quarta-feira, dezembro 27, 2017

Baseado numa História Verdadeira

Foi com genuíno prazer que vi esta novíssima obra do realizador Roman Polanski de seu nome A Partir de uma História Verdadeira
O filme é uma adaptação ao grande ecrã da obra homónima da escritora francesa Delphine de Vigan, vencedora do Prémio Renaudot (2015), um dos mais importantes prémios franceses de literatura.
Por sua vez, o argumento  deste thriller psicológico, foi escrito por Polanski (Repulsa/ O Escritor Fantasma/O Deus da Carnificina/ Vénus de Vison...) em parceria com o grande Olivier Assayas e o filme foi apresentado fora de competição no Festival de Cinema de Cannes 2017.
Tendo o espetador de estar com imensa atenção ao que se passa no ecrã, pois nada é o que parece, o que ali vemos é a história de Delphine, uma escritora profissional que   durante uma  sessão de autógrafos do seu novo livro  conhece uma elegante e sofisticadíssima mulher  (a sempre espantosa Eva Green) que se diz sua confessa admiradora e que de um momento para o outro se insinua na sua vida acabando por dominá-la por completo, numa relação a dois cada vez mais estranha e  doentia.
O espetador vai de surpresa em surpresa, de estranheza em estranheza das situações até ao fim, e penso que a interpretação desse mesmo fim ficará a cargo de cada um de nós, visto o realizador não dar muitas pistas para tal, a exemplo do que acontece no livro.
 Eu cheguei a uma conclusão e quem ia comigo a outra. Amei o filme do principio ao fim e sem querermos acabei por  fazer uma ligação direta ao Escritor Fantasma, filme também deste realizador, posto que o  que ali vemos são as dores,torpezas e zonas sombrias  da criação literária, sendo que aqui neste seu último filme essas dores e zonas sombrias  são levadas até ao limite extremo. 
Um excelente filme feito por um grande realizador, com uma fantástica Emmanuelle Seigner, uma espantosa Eva Green e o sempre seguro Vincent Perez. Imperdível!

sábado, dezembro 23, 2017

Desejo de Boas Festas

VENHO DESEJAR AOS MEUS QUERIDOS LEITORES UM SANTO E FELIZ NATAL!
Antonio Becarelli-A Adoração dos Pastores

terça-feira, dezembro 19, 2017

Um Roda Gigante

Há muito tempo que não gostava tanto de um filme do realizador Woody Allen como gostei desta sua última obra, Roda Gigante, com uma incrível Kate Winslet (eu dava-lhe já um Óscar por este papel) um renovado Jim Belushi, uma muito boa e segura Juno Temple, um surpreendente Justin Tinberlake (sim...esse mesmo o cantor de música pop) como  competentíssimo narrador da historia. 
Passado na década dos anos 50 e num ambiente de feira e de praia, Coney Island, sitio para onde convergia toda a gente durante o verão, o que ali vemos é o amor, o desamor, a traição matrimonial, o amor filial de um pai para com uma filha reaparecida, um miúdo com tendências pirómanas e que poderia ser o elemento mais cómico se não fosse tão trágica e insondáveis as suas motivações, gansters e sobretudo personagens à beira do esgotamento emocional e nisso a personagem de K.Winslet está perfeita, numa Ginny capaz de tudo para segurar uma paixão que lhe dá ânimo para conseguir levar a sua desesperante vida por diante. É ao mesmo tempo um filme pesado e triste e que nos incomoda até bastante, porque o desamparo de todos aqueles personagens acaba por  nos dar autênticos apertos no coração e pensar o quão é difícil a busca do amor. Está de parabéns W.Allen, assim como os atores que dão o corpo a tão interessantes personagens.
Um filme imperdível,  a todos os títulos, desde a história muito bem urdida, até à fotografia que é belíssima ,passando pelo guarda roupa que é um primor.

