Um utilizador anónimo da Croácia recolheu fotografias espantosas e de grande impacto visual, que nos mostram a vida na cidade captada em pormenores magníficos: ‘Deterioração Urbana - Sodoma e Gomorra’.
O meu Blogue é um pouco de mim.Procuro através dele transmitir os meus gostos e as minhas ideias.Escreverei sobre aquilo que me vai na alma tendo sempre presente a máxima de Aristóteles que num belo dia disse: "Somos aquilo que fazemos consistentemente.Assim, a excelência não é um acto mas sim um hábito". O nome do meu Blogue é uma homenagem que faço a essa grande pintora do século XVI que foi Artemisia Gentileschi. Que Vivas para sempre Minha Deusa da pintura!
terça-feira, junho 28, 2011
sexta-feira, junho 24, 2011
Capela Sixtina-Miguel Ângelo
"Estou a viver em grande preocupação, submetido aos maiores esforços corporais, sem ter um amigo, embora não queira nenhum, e sem tempo sequer para comer o essencial".Este foi o angustiante relato da sua situação que Miguel Ângelo apresentou ao seu irmão em 1509.No ano anterior tinha começado a trabalhar na Capela Sixtina, capela essa que foi mandada construir pelo Papa Sixto IV de quem herda o nome.Esse local servia para as reuniões dos cardeais, para a celebração de missas solenes e para a eleição dos Papas. A abóbada da sala de reuniões dos cardeais , com uma área superior a 500m2, estava ornamentada com a pintura de um céu estrelado que Miguel Ângelo deveria substituir por uma decoração com modelos geométricos e com os doze apóstolos.Contudo, o artista não se contentou com este projecto, que segundo palavras suas se tornaria "numa coisa miserável", e apresentou ao Papa um programa totalmente diferente, com mais de trezentas figuras!Em vez dos apóstolos, Miguel Ângelo representou sete profetas e cinco sibilas ladeados por um grande número de outras personagens retiradas de nove livros do Antigo Testamento.Os profetas e profetisas estão sentados em tronos de pedra, a ler pergaminhos e a registar as suas previsões.A sequência das cenas nos painéis principais tem início do lado do altar, com a Criação; porém, Miguel Ângelo começou o trabalho do lado oposto.Ele pintou, por assim dizer, no sentido inverso à ordem cronológica dos acontecimentos representados.É impressionante o modo como as dimensões da personagens se transformaram, com o avanço do trabalho. Quanto mais ele se aproximava do altar, maiores e mais dinâmicas e robustas se tornavam as figuras.Ao fim de três anos e meio passados solitariamente sobre o andaime por ele construído, e após intensas e calorosas disputas com o Júlio II (de quem a capela herda o nome) por causa das suas pressões e impaciências, Miguel Ângelo apresentou oficialmente a grande obra à contemplação do clero, no dia 31 de Outubro de 1512.Refere-se que O Juízo Final, na parede do altar, foi pintado entre 1536-1541, segundo uma encomenda do Papa Paulo III.Esta obra de Miguel Ângelo tem particularidades notáveis. Por exemplo, o artista caracterizou a imponente figura de Joel, um dos sete profetas, com uma mestria tal, que a tensão interior da personagem ao ler o pergaminho parece ser sentida fisicamente.Na cena da Separação da Terra e da Água, um fresco com uma dimensão de 395x200cm, Deus aparece no céu cheio de dinamismo, como um turbilhão e ordena com gestos imponentes a separação da terra e da água.O forte efeito de profundidade é produzido porque a figura está representada em esforço.Outras figuras são também magnificas como é o caso da Criação do Sol e da Lua, assim como as incrível cenas da Criação de Adão, o Pecado Original e a Expulsão do Paraíso.
Mas entremos um pouco mais na técnica dos frescos.
