quarta-feira, abril 19, 2017

Negação

Apesar da critica ter malhado fort e e feio neste Negação, filme do inglês Mick Jackson, eu gostei muito do mesmo. Considerei-o muito bem feito, com interpretações muito bem conseguidas de Rachel Weisz, Tom Wilkinson (gosto imenso deste ator) e de Timothy Spall, que há uns tempos nos brindou com uma interpretação genial do pintor Turner. 
Passado em ambiente de um tribunal londrino onde historiadora norte americana Deborah E.Lipstadt, especialista no Holocausto vê-se compelida  a ter de enfrentar através de uma barreira de geniais advogados, David Irving, um negacionista do Holocausto, que afirma o mesmo ser uma farsa inventada pelos próprios para disso tirar dividendos e que acusa a historiadora de o ter difamado num livro publicado pela mesma.
O que acontece aqui, é que ao contrário do sistema norte americano, na Gra-Bretanha é o réu, neste caso  Deborah Lipstadt quem tem de provar a sua inocência e a falsidade das acusações de Irving e não o contrário. Assim esta historiadora vê-se envolvida no meio de uma disputa legal que se prolonga por meses, onde a tese dos seus advogados vai ser o de destruir as bases negacionistas de Irving, provando a veracidade de uma das manchas mais negras da história da humanidade.
Considero que o filme não tem pontos mortos, está muito bem construído, tem como disse acima boas interpretações dos actores em causa coadjuvados compor outros que dão o litro conseguindo assim um filme que se vê muito bem. O filme tem por base o próprio livro desta historiadora norte americana e judia  intitulado de History on Trial: My day in Court With Holocaust Denier.
Um bom filme que recomendo veementemente, quanto mais não seja para podermos ver o quão fina é a porta que separa aquilo que é verdade daquilo que a história pode apagar sem deixar qualquer testemunho às  gerações vindouras. Um filme que dá que pensar.

domingo, abril 02, 2017

A Vigilante do Amanhã

No que respeita a filme de ficção científica (que eu adoro como já o disse no post anterior) quando se mete japoneses, filmes baseados nos  mangás, imagens futuristas,bons actores como é o caso da Juliete Binoche, e já agora a Scarlett Johansson a dar forte e feio nos maus da fita, ponho-me no cinema em menos de nada. E foi o que fiz com este Ghost in The Shell: A Vigilante do Amanhã.
Adorei o filme, adorei a fotografia, a história, os actores, os efeitos especiais que nunca superam a narrativa (coisa rara hoje em dia), assim como aquela cidade do futuro do ano 2029 em que a publicidade das cidades  é feita em três dimensões(caminharemos para lá?), as ruas sempre apinhadas de gente (lembram-se do Blade Runner?) constante chuva a cair e onde já não distinguimos quem é gente e quem é robot, ou uma mistura de ambos.
Achei este Ghost in Shell um grande filme e que superou tudo o que eu estava a espera deste realizador,  Rupert Sanders, o mesmo de A Branca de Neve e o Caçador, mas que aqui no filme esta semana estrado sob bem alto a fasquia em termos cinematográficos. O filme começou por ser de S.Spilberg, mas que por motivos diversos, foi adiando o projecto ate o entregar a Sanders que o vai desenvolver com a ajuda de outros estúdios cinematográficos.
Para além da presença surpreendente nesta andanças de J.Binoche, que numa primeira instância começou por recusar por não se sentir confortável neste tipo de filmes,acabando por aceitar  papel (magnifico como sempre)  pela insistência do realizador, o mesmo vem também envolto em controvérsia devido à escolha da actriz principal, uma vez que na mangá original (banda desenhada japonesa) a mesma é interpretado por uma japonesa.
Eu acho que a mesma não tem razão de ser. Scarlett Johansson vai muito bem e penso que isso de ser uma japonesa ou uma americana não tira mérito ao filme. Vivemos num mundo globalizado em que essas coisas não podem ser consideradas desta forma, até porque se formos a ver poucos são os actores ocidentais que por lá andam, posto que a sua maioria são japoneses, pois o filme é uma parceria entre estúdios, americanos/japoneses e franceses.

