terça-feira, novembro 24, 2015

Licença para nos Maçar?

Atenção.... contêm spoiler...ou lá o que isso é...

Sempre gostei da série de filmes 007 tirando a época em que por lá andou como Agente de sua Magestade o actor Roger Moore que transformou durante alguns anos a série numa paródia sem qualquer sentido.
Depois houve quem pegasse no formato e o animasse indo buscar primeiro Pierce Brosnan e mais tarde Daniel Graig.
Com este último, a saga toma um rumo mais sério, mais duro e violento e os personagens secundários como é o caso de M (Judy Dunch) ganham vida e consistência assim como a personagem Moneypennie (Naomie Harris) e o próprio G, interpretado pelo ator Ben Whishaw acaba por ser uma agradável surpresa pela sua  joventude, fleuma e irreverência.
Acresce-se a isso que Daniel Graig, uma escolha que a princípio parecia improvável, acabou por se impôr de uma forma muito segura, dando sempre o que tem e o que não tem para que a sua personagem ganhe a adesão dos amantes desta série de filmes.
Confesso que desde o início me tornei fã deste ator, porque o acho muito bem talhado para este papel, tanto a nível de feições, como na postura corporal. De facto, ele não é exagerado naquilo que tem de fazer, é parco em palavras e vê-se que trabalha bem o corpinho para a dureza das acções.
Quando Sam Mendes fez a sua aparição em Skyfall,( para mim um dos melhores filmes desta saga cuja longevidade é considerável) deu-se uma explosão de energia e de facto o filme é uma total surpresa considerado unanimemente um dos melhores da saga até então.
Para isso contribuiu a criação de um dos vilões mais conseguidos, (o Sr Silva) papel atribuído a um  excepcional  Javier Barden,  que nunca deixa os seus créditos e méritos por mãos alheias.
O facto de Judy Dench também se despedir para sempre neste filme, deu a Skyfall uma aurea bem merecida juntamente com  aquela abertura incrível passada nas estreitas vielas de Istambul, não esquecendo a corrida de mota pelos telhados do grande Bazar. Quando o filme termina vemos que o papel de M será assegurado pelo ator Ralph Fiennes, uma boa escolha, mas que vemos claramente que nunca chegará aos pés de Judy Dench, essa sim uma autêntica mulher de armas na verdadeira acepção da palavra.
Pelo sucesso de Skyfall não havia dúvida que Sam Mendes iria ser 'massacrado' para fazer o segundo filme e apesar da sua relutância inicial, o realizador acede e resolve realizar este Spectre (com argumento  de John Logan, Neal Purvis, Robert Wade e Jez Butterworth) que agora está em exibição e que teve em Portugal uma abertura fenomenal pelos números estratosféricos que teve na sua estreia.
Fui vê-lo com alguma expectativa e sinceramente não gostei do filme.
Falemos em primeiro lugar dos actores.
 Fazer de Christoph Waltz, o mau da fita foi um monumental erro de casting. C. Waltz anda a fazer as mesmas caretas, os mesmos esgares, a mesma fala há 11 filmes atrás e a sua personagem tem a consistência do algodão doce. Leve...leve. leve....pois nada dali sai, nada dali é assustador.
Foi a meu ver uma péssima escolha agravada por aquele final absolutamente ridículo.
Segundo, a história pretende fazer uma homenagem aos outros 3 filmes anteriores, mas julgar que todos aqueles maus da fita eram marionetas deste Franz Oberhauser (C.Waltz)  o grande polvo que até nem o gato lhe falta, é tão ridículo que até dói!
Mónica Belucci aparece durante 10 minutos e desaparece para nunca mais ser vista, o que é pena pois fã que sou desta atriz penso que ela teria bem mais a dar que uma mera cena de enterro e cama.
O brutamontes que aparece (Dave Batista) para dar pancada apenas serve para isso, para matar e dar pancada, dali vem zero...apenas grunhidos e pouco mais!
Ralf Fiennes também pouco acrescenta à sua personagem e apenas Ben Whishaw como G e Naomi Harris como Eve Moneypenny garantem alguma consistência nos seus respectivos papeis.
Até o enredo, apesar de ser interessante, (o eterno problema de quem escuta quem e afinal vemos que anda meio mundo a escutar o outro meio) não é nada de interessante e é até bem batido. Já o vi em outros filmes a ser bem melhor trabalhado.
Surpresa agradável foi ver a  bonita e segura Léa Seydoux como Madeleine Swann, a saber fazer juz a uma verdadeira bond girl , o próprio  Daniel Graig, e aquela abertura incrível pelas ruas da cidade do México onde se celebra de uma forma única o Dia de los Muertos. 
De facto, aqui vemos a mão de Sam Mendes na  grandiosidade dessa cena e na  explosão passada no deserto, cuja magnificência só é conseguida por um grande realizador como de facto este é.
Apesar das quase 3 horas de filme (no meu ver o enredo não justifica esse tempo todo), não posso dizer que assisti a um bom filme, porque não assisti, também não posso dizer que dei o dinheiro por mal empregue, pois também não dei. Fiquei foi com pena de não ter visto coisa melhor, pois sei que disso é capaz o realizador.
Contudo, não posso deixar de referir que há cenas bem maçadoras e até me apetece dizer que este  James Bond para além da  licença para Matar teve  também para nos Maçar, o que de facto é um grande aborrecimento.

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