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Neste fim de semana, fui ver a sua última obra Paterson, com um Adam Drive que eu amo desde que o vi no soturno Midnight Special e em Silêncio, onde tinha um papel incrível e que tão pouco elogiado foi, focando-se toda a gente no ator principal, Andrew Garfield.
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Os poemas de tipologia quotidiana que este personagem escreve, nada têm de especial. Já outros o escreveram de forma brilhante, nomeadamente o poeta que tanto Paterson admira que é William Carlos Williams. Neles não sentimos (eu não senti) qualquer emoção, qualquer coisa que mexesse comigo. Fiquei com a ideia que o próprio sabe que aquilo nada tem de original e por isso limita-se a escrevê-los sem qualquer ideia da sua publicação. Isso é verificável quando a miúda que ele encontra na rua e que lhe lê um dos seus poemas. Ali sim, há potencialidade, na medida que o deixa sem palavras.A única que acredita que ali está um grande poeta é a esposa, se bem que nem ela bem sabe o que o marido escreve. Tem é fé nele e como sonhadora algo irrealista que é, acredita que ele marcará dentro em breve a diferença no mundo da poesia.
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Tudo aquilo é estranho não só para nós mas também para o próprio Paterson que contudo, nada diz, nada faz, não se rebela contra aquele modo de vida deixando-se ser dominado pela esposa e pelo cão. A cena em que o cão escolhe para onde quer ir passear e ele vai, é sintomática desse deixar andar, assim como a compra da guitarra por parte da mulher que tem a distinta lata de argumentar que a mesma é um presente de Paterson, quando o mesmo nem é tido ou achado sobre essa compra. Se o filme nos mostra o percurso deste casal de segunda a segunda feira, vai ser no fim de semana que se dá a tensão quando o cão resolve fazer das suas. Mas, nem aí este homem grita, argumenta, dá azo a uma fúria mais que justa. Se gostei deste último filme de Jim Jarmuch?
Sim e não. Gostei pela interpretação dos atores que fazem um casal algo suis generis, pela diferença de modos de vida de ambos, mas que contudo se encaixam um no outro perfeitamente.
Não, porque a espaços dá-me ideia que o realizador anda ali sem saber como navegar por aquelas águas tão paradas e melancólicas. De facto, todo o filme é de uma grande melancolia, alguma tristeza, algo soturno e se o espectador está a espera de um "golpe de asa" bem pode esperar sentado (literalmente) pois esse nunca se dá nem lá para o fim quando se dá a pequena tragédia literária envolvendo o raio do cão feio. Nem a conversa final com o turista japonês nos convence muito e penso que aquilo foi ali metido algo à força.
Não deixa de ser um filme interessante quanto mais não seja pela reflexão que faz à rotina de um casa de classe média tão diferentes entre si, e que vivem de um modo tão à parte do resto da cidade. Tirando isso só fica mesmo a melancolia e a tristeza quase colada à pele, deste Paterson que vive na cidade de Paterson.
Não deixa de ser um filme interessante quanto mais não seja pela reflexão que faz à rotina de um casa de classe média tão diferentes entre si, e que vivem de um modo tão à parte do resto da cidade. Tirando isso só fica mesmo a melancolia e a tristeza quase colada à pele, deste Paterson que vive na cidade de Paterson.