quarta-feira, março 05, 2014

P.Brueghel-O Banquete de Casamento

 Já anteriormente abordei aqui   num post a obra de Peter Brueghel, e hoje dando início a um ciclo de obras cuja temática  e a alegria, o convívio e a comida, inicio-a com a tela aqui presente intitulada de O Banquete de Casamento, realizada por  Pieter Brueghel em 1567/68.
Pieter Brueghel-O Velho, (para o distinguir das obras dos seus filhos também pintores) foi durante muito tempo considerado de um artista rústico, devido às temáticas das mesmas. Nascido em Breda na província flamenga de Brabante, foi o antecessor de uma série de Brueghels todos eles pintores. Contudo, nunca nenhum dos membros dessa família de grandes artistas surpreendeu tanto pela positiva como este Brueghel, o Velho. Sendo um homem muito viajado e culto, amigo de humanistas, nunca se percebeu bem o porquê do cognome de 'rústico' porque de rústico ele nada tinha.
Foi influenciado fortemente influenciado por H.Bosh e tal como este nas suas obras vemos uma autêntica continuação da tradição holandesa da pintura onde as paisagens, os usos e costumes ali estão  presentes sendo esta tela uma prova viva disso mesmo.Talvez o facto do pintor pintar cenas de camponeses com alguma frequência, obras cheias de sátira e algum humor, tenham levado a que o considerassem algo rústico e a sua obra algo tosca. Contudo nada podia estar mais longe da verdade porque toda a obra deste pintor está cheia de compaixão e muito amor pelas personagens ali presentes. Não deixa de ser verdade que se atentarmos na obra aqui presente não podemos deixar de reparar que a mesma mostra-nos as caras redondas e estúpidas dos convidados, a noiva gorda e patética, já embriagada e com ar complacente tendo como pano de fundo um pano verde que acentua ainda mais o seu volume. Ela é jovem, simples e humilde, tem um ar meio apalermado no seu momento de triunfo, o dia do seu casamento. Os convivas devoram a comida com avidez, vemos pratos modestos de papas de aveia e de leite creme a serem servidos numa tábua tosca e levada por dois gordos ajudantes, tudo isso se passando num celeiro pouco decorado, mas com grande realismo.
A rusticidade de  P.Brueghel, talvez esteja no facto de ter uma boa 'mão' para pintar pobres e as suas festas algo miseráveis. De facto, é com grande precisão que ele pinta uma criança que sentada no chão lambe com satisfação e delicadeza a tigela vazia, assim como pinta com grande mestria o flautista que tem de continuar a tocar até receber o seu quinhão. Ele contempla as papas de aveia com ar ávido de um verdadeiro esfomeado.
Esta não é uma obra cómica, o que aqui vemos é um tema sério, o da degradação da classe trabalhadora, em apreço a classe camponesa, tratada com humor, mas com grande compaixão, carinho e amor por este excecional pintor que foi Pierre Brueghel.

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