto: enquanto um deles luta com todas as forças contra as correntes, o outro rende-se.O Escravo Moribundo mantêm-se calmo e distendido e inclina a cabeça sobre o ombro, apoiando-a na mão. Embora a mão direita esteja sobre a correia colocada como uma faixa à volta do tórax, o seu objectivo não é parti-la.Este belo jovem descontraído e tranquilo, mais parece imerso num profundo sono do que na morte.Por esse motivo, também se designou a figura como Escravo Adormecido. Ao contrário do Escravo Moribundo, cada músculo do corpo enérgico do escravo Rebelde encontra-se em grande tensão nervosa. Ele dobra-se e torce-se, estica a cabeça para a frente, mas não consegue libertar-se dos liames. Esta figura ficou incompleta devido a um veio que atravessa o mármore desde a têmpera direita até ao ombro esquerdo. Miguel Ângelo interessou-se particularmente pela tema do prisioneiro. Nos seus poemas, ele utilizou muitas vezes a imagem da vida enquanto um "cárcere terreno".
Ambas as obras foram realizadas pelo artista em 1513, são em mármore têm 2.29cm (Escravo Moribundo) e 2.15cm (Escravo Rebelde) e podemos apreciá-las no Museu do Louvre em Paris.
2 comentários:
Obrigado por nos ajudar a conhecer mais sobre o mundo da Arte,que DEUS e abençoe.
Estou lendo a vida de Michelangelo e essa informação me foi de muita valia. Obrigada!
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