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Só hoje me sento capaz de exprimir a imensa dor e o grande sentimento de perda que sinto por um animal que viveu comigo durante 14 anos.Chamava-se Rebeca, mais conhecida pelos meus vizinhos e amigos por "bequinha" , ou "a doida". Exceptuando as vezes que ficou em casa de amigos devido a viagens por mim realizadas, sempre, e repito, sempre me foi esperar à porta quando eu chegava a casa.Ficava tão satisfeita!
Este não é o primeiro post que eu escrevo dedicado a ela, será apenas e só o último, porque fecharei esta porta e ela será uma recordação viva no meu coração enquanto eu viver. Escrevo este post com as lágrimas a correrem pelo meu rosto, e sinto que tem que ser mesmo assim, posto que só deste modo posso fazer a catarze que tem estado contida em mim desde o passado dia 23 quando tive que ir com ela ao veterinário para se dar termo ao sofrimento de um animal que simplesmente desistiu de viver devido às dores dos tumores que lhe foram tomando conta do corpito, pela cegueira devido às malditas cataratas e pela surdez devido à safada da velhice.
Deitou-se na sua caminha e já não se quis levantar mais. A muito custo tentava ir à porta receber-me mas imediatamente e após roçar-se por mim, lentamente ia deitar-se e com as patitas colocadas sobre o focinho assim ficava, dormitando e gemendo baixinho quase com medo de estar a incomodar envergonhada por não ser mais aquela cadela que tantas loucuras fazia!
Não sofreu na hora da despedida, dormiu com a injecção e nos meus braços se foi. Fico com as suas fotos, a sua coleira e a trela roída por traquinices quando era jovem e cheia de garra. Era uma Fox Terrier, muito doida, corria que se danava, ladrava forte e feio. Era maluca por passeios no campo, corria atrás de gatos e de outros cães, nunca fugia a uma boa briga. Era também muito asseada, e quando não o era refugiava-se debaixo da minha cama e ali se quedava durante horas,espreitando de vez em quando e fazendo olhinhos de "carneiro mal morto". Depois, quando achava que já ninguém se lembrava da sujeira, aparecia de mansinho e enrolava-se nos nossos pés.
Era também muito esperta.Quando tinha que tomar comprimidos cerrava os dentes e ali não entrava nada! Só a vencíamos enganando-a com pedaços de maças ou de peras (que ela adorava) onde dentro estava a medicação.
Teve 7 filhotes. Seis machos e uma fêmea a Daisy, tão doida como ela e por isso a que mais gente quis.Foi boa mãe. Ficou sem eles, levados por vários donos. Não se danou comigo, e parecia compreender que eu não podia ficar com toda aquela prole.
Era branca, castanha e preta. Tinha uns olhos muito bonitos e vivos.Era muito pestanuda, parecia uma actriz, era vaidosa e às vezes uma parvalhona! Era uma bela cadelinha, era a minha Rebequinha, a minha amiga, a minha menina. Foi-se e com ela a certeza de que foi bem tratada, durante os anos que aqui esteve.Desde a semana passada que por vezes dou comigo à tua procura pela casa, e vou chamar-te para ir à rua...mas depois é que me lembro que já cá não estás! Que dor, que pena!
Este post é para ti minha grande amiga. Fica bem, brinca bastante onde agora estás, no "céu dos animais". Ficas comigo em recordação, terei sempre de ti boas recordações. Foste uma boa e bonita cadelinha!
Adeus Rebeca.