sábado, abril 26, 2014

H.Toulouse-Lautrec- Rue des Moulins

H.Toulouse-Lautrec- Rue des Moulins
Sofrendo de alcoolismo e de sífilis doença venérea que o vai levar a morte, seria de prever que Henri Toullouse-Lautrec, fosse um homem amargo e soturno, mas os escritos acerca dele  desmentem isso, e foi com bastante realismo e alguma alegria que este pintor encarou a vida até morrer com a jovem  idade de 36 anos.
Descendente de uma família abastada e com nome, Toulouse-Lautrec, distanciasse da mesma, e integrando-se na vida boémia de Paris, lega para a posterioridade  telas e cartazes publicitários ímpares na história da arte.
Portador de uma deficiência física que o faz ter o tronco de um homem adulto e pernas de menino de tão definhadas que as mesmas eram, este pintor escapa a esta desgraça refugiando-se na sórdida vida nocturna parisiense. Só aí, submerso por uma multidão roufenha e ordinária é que ele consegue esquecer de quem era descendente e a sua deficiência física.
Contudo, essa deficiência libertava-o paradoxalmente, da necessidade de aceitar qualquer responsabilidade normal e apesar de ter morrido devido aos excessos por si cometidos, não deixa de ser verdade que criou uma arte bem-humorada e tão resistente à passagem do tempo que ainda hoje não nos deixa de surpreender e atrair.
Na obra aqui presente,  o quadro geral é assustador de tão realista que é. De facto, as duas prostitutas da Rua des Moulins, rua famosa pelos prostíbulos ali existentes e que ficou para sempre imortalizada quanto mais não seja por esta tela, não estão à procura de clientes. Estão sim, em fila para se submeterem ao exame médico obrigatório destinado a prostitutas legalizadas, como ser ao caso em apreço, e os seus rostos avermelhados são dolorosamente patéticos.
A primeira é velha de corpo, com as ancas flácidas e engelhadas  e seios já meio descaídos. A outra parece ser ligeiramente mais nova, embora os eu corpo esteja menos estragado, a sua face está cruelmente gasta. O próprio fundo do quadro é de um tom vermelho vivo, vendo-se ainda a sombra  de costas, quase em esboço, de outra mulher. Elas levam já os vestidos arregaçados mostrando as partes baixas do seu corpo, pronto a ser examinado. Têm vestidas as meias pretas, peça de vestuário que as mesmas usam como meio de atracção ao sexo masculino.
O vício está a matá-las, apesar dos regulares exames médicos estatais. Muitas destas mulheres morriam muito jovens atacadas por doenças venéreas que também era profusamente difundidas pelas mesmas.
 H.Toulouse-Lautrec, não glorifica estas prostitutas, antes pelo contrário, pois também  no mundo dele a realidade é bem dura, posto que durante toda a vida sofreu imensas dores devido à sua deficiência física, sendo que para o fim da vida foi várias vezes internado devido a variados  ataques e delírios mentais.
Como tudo o que saia das mãos deste pintor esta é uma tela extremamente realista e muito bem executada. Um quadro  magnífico!
Esta  obra  realizada em 1894, pode ser vista no National Gallery of Art em Washington DC.

