Jeff Koons designou-se a si próprio como o herdeiro artístico do grande Andy Warhol.Pretensão? Talvez o que Koons pretendia dizer com isto é que continuou a afirmação do consumidor e do mundo dos meios de comunicação das décadas de 60 e 70, mas que a elevou a um novo nível conceptual.Tal como Warhol, J.Koons declara que o verdadeiro objectivo da arte é a aceitação genuína da realidade e, transcendendo os meros sinais, a perpétua busca do quotidiano .Contudo vendo/apreciando as obras de Koons percebemos uma radicalização que foge aos padrões Warholianos, pois Koons alia o prazer ao material.Para ele, a beleza enquanto felicidade verdadeira, está contida em todas as coisas e momentos, não apenas nos da arte.Isso pode envolver electrodomésticos, cujo design e utilização cativa os olhos e as mãos através do prazer proporcionado tanto pela nossa percepção abstracta deles, como pela sua utilidade concreta.Assim através desse critério, o kitsch e o luxo merecem também uma aceitação completa.Segundo Koons temos de responder com uma revolta de valores demonstrativa, e a arte segundo ele, é a esfera apropriada para isso.Vejamos por exemplo a pornografia: não devia ser menosprezada e diabolizada mas sim, através da percepção consciente, transformada de tal modo que toda a existência é "sexualizada" por si sem olhar a coisas, valores e sentimentos.O que se consegue com isso? Uma dessexualização libertadora do que é sexual. Em 1989 Koons põe essas suas ideias em prática precisamente quando se encontrou com a estrela porno de seu nome Ilona Staller, mais conhecida por Cicciolina, para encenar com ela um "ready made", um modelo directo da pornografia revalorizada posteriormente, Cicciolina por seu lado ficou logo empolgada pelo projecto uma vez que, recentemente eleita para o parlamento italiano,agitava politicamente a "libertação sexual".Ambos viriam a apaixonar-se, casarem-se em 1991 e divorciarem-se no ano seguinte encenando até hoje uma interminável guerra nos meios de comunicação um contra o outro, Mas, enquanto o durou o idílio tiraram uma série de fotografias em grande formato. Que mostravam essas fotos? A representação da sua relação sexual real (intitulada de Made in Heaven) e que foi exibida vários meses mais tarde na Bienal de Arte de Veneza.O grande sucesso desses trabalhos foi muito ajudado pela execução de algumas esculturas em madeira e porcelana de algumas imagens do casal.Koons e Cicciolina funcionavam nessas fotos e nessas esculturas como uma espécie de novos Adão e Eva entregues ao prazer da cúpula e dos afagos.Assim o que aqui tínhamos era uma mistura de pudor e impudor, intimidade e público, o paraíso do prazer...mas o inferno da moral mais conservadora.O sexo era exposto ao mesmo tempo como um artigo de consumo apresentável ao grande público,mas também como uma metáfora da felicidade, suscitando fantasias várias.Claro que tudo isso funcionava como uma provocação, suscitadora de várias questões:estaría o espectador perante Pornografia? Arte? Seja como for, Koons, o pioneiro do prazer aliado à arte sabia que nos seus dias o negócio da arte e o potencial de sucesso é explorado de forma cada vez mais sensacional ( a sua vida privada foi vitima disso mesmo).A exposição, o prazer e o negócio sempre andaram de mãos dadas e o artista provou disso até à saciedade.A tela que aqui aparece "Ilona com o Rabo para cima" é um óleo sobre tela, tem 243,5x366 cm e faz parte de uma Colecção Particular.
1 comentário:
Cheguei a esta "casa" perdido neste mundo, ou naquele que não enxergo, na procura de uma imagem.
Depois... bem, depois perdi-me.
Comecei a ler e... o tempo foi passando e perdi-me.
Comecei pelo fim e cheguei ao início.
AH! Vi os bonsais e (re)vejo a minha laranjeira que talvez lhe tenha dado o "abafa". Cheia de laranjas (diga-se que intragáveis de tão amargas) e de repente começou a perder o cabelo, digo folhas.
Aconselharam-me a colocá-la cá fora no quintal sem ser ao sol directo.
Esqueci-me de a recolher e... os caracóis banquetearam-se. Deixaram-na completamente nua.
Nem tudo é perfeito na vida.
Antes de prosseguir quero deixar aqui uma sugestão.
Pouco ou nada percebo disto (computadores, internet, programas e outras coisas que me tornam a vida adversa do optimismo), mas acho que o seu blog está um pouco lento.
Será por ter tantas entradas ou descrições (nem sei onde vá descobrir o termo que os 'eruditos' aplicam).
Algo não o deixa fluir facilmente.
Outra dor de coração (e já fui operado ao meu, portanto estou mais ou menos imune) é ninguém deixar um comentário.
Os blogs com conteúdo passam por isto.
Gosto de escrever (já tive, em plena tipografia, um livreco de poemas para publicar... mas depois... é uma história 'macabra' e longa para explanar aqui e agora).
Vou indo... e vou tentar cá voltar.
Não cheguei a roubar a imagem porque me perdi...
Uma boa semana.
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