quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Oito Odiados

Eu sou suspeita porque sempre gostei da obra do Quentin Tarantino.
Mesmo aquela que eu julgo ser a sua obra menor que é os Sacanas sem Lei não deixa de ser um bom filme e com interpretações absolutamente irresistíveis de todos os actores a começar por Christoph Waltz  antes do mesmo começar a mimetizar-se ad infinito os mesmos tiques em todos os seus restantes filmes, o que é pena, pois o homem é bem talentoso.
Está agora em cartaz a sua última obra Os Oito Odiados.
Depois de ter visto o Django Libertado temi que Tarantino  estivesse  repetir a temática,(o western americano) mas quão enganada eu estava.
Se Django Libertado se baseava na escravatura abordando a questão que a despoletou e o modo como homens e mulheres eram tratados numa época absolutamente terrível da construção da América, aqui neste Os Oito Odiados  o que vemos é o reerguer de uma nação pós guerra civil, em que oito personagens os típicos arquétipos do western americanos se vão defrontar num no espaço fechado de uma estalagem e em que cada um deles tem contas a ajustar com esse passado violento da guerra e daí o papel de Samuel L. Jackson ser para mim o papel de uma vida, posto ele representar um personagem perfeitamente alucinante de maldade num ajuste de contas com um passado de escravatura e os desmandos pavorosos que foram praticados durante décadas  e o de Bruce Dern representar esse mesmo passado abominável e contudo, ainda tão saudoso por todos aqueles que perderam a guerra.
Tarantino tendo sempre presente a máxima que diz "em equipa que ganha não se mexe" vai buscar a a sua trupe do costume e eis que ali temos o já aqui abordado Samuel L.Jackson, (Django Libertado, Pulp Ficcon, Kill Bill...) Kurt Russel (À Prova de Morte), Walton Goggins, (Django Libertado),Zoe Bell (À Prova de Morte),Michel Madsen (Bill Kill) acrescentando outros como é o caso do já sitado Bruce Dern, Channing Tatum, Tim Ruth, Jennifer Jason Leigt, Demían Bichir, Lee Horsley, Dana Michelle Gourrier, Graig Stark e  Gene Jones.
Não posso deixar de acrescentar que amei do principio o papel absolutamente visceral de Jennifer Jason Leigt, posto que é um papel muito difícil de ser feito, visto a mesma ser a única mulher no num grupo de actores  que  sabem bem  impor-se.
Contudo, ela consegue-o de uma forma soberba não só em termos de representação como em termos de uma caracterização que a deixa quase irreconhecível fisicamente.
 Grande Jennifer!
Este Os Oito Odiados, é também fantástico no seu género, visto Tarantino usando  o formato de ecran mais largo que existe o Ultra Panavision 70mm, conseguir naquele espaço fechado   quase claustrofóbico dar-nos uma história fascinant em que  tudo se vai passar no confinado décor de uma estalagem, um pequeno entreposto perdido nas gélidas paisagens do Wyoming.
É ali que determinadas personagens são obrigadas a conviver durante algumas horas devido ao intenso nevão que se faz sentir lá fora, acabando cada uma delas a ajustar contas, umas com o seu passado e outras com o presente ali vivido.
Um filme tipicamente tarantiniano, onde o espaço e o tempo são vividos de uma forma única e  a redenção é palavra completamente inexistente por essas bandas.
Depois do O Renascido onde vemos o horror e o maldade humana na conquista das terras americanas neste Os Oito Odiados o que assistimos são as feridas até aí não saradas da terrível guerra civil americana e onde as tensões raciais e a posse de armas estão bem presentes, lembrando-nos constantemente a grandeza e as misérias sobre o quais assenta a nação americana.
Um filme imperdível e a meu ver  um dos melhores filmes de Quentin Tarantino

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