Em Florença, Miguel Ângelo aprendeu a técnica do fresco com o seu primeiro mestre Domenico Ghirlandaio e, tal como o recente restauro da Capela Sixtina (1990-1994) o demonstrou, o artista levou-a, segundo as palavras do restaurador principal, ao auge da perfeição. O termo "fresco" deriva da palavra italiana fresco.O pintor do fresco tem de trabalhar sobre o reboco fresco. Só enquanto este estiver húmido é que se produz uma ligação química com a tinta para que a pintura adira de modo indissolúvel à parede após a secagem.Para pintar um revestimento húmido, que seca com rapidez, o pintor tem de trabalhar ininterruptamente e com muita precisão. Para além disso, só deve preparar a superfície de reboco que consiga pintar num dia. Se olharmos atentamente estes trabalhos diários, chamados de giornate, são perceptíveis no traçado deixado sob a pintura pelos sucessivos rebordos de argamassa. Pelas grandes superfícies de giornate, na pintura da Capela Sixtina, pode reconhecer-se a espantosa velocidade com que Miguel Ângelo trabalhava.Contudo, antes de se pôr em prática a pintura de parede, é necessário efectuar as respectivas reparações. Primeiro reveste-se a parede com várias camadas de argamassa. Geralmente, dá-se em seguida uma camada de reboco áspero e sobre esta um revestimento mais delicado e liso.É esta camada lisa que será finalmente pintada. O artista transpõe para a superfície húmida o desenho previamente feito, em tamanho original, num cartão.Coloca-o sobre a parede e polvilhado traçado perfurado do desenho com pó de carvão para copiar sobre a parede os contornos da sua composição.Os pigmentos têm de ser inteiramente triturados e misturados com a quantidade certa de água.Esta tarefa é, na maioria dos casos desempenhada por ajudantes ou aprendizes. Os retoques e os aperfeiçoamentos nas pinturas só podem ser efectuados sobre a argamassa al secco/seco.A pintura a seco é, no entanto, menos duradoura.O restauro mais recente dos frescos de Miguel Ângelo tornou-se imprescindível uma vez que a pintura se foi alterando ao longo dos séculos por acção do pó e partículas gordurosas.Isso ficou a dever-se não só ao uso de velas e candeeiros a óleo na capela papal, como também á poluição do ar, resultante do trânsito de automóveis em Roma. Para além disso, os frescos forma no século XVIII revestidos com uma forte camada de cola, que lhes deveria garantir uma boa conservação. A camada de sujidade instalou-se sobre o revestimento de cola encobrindo a pintura como se fosse um vidro de janela embaciado. Após a limpeza, as pinturas recuperaram a cor viva original para que o observador possa ter novamente uma ideia do esplendor da cor com que Miguel Ângelo decorou a Capela Sixtina.Para proteger futuramente os frescos,equipou-se a Capela Sixtina com ar condicionado que renova o ar em intervalos de menos de uma hora e filtra o ar poluído vindo de fora.H´+a a referir que no restauro dos frescos, o processo de limpeza é iniciado com água. Em seguida, coloca-se aos poucos bicabornato de amónio sobre as várias camadas de papel japonês, colado em retalhos pequenos. Por fim, o fresco é tratado com água destilada.
Estes magníficos frescos de Miguel Ângelo podem ser apreciados no Palácio do Vaticano em Roma.
Link para uma visita virtual a esta excepcional capela:http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html
quarta-feira, junho 22, 2011
In The Mood of Love/Disponível para Amar
Através da cor e da luminosidade o realizador Wong Kar-Wai constrói toda uma narrativa baseada nos simbolismos que daí advêm criando o seu próprio estilo. Cada cena é meticulosamente ensaiada e posteriormente filmada de forma a obter exactamente aquilo que visualmente pretende. Este homem é um daqueles cineastas perfeccionistas que assumem o cinema como forma de arte. O final só pode ser uma Obra Prima do cinema.É um dos meus filmes preferidos.Lindo!
“In the Mood for Love”/ "Disponível para Amar" em português, trata do amor platónico entre dois seres, Su Lin (Maggie Cheung) e Chow (Tony Leung). São vizinhos, ambos foram traídos pelos respectivos cônjuges e ambos não se podem ter um ao outro... É esta a premissa de um dos melhores e mais originais romances da história do cinema, filmado com mestria pelo mestre da arte visual, Wong Kar-Wai e lançado no longínquo ano de 2000.Um filme intemporal.Para vermos de vez em quando, e limparmos os olhos de tanta coisa ruim que por aí anda.
Um dos Filmes da minha vida.
Um dos Filmes da minha vida.