Vida Inteligente

Eu de facto não entendo o porquê de certos filmes começarem com premissas tão boas e que depois ao longo do filme vão sendo esbaratadas, chegando a um fim perfeitamente risível. 
Falo-vos deste Vida Inteligente, estreado em Portugal na semana passada, filme do realizador Daniel Espinosa o mesmo  do assustador A Criança 44, com Tom Hardy  e de Detenção de Risco, este com D.Washington e Ryan Reynolds, o mesmo actor que ele vai buscar para aqui se juntar à equipa de uma estação espacial, uma espécie de laboratório no espaço que recebe uma amostra vinda de Marte e que tem de a estudar, a ver se a mesma contêm  Vida/ Life do título original.
Sempre amei e continuarei a amar filmes de ficção científica e sempre que algum se estreia procuro ir vê-lo. Não sou fã das Guerra das Estrelas nem de Star Trek e afins.
 Esse tipo de ficção cientifica passa-me ao lado. Gosto de outro género de filmes de ficção científica (amei o Primeiro Encontro que abordei aqui em post passado) não sou grande apreciadora de sagas, à excepção da que se seguiu ao 8º Passageiro, se bem que alguns dos filmes após esse foram autênticos flops a meu ver. Esperemos o que se segue ao Prometheus, o muito aguardado Alien:Covenant que deve estrear em breve.  
Contudo, retomemos a este Vida Inteligente. Por lá andam o já citado R. Reynolds, Rebecca Ferguson, (a parceira de Tom Cruise e no último Missão Impossível), Jake Gyllenhaal,(que dispensa apresentações) Ariyon Bakare, Hiroyuki Sanada e Olga Dihovichnaya, esta última como a comandante da nave.
Se logo  nos primeiros momentos a tensão instala-se com a chegada da sonda vinda de Marte e  que trás aquilo que é o propósito daquelas pessoas na nave e a posterior descoberta de vida nas amostras trazidas, essa tensão aos poucos vai-se traduzindo no medo que a tripulação vai aos poucos sentindo ao deparar-se com algo que os ultrapassa e que quer viver a todo o custo, façam eles o que fizerem para a eliminar. Ela supera-os a todos e nada a detém.  Isso é percebido logo no início do seu estudo e até admira que gente tão inteligente que ali está naquela nave, não se tenha disso apercebido e tratassem a amostra como algo em que pudessem vir a interagir normalmente,enfim...
É aqui que entramos no campo da semelhança com outros filmes do género e que Alien é a comparação mais provável. A espaços dá-me ideia que estou perante o 8º Passageiro mas uns bons furos  muito abaixo e ao mesmo tempo que a comparação se vai instalando  o gosto em ver o filme vai-se diluindo e foi precisamente isso que aconteceu comigo.
 Dei por mim a fazer comparações e a pensar que de facto depois de o o 8ºª Passageiro, todos os filmes que querem mexer com formas de vida de índole agressiva e indestrutível esbarrarão sempre na comparação. É injusto dizer isso, mas a criatividade por Hollywood não é muita e penso que todos passaram a  mimetizar-se  uns aos outros. O que Ridley Scott fez foi criar um género que depois todos os outros ou copiam... ou nada criam. 
Os que tentam,  uns sabem fazê-lo, outros não,  e é aqui que reside o pecado deste Life. Copiaram  e deram-se mal. O elenco é bom, todos dão o litro, para conseguirem algo de credível, R. Ferguson e Jake Gyllenhaal estão uns furos acima dos outros, mas...e há sempre um mais.. o filme é a meu ver uma desilusão, sendo que este sentimento é exacerbado naquele fim absolutamente risível. Se o intento do realizador era mostra-nos que há coisas que o ser humano não deve mexer e essas coisas são formas de vida absolutamente desconhecidas então conseguiu os seus propósitos. Contudo, ouvi gente a dar umas belas gargalhadas no final e isso não é bom sinal para um filme com as pretensões deste Life.

A Bela e o Monstro

Adorei esta A Bela e o Monstro em versão "carne e osso" se bem que as personagens mais divertidas são precisamente o relógio, o candelabro,  o bule e o seu filhote a chávena, o roupeiro sempre  adormecido, o piano, enfim... todos aqueles seres maravilhosos que enchem o castelo assombrado.
Bill Condon o realizador já nos tinha dado o imperdível Chicago e o Dream Girl e por isso está muito à vontade nos musicais. Os atores como é o caso da Emma Watson e do Kevin Kline , como seu pai estão absolutamente divinais, passado pelo "monstro" que eu não sei como é que aquilo é feito, mas está de facto uma coisa do outro mundo. 
Ainda por cima o filme é divertidíssimo, tem piadas muito bem feitas, tem um ator fantástico e super cómico que é o Josh Gad como o Le Fou, tem o Luke Evans como Gaston, um narcisista do mais abjecto que possamos imaginar, tem o Ewan McGregor como "candelabro" que está maravilhoso, tem o ator Ian McKellen como um medroso relógio muito cómico, tem o Stanley Tucci como um piano sem muitas teclas, e tem a Emma Thompson que como bule é só a coisa mais amorosa que podemos ver. Fui ver a versão original e achei tudo bom, maravilhoso, uma versão inesquecível de um clássico intemporal. Ah... é verdade, tem o belo Dan Stevens como o príncipe. 
Se querem duas horas bem passadas é só ir ver este A Bela e o Monstro.