quinta-feira, abril 24, 2014

A Dois Passos do Estrelato

Raras são as vezes que esteja em cartaz dois documentários do calibre de "O Acto de Matar"  que já abordei aqui em post anterior  e A Dois Passos do Estrelato.
Este último foi o vencedor do Óscar deste ano na categoria de Documentário e numa luta com "O Acto de Matar" considero que este deveria ter saído vencedor sem que contudo eu esteja a desmerecer o documentário de Morgan Neville que considero muitíssimo muito bem realizado e a espaços há cenas em que o poderio daquelas vozes é tal que é impossível ao  espectador não ficar com os pelos da nuca arrepiados.
A meu ver este A Dois Passos do Estrelato saiu vencedor nos Óscares, porque o que aqui estava em causa era dar  alguns bons minutos de fama a quem esteve sempre arredado dela e se há alguém que o mereça são este conjunto de mulheres cujas vozes vêm directamente do céu para a terra e aqui se quedam, suportando como vozes de coro, a fama e o estrelato de muita gente famosa e que por vezes dei por mim a pensar durante o documentário que quem deveria estar ali a frente do palco eram elas e não aqueles que elas ajudam a alcançar fama eterna. 
O documentário é muito bom, muito bom mesmo e o que ali vemos são as chamadas vozes de suporte, um grupo de mulheres únicas no campo do poderio vocal e que contudo, muito pouca gente conhece e se falo em pouca gente estou-me a referir aos próprios norte americanos que ouvindo as suas bandas preferidas durante anos, nem desconfiam de quem são as vozes de coros únicos que suportam as vozes de vocalistas que vão de Mick Jagger, Steve Wonder, Sting, Aretha Franklin, Joe Cocker, Michael Jackson entre tantos outros.
São mulheres que raramente conheceram o estrelato para além dos 10 passos que ficam do vocalista de muitas bandas e que ao tentarem dar o salto quase sempre ou mesmo sempre acabaram por fracassar sem que para isso haja uma explicação cabal para tal acontecimento.
 O que Morgan Neville vai então fazer é dar o estrelato a essas poderosas mulheres como são os casos de Darlene Love (um autêntico furacão e por isso tem a sua marca no Passeio da Fama), Judith Hill, (uma promessa a concretizar) Merry Clayton,(é hoje professora de língua espanhola...uma pena!) Tata Veja, Lisa Fischer (simplesmente extraordinária...para mim a melhor de todas elas), e os irmãos The Waters (Luther, Maxine, Julia e Oren Waters).
É um belíssimo documentário, que nos demonstra os caminhos tortuosos da fama, e como ela pode ser uma bem oleada máquina para o sucesso ou para  o mais desolador fracasso.
Para quem gosta de música como é o meu caso, este documentário é ouro sobre azul.Lindo!