sexta-feira, dezembro 15, 2017

Uma Derradeira Viagem

Gostei muito deste Derradeira Viagem, filme baseado na obra do escritor norte americano Darryl Ponicsan e que já teve há uns anos atrás uma outra versão com Jack Nicholson, Randy Quaid e Otis Yong nos principais papéis.
Realizado por Richard Linklater, o mesmo do oscarizado Boywood, e com  Bryan Cranston, Steve Carell e  Lawrence Fihsburne, o filme mostra-nos a viagem de três amigos dos tempos da Marinha até à terra de um deles para sepultar o filho morto da guerra do Iraque. Ambientado nos anos de 2013, o que aqui vemos é as sequelas da guerra do Vietname sobre estes três homens, uma ferida nunca sarada que se vai ligar à guerra do Iraque num trágico e senpeterno retorno. Esta viagem primeiramente por carro e depois por comboio vai reaproximar estes três personagens que a vida se tinha encarregado de afastar, mas que pelos diálogos vamo-nos apercebendo que muito ainda tinha ficado por ser feito e por ser dito.
O papel mais contido vai ser entregue a Steve Carell o pai que vai a enterrar o seu filho morto de uma forma absolutamente trágica o típico exemplo de alguém que morre por estar "no sitio errado na hora errada", agravando ainda mais essa perda. 
Lawrence Fihsburne é para mim o mais interessante personagem do filme, no papel de alguém que se entregou a Deus, precisamente para fugir dos vícios adquiridos nesses tempos agitados da Marinha e que agora casado e pai de família se vê enredado um pouco a contragosto  nesta tragédia familiar. 
Por sua vez o excelente Bryan Cranston, a personagem mais truculento deste trio, mas o locomotive de toda a acção é aquele que numa primeira vista parece ser o mais insensível de todos e o mais detestável, mas que o passar do tempo vamo-nos apercebendo que é ele a cola que os vai unir aos três, alguém indispensável para fazer andar as coisas, visto aquele pai ter caído na mais profunda apatia e tristeza e aquele padre constantemente  questionar o seu papel naquela viagem. Só ele "Sal" consegue fazer o com que as coisas andem e no fim vermos que toda a sua iniciativa vai de encontro ao desejo derradeiro daquele jovem que antes de morrer escreve uma carta ao pai que é lida na cena final. É um filme em que também vemos como todo o cerimonial de homenagem aos seus mortos na guerra, é algo de bastante caro aos americanos, assim como vemos o inicio do uso dos telemóveis e da internet, algo muito bem visto pelo realizador. No fundo, gostei muito deste derradeira Viagem.
É um filme pesado, triste, mas estranhamente esperançoso, quanto mais não seja por no fim verificarmos que independentemente de tudo o que possa acontecer de trágico na vida daquelas personagens, perdurará para sempre a amizade que os liga aos três.

quarta-feira, dezembro 13, 2017

Bartolomé E.Murillo- A Adoração dos Pastores

Nesta obra aqui apresentada do pintor Bartolomé Esteban Murillo (1617/1682),obra essa de tendência acentuadamente naturalista, podemos ver a Virgem mostrando o Menino aos pastores.Este e sua Mãe estão bastante iluminados, tendo Murillo preferido deixar São José na penumbra. 
Junto deles, vemos dois  pastores e uma pastor que entregam as suas oferendas: uma galinha, um cordeiro magnificamente bem pintado e ovos. Este pintor confere nesta obra um grande realismo às figuras, sobretudo na zona dos pés sujos do pastor que aparece em primeiro plano. Já Caravaggio fizera o mesmo em algumas das suas obras  mostrando uma influência deste último sobre Murillo.
 A Virgem Maria vestida de cores vistosas, azuis, amarelos e ocres, é a que primeiramente capta a nossa atenção, já que a luz incide sobre ela de uma forma mais intensa em detrimento dos restantes personagens em cena. Estes aparecem algo esbatidos numa obscuridade de tons castanhos e pardos. 
A palha do estábulo é um claro exemplo do minucioso trabalho do artista, pois somos capazes de ver perfeitamente as suas fibras.O pano que envolve o Menino é de um branco alvo símbolo de pureza
 assim como os ovos oferecido pela idosa  pastora.
Esta obra magnífica (óleo sobre tela), representa para mim um bom exemplo da época natalícia e está a meu ver soberbamente executada por Bartolomé Murillo.
A mesma pode ser vista no Museu do Prado em Madrid.