segunda-feira, julho 20, 2009

Hieronymus Bosch - As Tentações de Santo Antão

Jeroen van Aeken, cujo pseudónimo é Hieronymus Bosch, e também conhecido como Jeroen Bosch, nasceu em s-Hertogenbosch na Holanda em 1450 e morreu na mesma cidade em Agosto de 1516. Foi um pintor e gravador flamengo dos séculos XV e XVI.
Muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilização de figuras simbólicas algo complexas, originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais eram obscuras mesmo no seu tempo.
Pintores alemães como Martin Schongauer, Matthias Grünewald e Albrecht Dürer influenciaram a obra de Bosch. Apesar de ter sido quase contemporâneo de Jan van Eyck, seu estilo era completamente diferente.
Especula-se que sua obra terá sido uma das fontes do movimento surrealista do século XX, que teve mestres como Max Ernst e Salvador Dalí.
Pieter Brueghel o Velho foi influenciado pela arte de Bosch e produziu vários quadros em um estilo semelhante.Sabe-se muito pouco sobre a sua vida. O pouco que se sabe é que terá sido iniciado nas lides da pintura na oficina do pai (ou de um tio), que também era pintor e que raramente terá saído para fora da sua terra natal. Especulou-se também, durante muito tempo, ainda que sem provas concretas, que o pintor terá pertencido a uma (das muitas) seitas que na época se dedicavam às ciências ocultas. Lá teria adquirido inúmeros conhecimentos sobre os sonhos e a alquimia, tendo-se dedicado profundamente a esta última. Por essa razão, Bosch teria sido perseguido pela Inquisição. A sua obra também sofreu a influência dos rumores do Apocalipse, que surgiram perto do ano de 1500.
Existem registos de que em 1504 Filipe o Belo, rei da Borgonha encomendou a Bosch um altar que deveria representar o Juízo final, o Céu e o Inferno. A obra, actualmente perdida (sem unanimidade julga-se que um fragmento da obra corresponde a um painel em Munique, valeu ao pintor o reconhecimento e várias encomendas posteriores. Os primeiros críticos de Bosch conhecidos foram os espanhóis Filipe de Guevara e Pedro de Singuenza. Por outro lado, a grande abundância de pinturas de Bosch em Espanha é explicada pelo facto de Filipe II de Espanha ter coleccionado avidamente as obras do pintor.
A obra que aqui aparece, denominada de As Tentações de Santo Antão retratam a vida deste devoto eremita que aqui é sujeito a todas as tentações e torturas que a maginação diabólica e cruel de Bosch pode convocar. O mal espreita a todos os cantos - uma mulher sedutora esconde-se numa árvore deformada - um monstro irrompe de um fruto enorme quase podre, por toda a cena reinam criaturas ameaçadoras, sobrenaturais. O inferno devastador ao fundo, insinua o destino que espera a todos aqueles que sucumbem ao mal. O estilo de Bosch é único, sem paralelo na tradição pictórica holandesa.A sua obra em nada pode ser comparada à dos artistas da altura, tais como Van Eyck der Weyden. A maior parte dos temas de Bosch gira à volta de cenas da vida de Cristo, ou de algum santo que se confronta com o mal e o pecado, ou são alegorias acerca da insensatez do ser humano.A sua obra parece estranhamente actual, até porque quatrocentos anos mais arde, a sua influência viria a revelar-se no Expressionismo e, mais tarde ainda, no Surrealismo.

Esta obra de Bosch intitulada de "As Tentações de Santo Antão", foi realizada em 1505? é Óleo sobre madeira (Tela?) tem 131,5x172cm, e pode ser vista no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa.
Tríptico das Tentações de Santo Antão (algumas curiosidades):
1- Painel Central - A Tentação de Santo Antão
2- Aba esquerda-anverso - Desfalecimento do Santo.
3- Aba direita-anverso - A Tentação da Carne.
4- Aba esquerda- reverso - Prisão de Jesus Cristo.
5- Aba direita-reverso - A Caminho do Calvário.
Número de Inventário: 1498 (n° 231)
Data de Incorporação no Museu : 1913.
Referência à obra: segundo Vieira Santos(1854) a referência mais remota data do último terço do século XVI e encontra-se no processo de Damião de Góis (tribunal do Santo Ofício). Nada há de concreto acerca das vicissitudes que o tríptico sofreu até meados do século XIX quando fazia parte da colecção de obras-de-arte existente no Real Palácio das Necessidades, considerado por D. Fernando II, o rei artista, como uma das melhores peças da sua vasta colecção de obras de arte.
Adquirida em Londres????

3 comentários:

Anónimo disse...

Como é que esta obra veio parar ao MNAA? caso saiba agradeço a sua resposta. obrigado.

HCl

Duarte de Oliveira Martins disse...

Excelente escolha do quadro e respectivo Pintor. Críptico pleno de misticismo e crítica social, revela que a pintura sobre o horror e a finitude da existencia humana, não consegue ser tão bem dita como pode ser simbolizada. O facto de a Obra ser mantida como Património Nacional revela que mais importante do que a sua origem, é a sua manutenção ao serviço da nossa cultura. Parabéns pela escolha e pelo artigo tão bem escrito!

Anónimo disse...

Artigo muito interessante, até porque gosto muito desta obra de Bosch.Artigo oportuno uma vez que faço intenção neste verão de ir ao Museu de Arte antiga!
Bjos.