segunda-feira, abril 21, 2014

The Act of Killing

Gosto muito de ver documentários e por isso fui ver este The Act of Killing. Confesso que não estava preparada para tal documentário/filme. Eu já tinha lido muito acerca do mesmo  e até sabia que o mesmo se tinha batido taco a taco com o documentário "A Dois Passos do Estrelato", que também está em cartaz e tinha saído perdedor. É pena, porque sem ainda ter visto este último, asseguro-vos que este O Acto de Matar é para mim e para muitos um dos melhores documentários/filme que se fez até hoje.
 É um murro no estômago e talvez por isso na bilheteira o funcionário optou por me alertar sobre a natureza violenta do mesmo e digo-vos já aqui que a violência não passa pelos actos (também os há mas em encenação) mas mais  pelas palavras que ali são proferidas, visto que o que aqui se trata é a condição humana e como seres que se dizem humanos podem perpetrar actos da mais completa barbárie em defesa de um país e contra gente que "supostamente" era comunista, chinesa ou que simplesmente estava a viver no país errado.
 De facto, neste documentário que vemos são senhores da guerra (se é que à essas pessoas se pode colar tal designação) que imbuídos de uma pseudo verdade e em nome da defesa da sua pátria praticam durante anos as mais completas atrocidades, sem que o resto do mundo fizesse o que quer que fosse para pôr fim a tais actos.
 Estamos  em 1901 e Sukamo  era um nacionalista empenhado na independência da Indonésia em relação à Holanda, algo que conseguiu em 1945, tornando-se o primeiro presidente do seu país. Com o passar dos anos, a sua administração foi forjando alianças com os comunistas.
 Quando, em 1965, Suharto (1921-2008) liderou o golpe de Estado que conduziria à deposição de Sukarno, foi inaugurada uma era de repressão sem precedentes. Sob as novas ordens de Suharto, foram criados esquadrões da morte cujo objectivo era o total extermínio de comunistas, activistas de esquerda, chineses e todos aqueles que se opusessem ao regime. Os números apontam para cerca de um milhão e meio de mortos e desaparecidos durante esse período. Os autores de tal violência nunca foram responsabilizados e hoje são promovidos pelo Governo e vistos como uma espécie de heróis nacionais.
Décadas depois destes trágicos eventos, o documentarista norte-americano Joshua Oppenheimer chega à Indonésia determinado a fazer um filme sobre os sobreviventes e familiares das vítimas. Quando lhe é impossibilitado o livre contacto com essas pessoas, percebe que, por outro lado, tem acesso privilegiado a alguns membros dos esquadrões da morte. Para sua surpresa, estes homens, orgulhosos do seu papel na História do seu país, estão interessados em colaborar com as filmagens. Assim, Oppenheimer e os seus co-realizadores, a britânica Christine Cynn e um indonésio que quis manter o anonimato, filmam os protagonistas, que se assumem dando rosto e voz às suas histórias e encenando para as câmaras os terríveis eventos de que fizeram parte..
Quando o documentário acaba o genérico vai passando lentamente e sem música e o que ali vemos é o maior numero de anónimos que alguma vez uma ficha técnica teve, isto porque o terror infundido por esta gente é de tal ordem que ninguém que colaborou na realização do documentário quer-se expor,  até porque essa famigerada juventude "Pancasilha" ainda hoje existe e está bem activa nos seus actos de extorsão, violações, corrupção, roubos generalizados, etc, etc.
São donos e senhores de uma Indonésia, muito longe de algum dia poder ser uma democracia.
Chega a ser demencial ver aqueles homens simularem para as câmaras de filmar actos ( que os mesmos perpetraram com grande regozijo, satisfação e ao som de trombetas) que nem nos nossos pesadelos mais terríveis podemos julgar existir.
 Este documentário, que conta com Werner Herzog, Errol Morris, Joram ten Brink e Andre Singer na equipa de produção, tem feito carreira em vários festivais internacionais, tendo recebido o Bafta para Melhor Documentário e a tal  nomeação para o Óscar na mesma categoria., que infelizmente perdeu, pois se o tivesse ganho tinha talvez
 alertado mais as pessoas para o horror do que ali se passou e que de alguma forma ainda hoje continua a existir se bem que bem menos visível.
Um documentário imperdível.

domingo, abril 20, 2014

Parabéns Benfica

Como sou Benfiquista de coração não posso deixar de desejar aqui os Parabéns a este grande clube. Hoje a festa vai ser até cair de bordo!
Eu não vou, mas estou com os que vão festejar até o nascer  do dia!
Viva O Benfica

Feliz Domingo de Páscoa

Venho desejar aos meus queridos leitores

um Feliz e Divertido Domingo de Páscoa!