Etiquetas:
In The Mood of Love/Disponível para Amar
terça-feira, junho 21, 2011
segunda-feira, junho 20, 2011
Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 2
Estreará dentro em breve em Portugal o desfecho da saga Harry Potter.Este desfecho far-se-á com a segunda parte da filme estreado em Novembro do ano (Relíquias da Morte-Parte I). Agora nesta continuação temos um Harry Potter, Rony e Hermione bem mais adultos e agressivos que voltam a Hogwarts, agora sob o comando do Professor Snape, para encontrar e destruir as últimas Horcruxes, as famosas relíquias que guardam pedaços da alma de Voldemort, e assim derrotar de uma vez por todas o mais temido bruxo das trevas. Mas a tarefa não será nada fácil, pois Voldemort e seus Comensais da Morte também dirigem-se para lá, transformando a escola na principal frente de batalha. Agora alunos e professores precisam de lutar ao lado de Harry e, mesmo contando com os melhores amigos ao seu lado, Harry sabe que ele é o único capaz de matar este sinistro e maldoso Lord das Trevas e restaurar a paz no mundo .O filme traz novamente a direcção de David Yates (“Harry Potter e a Ordem da Fênix“), o guião é de Steve Kloves e a produção está a cargo de David Heymann e de David Barron (estes três últimos responsáveis por toda a saga Harry Potter) e da criadora de Harry Potter,a milionária J.K. Rowling. No elenco principal temos Daniel Radcliffe (Harry Potter), Ralph Fiennes (Lord Voldemort), Emma Watson (Hermione Granger), Rupert Grint (Rony Weasley), Helena Bonham-Carter (Bellatrix Lestrange), Allan Rickman (Severo Snape), Bonnie Wright (Gina Weasley), Tom Felton (Draco Malfoy), Michael Gambon (Alvo Dumbledore), Gary Oldman (Sirius Black), Robbie Coltrane (Rúbeo Hagrid), Jason Isaacs (Lúcio Malfoy) e David Thewlis (Remo Lupin).Parece-me que com este Harry Potter e as Relíquias da Morte-Parte-2 dar-se-á um fim ao Harry Potter e amigos.Fecharão Hogwarts para sempre?Espero bem que sim!
Henri Toulouse-Lautrec-Jane Avril a Dançar
O quadro que aqui aparece é um cartão que foi realizado pelo pintor francês HenriToulouse-Lautrec na sua maturidade, quando o artista começava a consolidar a sua carreira, graças aos cartazes publicitários que, a partir do ano de 1891, o tornaram famoso.Frequentador assíduo de vários cafés-concerto da vida nocturna de Paris, o artista tinha como principais modelos as actizes e bailarinas, como é o caso de Jane Avril, uma das grandes estrelas do mítico Moulin Rouge.Filha de uma prostituta, que morreu demente, e de um nobre italiano, era a bailarina mais admirada da quadrilha naturalista, derivação do can-can que terminava com a famosa abertura de pernas.Aqui, no instante captado pelo artista ela encontra-se a dançar este número, rodeada pelas mesas redondas onde os clientes se sentavam.Um par de espectadores parece estar a conversar, animadamente e absorto, atrás de uma delas.Assim a linha solta, rápida e dinâmica de Toulouse-Lautrec está perfeitamente visível nesse par de espectadores caracterizados apenas com alguns traços, por sua vez a capacidade do artista para captar o movimento é evidente nesta obra. As pernas de Avril apresentam a sua dança arrebatadora, e os pequenos toques de pincel que as rodeiam conferem grande dinamismo à cena.Uma curiosidade a ter em conta na vida deste grande pintor foi que Jane Avril foi a única bailarina que soube apreciar os desenhos do artista, embora os tenha vendido, no final da sua vida (consumida por uma neurose maníaco-depressiva), por um preço irrisório, para se poder sustentar. H.Toulouse-Lautrec apresentou-a diversas vezes, entre elas no famoso cartaz do Divan Japonois, de Paris, (que poderá apreciar mais abaxio, assim como um filme que mostra algumas das obras deste grande pintor francês). Esta obra intitulada de "Jane Avril a Dançar",foi realizada pelo artista por volta de 1892, tem 85,5x45cm e é óleo sobre cartão.
Etiquetas:
Henri Toulouse-Lautrec-Jane Avril a Dançar
domingo, junho 19, 2011
sexta-feira, junho 17, 2011
Ticiano-Vénus ao Espelho
Ticiano (1490/1576), gostava tanto deste quadro que o conservou toda a vida, até que aquando da sua morte,o mesmo acabou sendo vendido pelo seu filho Pomponio a uma família veneziana.O quadro deu muitas voltas e chegou mesmo a pertencer ao Czar Nicolau I da Rússia, muito antes de ser incluído na colecção da National Galllery of Art de Washington, onde se conserva até hoje.A imagem sensual da figura feminina identificada como Vénus, faz muito lembrar a Danae do Museu do Prado (que podemos apreciar mais abaixo), pintada pelo mesmo artista para Filipe II de Espanha.
