sexta-feira, setembro 02, 2011

Salvador Dalí-Auto-retrato em Atitude de Adoração



















Nenhum pintor do século XX o superou em termos  de conceitos excêntricos ou encenações fantásticas, mais nenhum artista serviu o mito da criatividade incondicional de modo mais maníaco, ou ao mesmo tempo de modo mais ideológico.Mas, mais nenhum artista atingiu também estes padrões com tal paixão pela perfeição do ofício. Isso trouxe, a Salvador Dalí, um esmagador sucesso  comercial, e depois, a partir de 1940, quando foi  para os E.U.A durante oito anos, as aclamações frenéticas do comércio internacional de arte.Todos sabemos que S.Dalí  foi uma figura da moda durante décadas.Mas, nem sempre obteve a apreciação, e muito menos a simpatia dos amantes de arte 'sérios'. E até hoje, embora seja visto como um génio cujo excepcional estatuto na história  Surrealismo franco-espanhol é indiscutível  que as opiniões continuam a dividir-se acerca da sua importância estética  e artística. Quanto S.Dalí pintou o seu auto-retrato em 1954, aos cinquenta anos, estava no auge da fama. Entre os inúmeros componentes que permeiam sinteticamente o seu trabalho, há acima de tudo dois que determinam o conceito, e ambos têm importância na pintura de 1954. Surge,  em primeiro lugar, aquilo a que o artista chamou, a partir da década  de 1930, o seu "método paranóico-crítico": a utilização de efeitos fisionómicos e ilusões espaciais sugestivas que criam "imagens duais" que se "sobrepõem" uma à outra. Assim, o homem nu com o bigode característico ajoelha-se tanto na praia como esta, (e as águas calmas repousam sobre a sua coxa enquanto o homem olha para cima em êxtase), ao mesmo tempo que a mão, a fazer sombra, está apoiada na própria água como se esta fosse uma placa de metal. Há uma alternância constante entre o pequeno e o grande, o perto e o longe.As montanhas costeiras da sua terra natal (Port Lligat) perto da cidade de Cadaqués, apresentam a mesma definição alucinante de pormenor que as rochas da praia. Estas altercações da realidade forma exploradas por Sigmund Freud como um princípio perceptual na interpretação dos sonhos e da teoria da neurose (que Dalí estudou ávidamente), os medos armazenados do inconsciente afirmando o seu poder desconcertante contra todas as tentativas de repressão pelo consciente racional.O segundo grande componente da obra de Dalí é, do ponto de vista da obra de 1954 muito pertinente. O próprio artista chamava-lhe "misticismo religioso-nuclear".Após o lançamento da bomba nuclear a 6 de Agosto de 1945, Salvador Dalí horrorizado mas ao mesmo tempo extasiado, desenvolveu a visão de que Deus podia ser visualizado como a coerência explosiva das mais pequenas partículas e forças, e que neste espírito o mundo moderno seria trazido  à consciência das pessoas através de uma forma conjurada e através de todos os desastres. Assim o modelo da bomba atómica que surge como uma alucinação sobre a simples natureza do cão adormecido não é mais do que a visão mística de um universo interior.O facto de no centro das forças atómicas, por baixo da cúpula explosiva do velho mundo-edifício, os elementos do rosto de uma mulher (reconhecemos nesse rosto a amante, a musa e agente de Dalí, Gala), nasceram unidos unidos e separados, revela que o nu ajoelhado presta homenagem aos cosmo, que ele próprio criou, e que está unido a ele em delírio e êxtase erótico.Uma obra estranha e portentosa! Este "Auto-retrato em Atitude de Adoração" foi realizada por Salvador Dalí em 1954, é óleo sobre tela, tem 61x46cm e faz parte de uma Colecção Particular.

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