sábado, julho 10, 2010

Filosofia para Crianças

A criança é capaz de filosofar? Mas será que os filósofos e os educadores estão dispostos a considerar o potencial filosófico das crianças? A resposta não é simples... as correntes tradicionais do pensamento filosófico e psicológico dizem que isso não é possível, pois a criança ainda não estaria de posse do instrumental cognitivo necessário à abstração filosófica".Dora Incontri
"A criança entra pela primeira vez no tempo ocidental na teoria platônico-aristotélica do eu tríplice e suas vicissitudes. A criança carece de razão. Por isso Platão considerava que as crianças eram modelos do apetite indomado e da vontade descontrolada. (…) A única virtude das crianças parece ser o fato de serem ‘facilmente moldadas’, isto é, elas podem ser convertidas em adultos” (Kennedy, 1999:79)
A criança no mundo da Filosofia" são obras de Jan Amos Comenius Jean-Jacques Rousseau Matthew Lipman, que podem ser consultadas.
Serão as crianças que construirão suas filosofias e seus modos de produzi-las. Não é mostrando que as crianças podem pensar como adultos que vamos revogar o desterro de sua voz.” (Kohan, 1999:70)
Se me perguntassem por que em me envolvi na idéia de que as crianças façam filosofia, diria que é porque me sinto ofendida com a idéia de que tratamos crianças como se fossem depósitos e as mutilamos até que sejam maiores de idade. Elas fazem dezoito anos e continuam utilizando palavras como amor, amizade sem saber do que estão falando.” (Anne Sharp, 1998:17)
"A filosofia dirigida às crianças é um movimento de descoberta, que auxilia no início da reflexão infantil e no exercício da democracia". Sérgio Sardi
"As crianças estão iniciando sua existência e, com isso, abrem- se ao mundo de uma forma diferente, aproximando-se mais facilmente da experiência do filosofar". Paula Ramos
Filosofia com crianças é uma das formas de pular os muros que certa vez pretendeu-se construir para todos os “modos”. Walter Kohan
Max Scheler, fazendo referência a Platão, diz que “as massas nunca serão filósofas” (Scheler, 1986:7).
A filosofia, como ramo do conhecimento ocidental, permaneceu historicamente influenciada por esse pensamento. Acreditava-se que nem mesmo as mulheres tinham competência para dominar o pensamento filosófico.
Santo Agostinho, ao elogiar sua própria mãe, que participava de um diálogo filosófico com ele e outros homens, revela a idéia da época: “…esquecidos inteiramente do seu sexo, pensamos que algum grande homem se encontrava sentado conosco”. (Santo Agostinho, 1988:41)
Em 1835, o poeta e pensador Heinrich Heine já denunciava o elistismo de muitos filósofos“De que servem os celeiros fechados, se o povo não lhes tem as chaves? O povo tem fome de saber e me agradece o pequeno pedaço de pão espiritual que com ele honestamente partilho”. (Heine, 1991:19)
Sartre anotava que a preocupação com as crianças e animais é desinteresse nas questões do homem (Sartre, 1972). Tenho comentado muitas vezes que, quando encontramos um grupo de crianças completamente engajadas em pensar sobre a questão filosófica, as crianças simplesmente reiventam a história da filosofia. Com esse comentário quero dizer que o raciocínio filosófico das crianças com frequência lembra o raciocínio de Platão, Descartes, Bertrand Russel e outros grandes pensadores da história da filosofia. (Paulo Sérgio R. da Silva, 1999:37)
19.Segundo ele, “as crianças não são unicamente o objeto mas o modelo da verdadeira reforma”(Comenius, 1954:47)
Uma filosofia para crianças e jovens não estaria preocupada em formar discípulos para perpetuar um certa corrente filosófica, uma certa visão de mundo, mas para ajudar a pensar e a transformar o mundo. Conceber a filosofia como uma especialidade é derrotá-la antes mesmo de iniciar a batalha por ela. ” (Gadotti 2000:28)
Embora a filosofia acadêmica tenha esquecido a infância as primeiras indagações filosóficas sobre “o que é a criança” e qual o melhor meio para se educá-las, nasceram na Grécia, exatamente com Platão e Aristóteles. Tanto que alguns autores aponta Platão como o fundador da pedagogia da primeira infância. Ainda assim, os gregos não reconheciam as capacidades infantis"..
Rousseau entra em diálogo com o mundo infantil e não ignora suas muitas potencialidades. O centro da reflexão filosófico-pedagógica passa ser a infância como fase autônoma e específica.
....entendendo também que filosofar é próprio do ser humano racional, explica que todos os seres humanos se defrontam com perguntas como: O que pensa de ti mesmo? O que pensas do mundo? São enigmas que de uma forma ou de outra, precisamos lidar com eles.
Artigo escrito pelo Professor Paul Sérgio R. da Silva

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