quinta-feira, janeiro 17, 2013

Ingres e Chasseriau

Trago-vos hoje aqui, duas obras de dois grandes pintores que retratam mulheres fazendo a sua higiene, estando as figuras centrais rodeadas de outras mulheres que as servem. A primeira obra é do pintor francês Jean-Auguste Dominique Ingres, mais conhecido apenas por Ingres nascido em  a 29 de Agosto de 1780 em Montauban e falecido a 14 de Janeiro de 1867 em Paris.É conhecido um certo fascínio que o mundo oriental exerceu sobre os artistas de meados do século XIX e um dos motivos que mais despertou a sua imaginação foi o banho ou os lavabos, como aqui podemos ver na obra de Ingres. Esta portentosa obra pode ser considerada o culminar de uma longa série de banhistas que o artista cultivou ao longo da sua carreira. As figuras centrais são uma série de  uma mulher de pele muito branca que em poses lascivas e algumas de olhar ausente são agraciadas por outras de pele mais escura que tratam delas e as deleitam, tocando instrumentos musicais como é o caso da mulher que está de costas para o espectador.Uma dessas servas perfuma o cabelo de uma dessas mulheres que de braços cruzados tem um olhar ausente e algo triste. São figuras quase estáticas paradas no tempo, vivendo um momento muito próprio, alheadas de tudo e de todos.O mais estranho é que a luz incidindo sobre as costas da que toca um instrumento musical dá luminosidade à cena e é a única que parece viva e que a qualquer momento se irá virar e encarar-nos.Este Banho Turco  é uma obra estranha mas ao mesmo tempo fascinante.
 
A segunda obra que aqui surge, é do pintor francês  Théodore Chassériau nascido em El Limón, Samaná, actual   República Dominicana.Tal como Ingres também aqui a arte orientalista surge no seu apogeu, reflectindo nela os costumes, com muitas variantes que iam desde os banhos, as odaliscas passando pelas escravas, os mercados etc. Chasseriau reinicia a temática iniciada por Ingres e integra-a dentro de um ambiente árabe de extraordinária riqueza cromática e de luminosidade. Aqui ao contrário da obra anterior dominam os vermelhos e verdes, as cores quentes que Ingres não ousa usar. Há mesmo na pose desta mulher um olhar ousado e, ela encara-nos usando o seu belo corpo como arma. As servas que a servem neste serralho também são vivas, o seu olhar é quente e a que abre uma espécie de baú é volumosa e dessa arca tira roupas coloridas e ricamente trabalhadas. A figura negra que lhe limpa as costas apesar de apenas quase ser um borrão de tinta tem boas formas e sentimos o movimento que ela faz na sua tarefa servil. Este Banho no Serralho faz-nos descobrir possibilidades muito românticas deste mundo fantástico que é o mundo da pintura orientalista.Duas obras magníficas.

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