segunda-feira, abril 07, 2014

Uma Fatia de Bolo


Há tempos, fui num fim de semana a  um centro comercial, nos arredores da cidade de Lisboa almoçar com uma ex colega e amiga. Ela nunca tinha comido sushi, eu gosto muito e fomos lá para ela se introduzir nesse mundo de comida saudável e em que o peixe é rei e senhor. Ela como não sabia comer com pauzinhos, não teve problemas nenhuns porque eu fui já munida de uma pecinha em plástico que se coloca em cima dos ditos pauzinhos e voilá, parece uma pinça e para quem não saiba manejar os pauzitos isso resolve  muito bem o problema. A questão mesmo é escolher , porque tudo é bom, tudo é saudável e só pensamos mesmo é enfardar aquilo que está ali à nossa disposição no menu. Pena é o preço, porque sushi e preços baixos não combinam. Pode ser que se venham a acasalar num futuro próximo…mas duvido muito. Bem, ela adorou tudo e depois de comermos como se não houvesse amanhã, tínhamos que tomar um cafezinho para a coisa esmoer. Também havia a hipótese de andarmos pelas lojas do centro, mas como a tentação e gastar dinheiro em algumas pecinhas de roupa ou em algumas inutilidades para as dedos, o pescoço, pés e afins era muito grande e o dinheiro tinha ficado todo no bendito do restaurante  japonês optamos por ir mesmo é tomar café, sentarmos o rabiosque  numa cadeira e ficarmos a trocar novidades, uma vez que já não nos víamos há algum tempo. Percorrermos o centro a procura de um sitio confortável  e eis que essa minha amiga diz que o que lhe apetecia mesmo era ir ao Starbucks tomar um capuchino, coisa que ela nunca tinha feito. Eu avisei-a que as coisas por  lá eram para o carote, mas como dias não são dias entramos. Eu conheço bem o espaço porque há uns anos foi o Starbucks que me safou aquando de uma viagem a Hong Kong, visto que  por essa altura fui tomada de  uma vontade incontornável de tomar café  e comer cup cakes e só mesmo nesse café pude satisfazer os meus apetites. Lá como cá e desconfio que por todo os países onde esta marca está implantada, os preços são muito elevados e só mesmo a vontade descontrolada de tomar café e uns belos capuchinos é que me fazem entrar ali. Realizamos o pedido à prestável funcionária que nos atendeu e olhando a montra dos bolos dei com uma fatia de bolo com muito bem aspecto e que tinha o nome de bolo de cenoura  e especiarias Aquilo estava mesmo a chamar por mim, mas quando olhei o preço ia tendo uma coisinha má, visto que com aquele dinheiro eu em qualquer outro café comparava uma fatia de bolo  e tomava um galão e ainda sobrava troco. A custo desviei o olhar e fiquei-me pelo descafeinado e a minha amiga pelo capuchino. Cada uma de nós deu o nome à funcionária (uma bizarria do Sarbucks), dirigimo-nos à ponta do balcão para levantar as bebidas e sentamo-nos mesmo junto ao dito cujo, posto que só ali havia lugar uma vez que o espaço estava enxameado de nerds e não só... que vão para ali mais os seus gadgets informáticos, teclarem furiosamente, presumindo eu que conectados a paginas de facebook e afins. Se calhar eram todos desempregados, visto que a senhora Jounet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, saiu-se com uma há dias dizendo que os desempregados passam o dia nas redes sociais procurando amigos que nunca vão encontrar...acrescentando ainda outras alarvidades do género. No ver desta santa senhora, o desempregado tem de ser sempre um pobre coitado que nunca deve sair de casa a menos que seja para procurar o ganha pão, ter o cuidado contínuo de desligar o pc a menos que seja para procurar emprego,  resistir à tentação de cair nas malhas das redes sociais  ou então num caso mais extremo, deve é cair numa depressão profundíssima, posto que só assim estamos perante um genuíno desgraçado. social.Enfim....  
Bem, o que é certo é que as pessoas que ali estavam, desempregados ou não,  estava silenciosa à frente dos seus computadores e mesmo os que estavam acompanhados falavam muito baixinho imersos num mundo só deles, alheios a tudo o que se passava em redor. Ficamos ambas a falar sobre vários assuntos e eu de vez em quando ia mirando as fatias de bolo que olhavam para mim e sorriam descaradamente, principalmente a do bolo de cenoura. Não pude resistir, sou mais ou menos como o Oscar Wilde que dizia que “resistia a tudo menos à tentação” e levantando-me pedi à funcionária que me desse o raio de uma fatia de bolo. Vindo a mesma para a mesa dividia-a em dois e cada uma de nós comeu um pedaço. O bolo é muito bom, muito bom mesmo, mas penso que não justifica o preço, nem pouco mais ou menos. Comi a tentação devagar, saboreando todos os ingredientes e já com a ideia de chegada a casa fazer um bolo e degustá-lo no remanço do lar sem culpas de estar a dar uma fortuna por algo tão pequeno, visto que as fatias até são bem finas. Bem dito, bem feito. Depois de sairmos dali, (ah…pagamos um dinheirão por aquela loucura toda), vim para a net pesquisei páginas e páginas com receitas, vi mais ou menos o que a coisa levava, vi inclusive um post que falava sobre alguém que também tinha achado o dito bolo  do Starbucks bom mas caro ,(amiga, estou contigo!) fui ao supermercado, comprei os ingredientes vim para casa e fiz o bolo.Saiu perfeito!Tal e qual o outro e com a benesse de o ter todo para mim. Saiu até melhor. Não é tão doce, sabe mais a especiarias e satisfaz-me plenamente. O meu homem achou o raio do bolo divinal, também quer que eu faça um só para ele, para ele comer tudo de uma assentada e gasganeiro como ele é eu sei que ele é bem capaz disso.Estou a escrever este post, com a barriguinha cheia de um doce pecado que acompanhado com um cházinho, transformou o meu dia numa bela experiência gastronómica. Tenho a casa toda a cheirar a especiarias, uma das coisas boas deste bolo. E pronto, e mais não digo.

Sem comentários: