terça-feira, fevereiro 14, 2017

O Silêncio

Fui há tempos ver este Silêncio do grande Martin Scorcese e ver o porquê do mesmo ter sido tão  esquecido nas nomeações para os Oscares quando este realizador já deu tanto e tão bons contributos para a industria cinematográfica. Evidentemente que um filme não vale pelos prémios que recebe e a história do cinema está cheio de exemplos de obras intemporais  que nunca receberam qualquer prémio e de outras bastamente premiadas sem que alguém se lembra delas hoje em dia e para dar um exemplo lembremo-nos do "Shakespeare in Love", só para nomear uma.
Sem ter ainda visto ainda essa obra que pelo que vejo e leio irá receber um número bastante significativo de estatuetas, (estou a falar-vos de La La Land) gostei imenso deste Silêncio de Scorcese, sem contudo vir de lá a considerar ter visto o filme da minha vida e duvido que alguém assim pense, depois de passar 3 horas a ver o martírio de cristãos pelas terras do sol nascente...e se essas almas eram de facto vilmente  martirizadas.
No dia que fui ver um casal ao meu lado saiu, não aguentando o que estava a ver e parece-me que depois do intervalo ( sim...fui a uma sala que faz intervalo, coisa que achei uma estupidez dado o tipo de filme que este é)  a sala estava bem mais vazia.
O filme é duro, violento, pesado questiona-nos continuamente sobre os caminhos da fé, mostra-nos diálogos incríveis como é o caso das conversas absolutamente sublimes entre um dos padres Jesuítas Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e o inquisidor mor, o fantástico (Yoshi Oida), passado pelo diálogo quase final  entre o  padre Ferreira, Liam Neeson e Sebastião Rodrigues. Penso que o filme vale por esses diálogos que são a marca inconfundível de M.Scorcese.
Há um personagem algo esquecido, mas que é a meu ver uma peça fundamental é a de Francisco Garrupe, papel desempenhado de uma forma magnifica por Adam Drive. Ele é de facto um dos grandes mártires deste filme e é pena ter sido colocado o enfoque quase todo ou mesmo todo, sobre A.Garfield, um personagem que deixa muitas interrogações no ar e a meu ver nem sempre muito satisfatórias.
 Liam Neeson, como sempre muito bem, e é pena este actor estar a especializar-se em filme de acção sem qualquer sentido, quando ele é tão bom em papéis deste cariz.
A fotografia deste Silêncio é uma coisa sublime e não é sem razão que é a única categoria para o qual está indigitada para os Oscares.
Sem me deslumbra, gostei muito do filme, é uma obra inesquecível e atrevo-me a dizer que daqui a  muitos anos continuar-se-á a lembrar da mesma coisa que duvido que se irá passar com La La Land.

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