quarta-feira, abril 16, 2014

Budapest Hotel

Na semana passada fui ver o novíssimo filme  de Wes Anderson, o Budapest Hotel, desta vez com um argumento baseado no romance do romancista vienense Stefan Zweig e do qual o realizador presta homenagem no princípio do filme.
Seguidora da obra deste realizador desde que vi "Os Tenenbaums" e pertencendo à categoria dos que amam os seus filmes, não estranhei o que ali se passa, assim como adorei o  o seu muito suis generis posicionamento de câmara, os seus estranhíssimos personagens, aquelas paisagens, as caracterizações  e sobretudo o enredo.
A trope está lá toda  à excepção de Ralph Fiennes  que se não me engano é a primeira vez que trabalha com este realizador (e logo ficando com o papel principal),  F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Saoise Ronan e  Adrien Brody, num papel muito engraçado pois concentra em si toda a ganancia do mundo, típica de herdeiros ociosos e maldosos que são capazes de matar  para se apoderarem da fortuna de um membro da família mais idoso.
Gostei também de ver William Dafoe dar corpo a um psicopata servindo-se do seu rosto para uma caracterização impar, assim como amei ver Jude Law num papel que já nos habituou, o de narrador da história mas que é parte importante na mesma, assim como  Saoirse Ronan que está maravilhosa com aquela tatuagem na cara com o desenho do México.
Só mesmo Wes Anderson para caracterizar deste modo os seus personagens!
 Dessa sua  trope podemos ver Harvey Keitel Bill Murray, Edward Norton ,(um habitué dos filmes deste realizador) ,Jason Schwartzman, Jeff Goldblum, Léa Seydoux, Tilda Swinton, (irreconhecível sob camadas de maquilhagem e que a transfiguram por completo) Tom Wilkinson, Owen Wilson, entre outros.
Até os secundários são actores conhecidos. Penso que só amando muito os filmes deste realizador e a fama que advém dos seus filmes conseguem reunir um tão grande numero de gente conhecida. Todos estão bem, todos estão afinados como as cordas de um bom piano, a música acerta afinadamente com o desenrolar da acção.
 A história, é muito engraçada pois decorre na fictícia República de Zubrowka onde um Ralfh Finnes com bigodinho e muito empertigado faz de  Gustave H, "concierge" num luxuoso hotel, que dá nome ao filme e  que ao longo dos anos se foi tornando famoso  pela sua habilidade em  satisfazer os hóspedes mais exigentes, incluindo nesses favores os de cariz sexual com as suas hospedes mais velhas,  que o amam e  esse amor é  retribuído pelo mesmo.
Ao seu cuidado está Zero Moustafa,(o imperdível Mathieu Amalric), um jovem e muito dedicado paquete que tem por ele uma admiração sem limites e que sonha seguir o seu exemplo. Apesar da crise económica e instabilidade política da época, tudo se passa com relativa tranquilidade até à morte de Madame D.,(a irreconhecível Thilda Swinton) amiga e amante de Gustave, e ao desaparecimento de um valioso quadro renascentista.
 Acusado injustamente de homicídio e roubo, ele está decidido a provar a sua inocência, limpar o seu nome e salvar o hotel da ruína que se avizinha. A ajudá-lo, terá o jovem aprendiz que, depois de tudo, passou a ser o seu único amigo de confiança.
O mais engraçado e que eu adorei, foi ver aquelas paisagens tipo Alpes Suiços, os  ascensores que parece que vão em direcção ao céu, aquele magnífico  hotel com escadas que nunca mais acabam, os quartos muito estranhos e sobretudo os  hóspedes que o habitam, para não mencionar o pessoal que os atende. Só a sala de jantar onde parte da acção decorre é de ficarmos boquiabertos, pelas suas cores  vivas que vão fazer perfeito contraste com a neve que cai durante parte da acção, mas que nem por isso refreia aquela gente que parece electrica.
A acção é non stop, e o mais incrível é que apesar do espaço enorme do hotel e da imensidão de gente o realizador nunca perde o norte e consegue até ao fim contar uma história perfeitamente perceptível e onde no fim tudo se encaixa perfeitamente.
Adorei este Budapest Hotel e recomendo-o vivamente.

segunda-feira, abril 14, 2014

Mobile Lovers

Mobile Lovers.
 Este é o novo  graffiti do artista  de rua  Banksy. O título diz tudo.

segunda-feira, abril 07, 2014

Um Bom Spot Publicitário

Nascido para a Internet.Fantástico!

