domingo, setembro 11, 2011

Paul Gauguin-Auto-Retratos

Auto-retrato
A primeira tela que aqui aparece foi realizada por Paul Gauguin aquando da sua chegada a Paris, por volta de 1893/94, depois de ter vivido durante 3 anos no Taiti. Morice, o seu agente, vendera grande parte das suas obras sem lhe enviar os lucros.Por essa razão, o pintor viu-se obrigado a mudar-se para a Europa, onde chegou com várias esculturas e sessenta e seis quadros.Estes últimos foram expostos em seguida, alcançando poucas vendas e críticas contraditórias, embora a exposição não tenha passado despercebida ao público.A falta de recursos económicos do artista fazia com que o seu principal modelo fosse ele próprio.Gauguin aparece no centro da tela olhando para o espectador com o característico olhar provocador próprio da sua personalidade impulsiva e radical.O pintor parece estar no seu estúdio, cuja parede está decorada com uma tela que representa uma taitiana, o seu motivo pictórico preferido.O sentido decorativo da obra do artista reflecte-se, perfeitamente, através do estampado da toalha da mesa, esquemático e de cores primárias. O gosto/necessidade  facto de Gauguin se auto retratar fez com que se conservassem inúmeros auto-retratos do pintor.Aqui, nesta tela, a arbitrariedade da cor, tão típica da sua obra, torna-se evidente no verde que preenche a parte esquerda do seu rosto.Esta tela não é grande, tem 46x38cm  e é um óleo sobre tela.
Auto-retrato do Artista
A segunda tela aqui exposta foi realizada por Gauguin, no ano de 1896, altura em que voltou a residir no Taiti com Pahura, a sua vahiné de catorze anos. Sem dinheiro e com dores intensas numa perna (mal que padeceu até à sua morte atacado de sífilis), o artista sofreu uma forte depressão, tal como se depreende da correspondência com o seu agente Morice:"estou à beira do suicídio".Nesse mesmo ano, o pintor tentou matar-se  com arsénico.Acalmando as dores com doses de morfina, entrou finalmente no hospital de Papeete e foi inscrito como 'indigente'.O Governo francês ofereceu-lhe um pequeno subsídio, mas Gauguin, muito orgulhoso, recusou-o. A sua agonia agudizou quando o filho de Pahura morreu, pouco tempo depois de nascer.O ano de 1896 foi, efectivamente, muito penoso para Gauguin, tal como é refletido no seu rosto neste Auto-retrato do Artista.De facto, cabisbaixo, com olhar ausente e melancólico Gauguin retrata-se sem as cores vivas e fortes que caracterizavam a sua pintura.O seu busto ocupa quase toda a superfície do quadro, constituindo uma reflexão sobre si mesmo.No ano seguinte a ter pintado este  quadro, o pintor confessará que já não lhe restam "razões morais para viver", algo que nós próprios conseguimos vislumbrar neste rosto profundamente abatido. A própria bata do artista está pintada com uma cor plana e homogénea, abandonando todo o sentido de volume e claro-escuro, típico da sua grandiosa obra. Ambas as telas podem ser apreciadas no Museu D'Orsay em Paris.

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