Para esta Vénus ao Espelho,Ticiano criou um ambiente sofisticado, inbuído de alguma fantasia, para representar a cena mitológia.A deusa Vénus mostra-se seminua, cobrindo o seu peito com uma das mãos num gesto de pudor.Um sumptuoso e quente manto de veludo vermelho luminoso, forrado com pelo no seu interior e debruado com um lindo bordado, agasalha-a.Um pequeno putto coroa-a, enquanto outro segua um espelho, na qual a deusa está reflectida.As carnações iluminadas das personagens, especialmente claras na figura feminina, mostram-se com grande naturalidade, estando os contornos esbatidos de tal forma que atribuem uma sensação de volume às figuras da composição. Por sua vez,o rosto bonito da deusa adornado com jóias está em concordância com o ideal de beleza feminino de Ticiano.Com uma expressão serena, o seu olhar dirige-se ao espelho para poder admirar a sua beleza em todo o seu esplendor. de facto, um quadro magnífico!Esta obra de Ticiano intitulado de "Vénus ao Espelho" foi realizada por volta de 1555, é óleo sobre telas e tem a dimensão de 124,5x105,5cm e pode ser apreciado tal como referi no National Gallery of Art, em Washington.
Ticiano-Vénus ao Espelho |
Ticiano (1490/1576), gostava tanto deste quadro que o conservou toda a vida, até que aquando da sua morte,o mesmo acabou sendo vendido pelo seu filho Pomponio a uma família veneziana.O quadro deu muitas voltas e chegou mesmo a pertencer ao Czar Nicolau I da Rússia, muito antes de ser incluído na colecção da National Galllery of Art de Washington, onde se conserva até hoje.A imagem sensual da figura feminina identificada como Vénus, faz muito lembrar a Danae do Museu do Prado (que podemos apreciar mais abaixo), pintada pelo mesmo artista para Filipe II de Espanha.
Para esta Vénus ao Espelho,Ticiano criou um ambiente sofisticado, inbuído de alguma fantasia, para representar a cena mitológia.A deusa Vénus mostra-se seminua, cobrindo o seu peito com uma das mãos num gesto de pudor.Um sumptuoso e quente manto de veludo vermelho luminoso, forrado com pelo no seu interior e debruado com um lindo bordado, agasalha-a.Um pequeno putto coroa-a, enquanto outro segua um espelho, na qual a deusa está reflectida.As carnações iluminadas das personagens, especialmente claras na figura feminina, mostram-se com grande naturalidade, estando os contornos esbatidos de tal forma que atribuem uma sensação de volume às figuras da composição. Por sua vez,o rosto bonito da deusa adornado com jóias está em concordância com o ideal de beleza feminino de Ticiano.Com uma expressão serena, o seu olhar dirige-se ao espelho para poder admirar a sua beleza em todo o seu esplendor. de facto, um quadro magnífico!Esta obra de Ticiano intitulado de "Vénus ao Espelho" foi realizada por volta de 1555, é óleo sobre telas e tem a dimensão de 124,5x105,5cm e pode ser apreciado tal como referi no National Gallery of Art, em Washington.
Ticiano-Danae |
Etiquetas:
Ticiano-Vénus ao Espelho
quarta-feira, junho 15, 2011
Carlos, o Chacal
Desde o início, este filme de Olivier Assayas, «Carlos, o Chacal» teve duas vidas: uma versão integral de cinco horas e meia, exibida em alguns festivais de cinema e destinada a ser emitida enquanto mini-série televisiva, e a versão remontada para exibição cinematográfica, de duas horas e meia, que está a estrear em todo o mundo já está em exibição em Portugal. Segundo Olivier Assayas, era a única forma de ser fiel à complexidade do protagonista cuja vida recria, Carlos o Chacal, tornando-o acessível ao grande público da salas de cinema.Assayas, que já assinou películas como «Clean» e «Irma Vep», tem em «Carlos» o filme mais elogiado da sua carreira, embora a estreia no Canal Plus o tenha colocado de fora de vários prémios cinematográficos, como os Óscares. O filme cobre todo o período que vai da integração de Carlos o Chacal nas fileiras militares palestinianas até à sua prisão no Sudão em 1994, passando pelas suas intervenções mais célebres como a operação no quartel-general da OPEC em Viena onde fez reféns todos aí presentes, no longínquo ano de 1975.Gostei muito do filme.Com uma pesquisa minuciosa de todo o período histórico que retrata, «Carlos» tem um dos seus maiores trunfos no seu protagonista: o venezuelano Édgar Ramírez,(muito bem caracterizado), até agora visto apenas em papéis secundários em filmes como «Ultimato» de Paul Greengrass ou «Ponto de Mira» de Pete Travis.A única critíca que tenho a fazer é que os "cortes" que foram necessários efectuar ao filmes, para a sua exibição nas salas de cinema, acabam por truncá-lo. Isso é visível na última hora do filme( este tem aproximadamente quase 3 horas de duração) em que o percurso familiar de Carlos,(após o seu casamento com Madalena Krupp), os seus atentados pós queda do Muro de Berlim, a sua lenta debilidade física ( o problema que padecia nos testículos) assim como a sua relação com os membros das brigadas terroristas alemães, não são mostrados. Ora, isso seria importante para percebermos o modo como ele vai parar ao Sudão, e a sua subsequente captura nesse país.Contudo, não se pode querer tudo, e aquilo que nos é mostrado é o suficiente para este Carlos ser considerado um dos grandes filmes do ano, para mim uma "obra prima do cinema", posto que esta reconstituição da vida deste notório terrorista playboy/psicopata/sanguinário inconsequente, é de longe do que de melhor se fez em cinema até hoje. Está de parabéns Olivier Assayas e toda a sua equipa técnica,assim como está de parabéns Édgar Ramires, um notável Carlos.