Uma Fatia de Bolo


Há tempos, fui num fim de semana a  um centro comercial, nos arredores da cidade de Lisboa almoçar com uma ex colega e amiga. Ela nunca tinha comido sushi, eu gosto muito e fomos lá para ela se introduzir nesse mundo de comida saudável e em que o peixe é rei e senhor. Ela como não sabia comer com pauzinhos, não teve problemas nenhuns porque eu fui já munida de uma pecinha em plástico que se coloca em cima dos ditos pauzinhos e voilá, parece uma pinça e para quem não saiba manejar os pauzitos isso resolve  muito bem o problema. A questão mesmo é escolher , porque tudo é bom, tudo é saudável e só pensamos mesmo é enfardar aquilo que está ali à nossa disposição no menu. Pena é o preço, porque sushi e preços baixos não combinam. Pode ser que se venham a acasalar num futuro próximo…mas duvido muito. Bem, ela adorou tudo e depois de comermos como se não houvesse amanhã, tínhamos que tomar um cafezinho para a coisa esmoer. Também havia a hipótese de andarmos pelas lojas do centro, mas como a tentação e gastar dinheiro em algumas pecinhas de roupa ou em algumas inutilidades para as dedos, o pescoço, pés e afins era muito grande e o dinheiro tinha ficado todo no bendito do restaurante  japonês optamos por ir mesmo é tomar café, sentarmos o rabiosque  numa cadeira e ficarmos a trocar novidades, uma vez que já não nos víamos há algum tempo. Percorrermos o centro a procura de um sitio confortável  e eis que essa minha amiga diz que o que lhe apetecia mesmo era ir ao Starbucks tomar um capuchino, coisa que ela nunca tinha feito. Eu avisei-a que as coisas por  lá eram para o carote, mas como dias não são dias entramos. Eu conheço bem o espaço porque há uns anos foi o Starbucks que me safou aquando de uma viagem a Hong Kong, visto que  por essa altura fui tomada de  uma vontade incontornável de tomar café  e comer cup cakes e só mesmo nesse café pude satisfazer os meus apetites. Lá como cá e desconfio que por todo os países onde esta marca está implantada, os preços são muito elevados e só mesmo a vontade descontrolada de tomar café e uns belos capuchinos é que me fazem entrar ali. Realizamos o pedido à prestável funcionária que nos atendeu e olhando a montra dos bolos dei com uma fatia de bolo com muito bem aspecto e que tinha o nome de bolo de cenoura  e especiarias Aquilo estava mesmo a chamar por mim, mas quando olhei o preço ia tendo uma coisinha má, visto que com aquele dinheiro eu em qualquer outro café comparava uma fatia de bolo  e tomava um galão e ainda sobrava troco. A custo desviei o olhar e fiquei-me pelo descafeinado e a minha amiga pelo capuchino. Cada uma de nós deu o nome à funcionária (uma bizarria do Sarbucks), dirigimo-nos à ponta do balcão para levantar as bebidas e sentamo-nos mesmo junto ao dito cujo, posto que só ali havia lugar uma vez que o espaço estava enxameado de nerds e não só... que vão para ali mais os seus gadgets informáticos, teclarem furiosamente, presumindo eu que conectados a paginas de facebook e afins. Se calhar eram todos desempregados, visto que a senhora Jounet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, saiu-se com uma há dias dizendo que os desempregados passam o dia nas redes sociais procurando amigos que nunca vão encontrar...acrescentando ainda outras alarvidades do género. No ver desta santa senhora, o desempregado tem de ser sempre um pobre coitado que nunca deve sair de casa a menos que seja para procurar o ganha pão, ter o cuidado contínuo de desligar o pc a menos que seja para procurar emprego,  resistir à tentação de cair nas malhas das redes sociais  ou então num caso mais extremo, deve é cair numa depressão profundíssima, posto que só assim estamos perante um genuíno desgraçado. social.Enfim....  
Bem, o que é certo é que as pessoas que ali estavam, desempregados ou não,  estava silenciosa à frente dos seus computadores e mesmo os que estavam acompanhados falavam muito baixinho imersos num mundo só deles, alheios a tudo o que se passava em redor. Ficamos ambas a falar sobre vários assuntos e eu de vez em quando ia mirando as fatias de bolo que olhavam para mim e sorriam descaradamente, principalmente a do bolo de cenoura. Não pude resistir, sou mais ou menos como o Oscar Wilde que dizia que “resistia a tudo menos à tentação” e levantando-me pedi à funcionária que me desse o raio de uma fatia de bolo. Vindo a mesma para a mesa dividia-a em dois e cada uma de nós comeu um pedaço. O bolo é muito bom, muito bom mesmo, mas penso que não justifica o preço, nem pouco mais ou menos. Comi a tentação devagar, saboreando todos os ingredientes e já com a ideia de chegada a casa fazer um bolo e degustá-lo no remanço do lar sem culpas de estar a dar uma fortuna por algo tão pequeno, visto que as fatias até são bem finas. Bem dito, bem feito. Depois de sairmos dali, (ah…pagamos um dinheirão por aquela loucura toda), vim para a net pesquisei páginas e páginas com receitas, vi mais ou menos o que a coisa levava, vi inclusive um post que falava sobre alguém que também tinha achado o dito bolo  do Starbucks bom mas caro ,(amiga, estou contigo!) fui ao supermercado, comprei os ingredientes vim para casa e fiz o bolo.Saiu perfeito!Tal e qual o outro e com a benesse de o ter todo para mim. Saiu até melhor. Não é tão doce, sabe mais a especiarias e satisfaz-me plenamente. O meu homem achou o raio do bolo divinal, também quer que eu faça um só para ele, para ele comer tudo de uma assentada e gasganeiro como ele é eu sei que ele é bem capaz disso.Estou a escrever este post, com a barriguinha cheia de um doce pecado que acompanhado com um cházinho, transformou o meu dia numa bela experiência gastronómica. Tenho a casa toda a cheirar a especiarias, uma das coisas boas deste bolo. E pronto, e mais não digo.

