quarta-feira, dezembro 02, 2009

A Ira


Quando estou irada, sinto-me tensa, cheia de uma raiva surda.Ao mesmo tempo sou invadida por uma avassaladora vontade de partir qualquer coisa, de atirar coisas contra a parede, de bater...dar murros, esmagar algo.O meu corpo como que sai de mim... fico em estado de tensão, deixo de me reconhecer tal como sou e passo a ser outra, quero voltar a mim mas por instantes vivo uma suspensão que ao mesmo tempo é um gozo e um terror.Sinto essa ira, nos braços, nas pernas, no rosto e no meu cérebro.O meu coração bate com tanta força...e muito aceleradamente.Paro de pensar, suspendo o pensamento, e deixo-me invadir pela ira.E nesses instantes apercebo-me que peço a mim mesmo que pare, que não devo ser assim, não devo permitir-me a mim...que seja assim...não devo permitir que alguém ou alguma coisa me coloque neste estado de tensão. Sinto em mim que um grito surdo que diz: Pensa...pensa...pensa... ajuda-te a ti própria...e então acalmo-me e tal como uma onda benfazeja, deixo-me invadir pela calma que me preenche toda, é como um duche muito quente que escorre pelo meu corpo nu e me domina. Deixo-me acalmar lentamente, e aos poucos rastejo desse estado de ira, de raiva, de tensão e de dor que me invadiu por breves instantes, mas que foi por mim vivido como se tivesse durado séculos.É uma espécie de sensação de serenidade, de relaxamento de liberdade.
Estou finalmente de volta ao meu "eu".

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