segunda-feira, outubro 05, 2009

Tristeza, um Sentimento Necessário

"Deixa lá esta cara!Estás triste porquê?Não tens motivos para isso..."
Quantas vezes reagimos asssim quando alguém está simplesmente triste, como se essa emoção não fosse natural? E nós próprios?Quantos vezes nos permitimos ter momentos de introspecção,melancolia, tristeza? O normal é dizermos logo que não é normal e corrermos para o Centro Comercial mais próximo ( ou para o médico!). Mas será a tristeza assim tão má para nós? E será esta alegria que todos parecemos fazer questão de sentir realmente verdadeira?
"Actualmente as pessoas experimentam uma felicidade que não é real: é distracção, é um gozo passageiro e um hedonismo de superfície. Quase diria que se consomem drogas de vários tipos: não só substâncias como fármacos e álcool, mas espetáculos, concertos, discotecas, compras, que só servem para nos alienar dos problemas". Estas palavras são do psicólogo Vítor Rodrigues e serve de alerta:
"As emoções básicas do ser humano são a tristeza, alegria, aversão, medo, ira e espanto. Se sobreviveram desde a Pré-História até agora é porque têm as suas funções. A tristeza tem a sua função, até porque encontramos pessoas que são tristes, mas também criativas, sendo que o momento criativo alia sofrimento e alegria, um pouco como as dores de parto. Não será esse impulso criativo uma função da tristeza?"
Qual é então a função da tristeza?
"Puxa-nos para dentro e interioriza-nos, enquanto a alegria nos leva para fora e conduz à acção."
Por isso mesmo, os momentos de tristeza são muitas vezes momentos de paragem para deitarmos contas à vida, para pararmos e nos aprofundarmos. Há uma função essencial associada à tristeza.
"A ânsia de felicidade pode ser encarada como fuga ao confronto interior: há muitas pessoas que fogem a esse confronto como o demónio da cruz, até porque, ao fazê-lo, encontram dores e problemas a resolver."
Mas vale a pena incorrermos nesse confronto connosco próprios? Para o psicólogo, a resposta é clara:
"Muitas vezes a recompensa pode ser muito grande, pois a mudança está do lado dessa interiorização. Da mesma maneira como há emoções que parecem estar mais ligadas à resposta rápida ligada à sobrevivência e à acção, como a aversão, o medo e a ira, há emoções que parecem aglutinadas a uma certa paragem para aprender, como é o caso da tristeza, que se torna criativa e nos ajuda a crescer. Do mesmo modo que a alegria nos acelera, a tristeza trava-nos e mergulha-nos na direcção do interior. Por isso a tristeza não só não é negativa em si, como é extremamente necessária e produtiva.Não podemos prescindir de estar tristes. Em termos psicológicos, ela é uma fonte de mudança, de criatividade e de autoconsciência."
Por Sofia Martinho

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