quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Rembrandt-Sansão Cegado pelos Filisteus

Na continuação da mostragem de obras artísticas cuja temática é a violência, abordo hoje aqui uma obra do grande pintor holandês, Rembrandt, (1606/1669).Aqui vemos um tema também bíblico, a cegagem de Sansão pelos filisteus.
Rembrandt-Auto Retrato
 A bíblica história de Sansão é contada no Livro dos Juízes do Antigo Testamento. Os inimigos de Sansão, os filisteus, que procuravam uma oportunidade para o matar, encarregaram a bela Dalila de o seduzir. Ela consegue saber que a sua força residia no seu cabelo e apanhando-o a dormir corta-lhe o cabelo. Em consequência disso, a força abandonou-o. Os filisteus que estavam escondidos, entram dentro da sua gruta, agarram-no e vazam-lhe os olhos.
 Como todos sabemos esta história acaba toda em tragédia, posto que o colosso consegue vingar-se, derrubando os pilares que sustentavam o telhado da casa em que estava preso, pois os filisteus tendo-o preso durante muito tempo, não se aperceberam que o cabelo de Sansão tinha crescido novamente. Ora, o que aqui vemos nesta obra é a cena em que uns quantos filisteus, agarram Sansão enquanto um deles se prepara para o cegar. Ao fundo da tela vemos a maliciosa Dalila com os longos cabelos de Sansão nas mãos. Este Sansão Cegado pelos Filisteus, assim é denominada esta obra ,é uma das muitas obras com motivos bíblicos que Rembrandt realizou. É uma tela magnificamente executada. Não podemos deter os nossos olhos na ameaçadora  espada que é dirigida aos olhos de Sansão assim como não podemos deixar de ter piedade deste último que faz esforços hercúleos para se libertar dos braços dos seus carrascos. O seu rosto é uma mistura de frustração  raiva, impotência e dor. Com uma perna erguida no ar ele tenta empurrar o seu corpo para trás para se libertar sem contudo o consegui. O seu braço direito está já preso por uma grossa corrente e um dos seus carrascos segura-a firmemente e ao vermos a sinistra espada prestes a espetar-se nos seus olhos indefesos, não deixamos de tremer face à violência tumultuosa que se instala no espaço escuro e claustrofóbico da gruta onde toda a cena se desenrola. Sabemos que por mais que Sansão se contorça angustiado o seu destino está traçado e também não podemos deixar de reparar numa Dalila que foge, um tanto ou quanto hesitante entre o regozijo e o terror pela traição  por si perpetrada. A luz que ilumina a tela centra-se nas cores claras das vestes de Sansão e no vermelho do personagem com a ameaçadora espada. Contudo é Dalila que é realçada pelas cores claras tanto da sua saia como da túnica que a cobre. Numa das suas mãos ela ainda tem a tesoura bem presa entre os seus dedos e na outra os longos cabelos de Sansão.Uma obra magnífica e terrível ao mesmo tempo.

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