segunda-feira, junho 28, 2010

Lucas Cranach - Salomé

Lucas Cranasch, o Velho, pintor Renascentista, nasceu em 1472 na cidade de Kronach na Alemanha e morreu em Weimar em 1553.Foi provavelmente ensinado pelo seu pai, Hans Cranach nas artes da pintura.Entre 1500 e 1504, trabalhou em Viena e contactou com os círculos humanistas.A partir de 1505, trabalhou na corte de Wittemberg , onde teve uma grande oficina, e a partir de 1519, foi muitas vezes membro do Conselho da cidade, acabando por ser eleito seu presidente.Foi muito influenciado pela pintura da região alpina e pelas obras de Albrecht Durer (que já abordei aqui num post).Contudo, Cranach em breve desenvolveu um estilo individual de pintura que combinava paisagem e cenas narrativas para construir um todo muito romântico.Também recebeu influências das pinturas italianas e holandesas.Entre as suas obras mais conhecidas contam-se: "Retrato do Dr Johannes Cusppinian",1502/03, "Descanso na Fuga para o Egipto",1504,"Adão e Eva", 1528, "Vénus",1529,o famoso "Retrato de Martinho Lutero", 1503, (pode ser apreciado na Galleria Degli Uffizi em Florença), "Ninfa Reclinada",1537, e "A Fonte da Juventude", 1546, um belíssimo quadro , em que Cranach, combina o tema da imortalidade com o da eterna juventude, partindo depois para a crença mística dos efeitos rejuvenescedores e purificadores da água. Cranach foi um pintor que nunca abandonou a temática religiosa, fosse protestante fosse católica, apesar de ser amigo e seguidor de Marinho Lutero. Como disse anteriormente, tinha um grande estúdio onde pintava e tal como era hábito na época muitos dos seus trabalhos existem em diferentes versões.O seu filho Lucas Cranach, o Jovem, e outros pintores continuaram a produzir versões do seu trabalho por décadas após sua morte.No quadro que aqui vemos, Cranach, o Velho, reproduz a história bíblica da jovem Salomé que dançou sedutoramente diante de Hérodes e pediu-lhe, instigada pela mãe, a cabeça de São João Baptista.Lucas Cranach oferece-nos a imagem de uma jovem aristocrata, de perturbadora beleza na qual convivem a ingenuidade e a crueldade.Uma mente adolescente sem consciência firme e séria dos seus actos e manipulada pela progenitora. Trata-se de uma obra completa e arrepiante pela indiferença com que Salomé recolhe o seu troféu. De um ponto de vista composicional, há um eixo central marcado por tons claros que começa no rosto de Salomé, prossegue no seu decote em forma de V, que aponta para a cabeça de S.João Baptista e nela acaba. Discretamente a cabeça deste último, aparece como a de um inocente nas mãos caprichosas de Salomé.A gargantilha que ela usa e as riscas do seu vestido, fecham-se no círculo de sangue do pescoço do santo homem. A frieza dos olhos de Salomé que não se comovem com a desgraça, convivem com uma faces infantis, uns lábios que exprimem dureza, apesar de muito sensuais. O seu pescoço é rematado por uma gargantilha que delimita o rosto, tal como o fio de sangue o faz com o de S.João Baptista.Uma obra potentosa e ao mesmo tempo arrepiante. Foi realizada entre 1510/1515 denomina-se Salomé, é um óleo sobre madeira, tem 61x49.5cm e pode ser visto no Museu de Arte Antiga em Lisboa.

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