terça-feira, junho 14, 2011
Picasso-Guernica
Em 1936, Espanha estava mergulhada numa guerra civil. A República de Espanha, governada por um Governo Popular fraco, enfrentava a insurreição dos generais de direita comandados pelo general Franco. Espanha tornou-se assim um campo de batalha entre as forças internacionais comunistas e fascistas. Em Janeiro de 1937, o embaixador espanhol em Paris pediu aao pintor Pablo Picasso para contribuir com uma pintura mural para o Pavilhão espanhol da Feira Mundial de Paris.Picasso não ficou nada entusiasmado com o pedido, e deu uma resposta vaga.Contudo o ataque a Guernica mudou tudo.A 26 de Abril de 1937, as tropas republicanas juntaram-se na cidade basca de Guernica, no Norte de Espanha.Franco contou com a ajuda da Luftwafe nazi (força aérea), que queria testar os seus novos aviões e tinha trinta esquadrões estacionados nas proximidades. Os esquadrões eram tripulados por pilotos alemães que usaram uniformes espanhóis e ficaram conhecidos por Legião Condor. O bombardeamento da virtualmente indefesa Guernica pelos aviões nazis destruiu a totalidade da cidade e praticamente nenhum edifício ficou de pé. Depois do bombardeamento, as metralhadoras nazis dispararam sobre os civis que tentavam fugir. Assim que as notícias do massacre se espalharam, o mundo ficou num silêncio atordoado. A 27 de Abril, quando as notícias de Guernica chegaram a Picasso através da impressa mundial, restavam apenas 27 dias para a abertura da feira Mundial.As primeiras fotografias das atrocidades apareceram a 30 de Abril. A 1 de Maio, Picasso deu início aos esboços para o Mural do pavilhão espanhol da feira. Já não tinha dúvidas do que fazer.Enquanto trabalhava no mural disse: "A guerra em Espanha, é uma guerra da reacção, contra o povo, contra a liberdade.Toda a minha vida de artista tem sido uma linha contínua contra a reacção e a morte da arte. Na imagem que estou agora a pintar, a que chamarei Guernica, e em todo o meu trabalho recente, expresso o meu horror pela classe militar que está a mergulhar a Espanha num oceano de miséria e morte".A 11 de Maio,já com ideia do que ia realizar Pablo Picasso começou a esboçar a composição numa tela de três metros e meio de altura por mais de sete metros de comprimento!A pintura, inteiramente pintada a preto, branco e sombras de cinzento, só pôde ser terminada e exposta no pavilhão espanhol em Junho.Picasso criara uma das mais incríveis e perenes imagens do século XX e, possivelmente, o seu trabalho mais conhecido a nível mundial.No entanto, foi criticado, pelos fascistas, como seria de esperar, que lhe chamaram "degenerado", mas também pelos comunistas que classificaram a pintura como "anti-social e inteiramente estranha a uma saudável concepção proletária".
As figuras presentes em Guernica:No canto esquerdo da tela vemos uma mãe a gritar carregando o seu filho morto nos braços.Um soldado morto, ainda agarrado à sua espada partida, está estendido ao longo da base da pintura. O touro significa a máxima brutalidade usada naquele ataque e o povo está representado pelo cavalo que grita de dor.No lado direito da tela vemos uma figura que parece estar a ser consumida pelas chamas de um edifício a arder. Mais ou menos a meio da tela vemos uma figura de mulher que corre por baixo de uma outra que olha horrorizada, com o braço esticado segurando um candeeiro.E o olho/lâmpada?Um Deus impotente, que tudo vê e nada faz?Talvez.O que sabemos é que esta tela revela todo o horror de que a mente humana é capaz, a barbárie mais pura, é um libelo contra os horrores da guerra e que nos lembra que só o ser humano é capaz de infligir dor com o máximo prazer. Uma tela única e magnífica!Guernica, foi transferida para Nova Iorque durante a Segunda Guerra Mundial, e recebeu-se do pintor P.Picasso a incumbência da mesma permanecer nesta cidade até a sua Espanha natal ser um país democrático.Assim, após a morte de Franco a mesma foi levada do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa) , para Madrid.Isto deu-se a 9 de Setembro de 1981.A obra encontra-se actualmente exposta no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.