terça-feira, abril 01, 2014

Edvard Munch-Raparigas sobre uma Ponte

Já aqui abordei em posts anteriores algumas das obras de Edvard Munch um pintor norueguês que eu amo de coração, posto que as suas obras para mim são quase indecifráveis, pois recriam os seus estados de alma que como todos sabemos eram muito instáveis. Talvez por isso para mim seja muito difícil categorizar este pintor cujas pinceladas são tão livres e ao esmo tempo tão suas que fazem dele um artista único no panorama da pintura mundial .Edvard Munch tinha também outra característica interessante que era o de recriar uma tela várias vezes e o exemplo disso este "Raparigas sobre uma Ponte". Pessimista por natureza os quadros de Munch são por vezes algo sinistros e carregados de simbolismo que o espectador nem sempre capta à primeira ou mesmo à segunda vista. Procurava através dessas telas exprimir e talvez exorcizar as suas preocupações e isso fez dele um precursor do expressionismo do norte da Europa, visto que foi um artista cuja principal intenção era afirmar-se em termos emocionais, submetendo todos os elementos de uma tela a esse objectivo. Assim, Munch conseguia a proeza de pintar algo que à primeira vista parece totalmente inócuo, mas que se repararmos com atenção há sempre um elemento algo assustador como é o exemplo máximo o seu quadro "O Grito". Há muitas versões de "Quatro Raparigas sobre uma Ponte".Mostro aqui algumas delas. Talvez por Munch mostrar alguma obsessão por este tema poderemos achar que algo se agitava dentro dele, pois cada uma das obras vai mostrando um elemento cada vez mais estranho. As raparigas todas elas magas e jovens, aproximam-se ou afastam-se da água.




Em quase todas as telas, elas estão tão juntas que quase formam um corpo só. Estão imersas no seu mundo e desligadas de tudo. Conversam entre si o olham para a água.O elemento fundamental é o corpo e as cores garridas dos seus vestidos.Constrangidos, sentimos que a água deve representar alguma coisa. Elas estão em cima da ponte (outro elemento caro ao pintor) e as formas sombrias e pesadas do futuro assomam ao longe. Há uma frondosa árvore cuja sombra negra se projeta ameaçadoramente na água do rio. Contudo, não deixa de ser estranho que decifrar todo os eu significado equivaleria a reduzi-lo. Não podemos deixar de notar que Munch é um simbolista cujas ideias funcionam a nível subliminar. Quanto maior for a sua infelicidade, mais abertamente autobiográfica se tornou a sua arte.
Em 1908 começou a sofrer de uma grave doença mental e, embora nunca mais voltasse a sair da Noruega, onde viria a falecera sua indiscutível originalidade teve um grande impacto na geração seguinte de artistas. As obra aqui mostradas foram realizadas entre 1898 e 1900.