Amazing
This is projected on the facade of a building in Berlin. It's amazing. Watch in full screen to get the full effect!
domingo, junho 12, 2011
Édouard Manet - Almoço Campestre
O escritor Marcel Proust conta que certa vez quando Édouard Manet passeava nas margens do rio Sena em Argenteuil, ao observar um grupo de mulheres que tomavam banho no rio, exclamou: "Repara...parece que querem ser pintadas nuas (...).Pois bem, vou realizar um quadro (...) com uma atmosfera transparente, com personagens como aquelas que vemos ao longe.Certamente que me irão criticar, mas digam o que quiserem (...)".Em 1863, a sua tela foi apresentada no Salão de Artes de Paris, causando um enorme escândalo, visto que o tema,para espanto de muitos presentes, mais do que simples banhistas, parecia o encontro entre prostitutas e clientes.O júri recusou-a, tendo então sido incluída no Salão dos rejeitados! Originalmente, o quadro chamava-se "O Banho" e os seus modelos foram a família e amigos de Manet, como é o caso do seu irmão Eugène ou o escultor holandês Ferdinand Leenhoff.Durante muito tempo pensou-se que a mulher que olha para os espectadores de uma forma provocante fosse Suzanne Leenhoff , a mulher de Manet, contudo mais tarde percebeu-se que se tratava da modelo preferida do artista,Victorine Meurent.Esta figura de mulher escapa a qualquer definição alegórica ou até mitológica, posto que está tratada com um realismo pleno de sensualidade.Toda a composição deriva de uma gravura do artista M.A.Raimondi,"O Julgamento de Pàris", enquanto o estilo deve muito à influência de Goya e também de Velásquez, pintores que nessa época estavam a ser revalorizados pelos críticos e artistas mais modernos. A sua pincelada rápida justaposta iria ser um modelo para os impressionistas.Mas, nesta tela, o claro-escuro dos pintores espanhóis desaparece totalmente a favor de um tratamento novo da cor, que antecipa uma nova era para a pintura que antecipa o Impressionismo. Denominada mais tarde, de "Déjeuner sur l'Herbe", está obra fantástica de Édouard Manet é um óleo sobre tela, tem as dimensões de 2.08x164,5cm e pode ser apreciada no Museu D'Orsay em Paris.
M.A.Raimondi-O Julgamento de Pàris |
Édouard Manet |
Etiquetas:
Édouard Manet - Almoço Campestre
sábado, junho 11, 2011
X-Man-O Início
Estreará para a semana em Portugal o filme de Matthew Vaughn X-Man- O Início.O filme vem com boas referências até porque os actores são bons e a história também. O realizador, teve a brilhante ideia de ir buscar uma cena do primeiro filme realizado por Bryan Singer, (é um dos autores do argumento desta prequela a par de Jane Goldman), que é a cena que mostra o jovem Erik (Magneto) a separar-se da sua mãe em Auschwitz.Colocou também toda a acção a decorrer nos anos 60, tornando assim o filme numa prequela bastante apelativa.Pelo que me é dado a ver na apresentação do filme os argumentistas procuraram ser muito fieis ao espírito dos comic books da Marvel até no tipo de actores que aqui aparecem. Assim, para o papel de Xavier foi buscar James MacAvoy (Expiação e A Última Estação) e para o papel de Erik Lehnsheer, um actor em franca ascensão, Michael Fassbender (Jane Eyre). Assim temos no primeiro o Professor Xavier e no segundo o seu rival Magneto.O filme mostra o percurso de ambos enquanto jovens mutantes, o primeiro um calmo aristocrata britânico e o segundo um cientista, aprendiz de Sebastian Shaw, um cientista, no qual Kevin Bacon veste a pele magnificamente como sempre.Nesta prequela ambos os heróis tentam salvar o mundo da catástrofe nuclear,(crise dos misseis instalados em Cuba), assim como nos é mostrado a rivalidade de ambos: um seguindo o caminho da paz (Xavier) e o outro o caminho da violência (Magneto).Vemos aqui também o início da instalação por Xavier da escola/refúgio para jovens mutantes, a " Xavier’s School For Gifted Youngsters", assim como nos é dado a ver a evolução de Mistic uma das personagens queridas desta saga.Este X-Man- O Início, para além das boas interpretações (M.Fassbender está excelente) é um filme bem arquitectado, com boas cenas de acção, tem diálogos inteligentes e isso fica a dever-se não só ao realizador (já tinha demonstrado todo o seu engenho e arte no magnífico e imparável Kick Ass), como também na complexidade das personagens em confronto, principalmente a personagem Magneto.Foi um golpe de asa o realizador ter ido buscar o actor que interpreta esse "vilão", porque é no olhar na postura corporal de M.Fassbender que perpassa toda a perigosidade e imprivisibilidade do filme. Um filme a ver com atenção, para todos aqueles que como eu são apreciadores desta saga.
quinta-feira, junho 09, 2011
Les Paul
Les Paul, nome artístico de Lester William Polfus, guitarrista e pioneiro na construção e evolução de instrumentos musicais eléctricos, se fosse vivo faria hoje 96 anos.Les Paul nasceu a 9 de Junho de 1915 a faleceu a 12 de Agosto de 2009.Um virtuoso!
quarta-feira, junho 08, 2011
Miguel Ângelo-Escravo Moribundo e Escravo Rebelde
Os "Escravos", obras de Miguel Ângelo, hoje conservados no Museu do Louvre, chegaram a França por volta de 1550. O artista oferecera-os em 1546 ao florentino Roberto Strozzi como agradecimento por ter sido acolhido em casa deste, em Roma, por ocasião de uma grave doença. Strozzi levou as esculturas para o exílio, em Lyon, e ofereceu-as aos seu generais, mudando assim as esculturas de proprietário diversas vezes ao longo dos séculos seguintes, até serem, em 1794, compradas pelo estado francês e obterem o seu lugar definitivo no Louvre em Paris, onde podem ser apreciadas em todo o seu esplendor.Tinha sido originalmente decidido que os Escravos se destinassem à segunda versão do túmulo de Júlio II acordada em 1513 mas acabaram por ser substituídos pelas duas figuras, Lia e Raquel, também de M.Ângelo.É evidente que estas figuras (escravo rebelde e escravo moribundo), tinham um valor sentimental para Miguel Ângelo, uma vez que apesar da sua função decorativa, tinha sido por elas e pelo seu portentoso Moisés que ele iniciara os trabalhos do túmulo.Pouco tempo depois da sua criação deu-se início à discussão acerca do significado de ambas as figuras.O biógrafo de Miguel Ângelo,Vasari alegou, em 1550, que as duas estátuas deveriam representar as províncias subjugadas pelo Papa Júlio II. Este soberano belicista exercera, durante os eu pontificado várias campanhas contra províncias rebeldes na península itálica às quais as figuras poderiam ser alusivas.Condivi, discípulo de Miguel Ângelo, afirmou em 1553 que elas se referiam a uma outra faceta da personalidade do Papa e dos mecenas. Ele reconheceu nas figuras a personificação das artes que, devido à morte do Papa, teriam perdido o seu patrono ficando assim, acorrentadas.De facto, um macaco delineado por detrás do escravo moribundo, parece apoiar essa tese.No renascimento, a expressão latina ars simia naturae (a arte imita a natureza) era corrente.Por isso a moderna investigação deu a essas figuras a interpretação de natureza acorrentada.A designação de ambas as estátuas com o nome de Escravos, tem a sua origem no século XIX e é, ainda hoje utilizada.Por seu lado, Miguel Ângelo designou-os simplesmente por Prigioni, 'Prisioneiros', e caracterizou-os também como tal: enquanto as mãos do Escravo Rebelde estão atadas atrás das costas, o outro ainda traz as correntes no peito e no braço esquerdo.Miguel Ângelo criou um par completamente distinto: enquanto um deles luta com todas as forças contra as correntes, o outro rende-se.O Escravo Moribundo mantêm-se calmo e distendido e inclina a cabeça sobre o ombro, apoiando-a na mão. Embora a mão direita esteja sobre a correia colocada como uma faixa à volta do tórax, o seu objectivo não é parti-la.Este belo jovem descontraído e tranquilo, mais parece imerso num profundo sono do que na morte.Por esse motivo, também se designou a figura como Escravo Adormecido. Ao contrário do Escravo Moribundo, cada músculo do corpo enérgico do escravo Rebelde encontra-se em grande tensão nervosa. Ele dobra-se e torce-se, estica a cabeça para a frente, mas não consegue libertar-se dos liames. Esta figura ficou incompleta devido a um veio que atravessa o mármore desde a têmpera direita até ao ombro esquerdo. Miguel Ângelo interessou-se particularmente pela tema do prisioneiro. Nos seus poemas, ele utilizou muitas vezes a imagem da vida enquanto um "cárcere terreno".
Ambas as obras foram realizadas pelo artista em 1513, são em mármore têm 2.29cm (Escravo Moribundo) e 2.15cm (Escravo Rebelde) e podemos apreciá-las no Museu do Louvre em Paris.
Tecnologia Chinesa
Uma inovação da nova locomotiva chinesa: descer do comboio sem que ele precise de parar!
Não há tempo a ser desperdiçado. O comboio-bala está a mover-se o tempo todo. Se existem 30 estações entre Pequim e Guangzhou, parar e acelerar de novo em cada estação vai fazer perder energia e tempo. Uma paragem de 5 minutos por estação (passageiros idosos são naturalmente mais lentos) resultará numa perda total de 5 min x 30 estações, ou 2,5 horas de tempo de viagem do comboio.
Os chineses são inovadores o suficiente para chegar a um conceito de comboio sem paragens. Os passageiros embarcam, na estação, numa cabine conectora antes de o comboio chegar. Quando chega, ele não vai precisar de parar. Ele apenas diminui a velocidade para pegar a cabine conectora que se vai acoplar ao tecto do comboio.Depois dessa acoplagem, os passageiros deixam a cabine conectora e descem para o interior do comboio. Após o embarque, a cabine será movida para a traseira do comboio, para ser ocupada pelos passageiros que querem descer na próxima estação. Quando o comboio chega à estação seguinte, ele deixará a cabine conectora na estação. Os passageiros assim desembarcam na estação sem a necessidade de o comboio parar. Ao mesmo tempo, o comboio vai pegar os passageiros de uma outra cabine conectora, com novos passageiros.Assim, o comboio terá sempre uma cabine conectora na parte traseira do tecto (para desembarque) e uma cabine conectora na parte dianteira do tecto (para embarque) em cada estação.
Veja o vídeo ilustrativo.
terça-feira, junho 07, 2011
Nunca ouves o que eu digo!
Eu caminhava atrás.O casal à minha frente e em plena rua andava e discutia furiosamente. Ela rebuscava a carteira num frenesim típico de uma mulher que não encontra o que quer no emaranhado de coisas (coisas sempre muito úteis!) que qualquer uma de nós trás dentro de uma carteira.Ele olhava para ela, para trás, para frente...na esperança de ninguém estar a ouvir aquela discusão.
Ela: Não encontro o raio dos cartões!!!
Ele: Não é a andares e a procurares que os vais achar!É melhor pararmos e com calma veres isso, porque eu acho que os coloquei nessa carteira, já nem sei, tens tantas!
Ela:Parar? Atrasados como estamos?Não mudei de carteira, esta é a que estava em cima da mesa da entrada e se não colocaste aqui os cartões é porque és parvo. O que acontece é que ontem quando estavas 'repatanado' no sofá e eu a limpar o frigorífico e te pedi para ires colocar os cartões na minha carteira, não ouviste nada do que eu disse...porque tu nunca me oouves, tu nunca ouves aquilo que digo, e repito isso...tu nunca ouves o que eu digo!
Ele: E se falasses mais baixo? Queres que todos na rua oiçam e olhem para nós?Lá vem a lenga lenga de eu não te ouvir!
Ela:E não é verdade? Não me importo que olhem e oiçam, não estou a dizer nenhuma mentira!No que toca a mim és sempre surdo!
Ele: Só te repetes, só te repetes, pareces um disco partido...estou tão farto...tão farto!
Ela: Cala-te!... Temos é que voltar a casa porque não encontro a porcaria dos cartões!
Ele: Pois...sempre a mesma coisa...nada é normal!
Ela:A começar por ti!
Ele:Pois...
Eu:Pois...que raio de vida!
Stop Global Warming
O nosso planeta também respira. Ainda. No Dia Mundial do Ambiente, pense no que pode fazer para ajudar!Campanha da Global Warming Project concebida por Carmon Pelled e Guy Nattiv, da Publicis Ariely Tel-Aviv - Israel.Pequena mas Eficaz.
sexta-feira, junho 03, 2011
Frida Kahlo-Auto Retrato com cabelo cortado
A obra da artista mexicana Frida Kahlo (que já abordei aqui em posts anteriores), é toda ela constituída por quadros em que a vertente surrealista e a arte popular do México se entrecruzam de uma forma única.Contudo é difícil rotulá-la de surrealista, até porque a própria pintora sempre se opôs a esse tipo de categorizações, se bem que foi no contexto desse rótulo estilístico que ela atingiu fama considerável. Toda a sua obra tem por base a sua trágica vida, iniciada na sua juventude quando sofre um terrível acidente de viação que a marcará até ao fim dos seus dias. Aliado a esse acidente temos vários abortos (devido precisamente a esse acidente e à má formação física que padecerá para sempre), um casamento fracassado com o Muralista Diogo Rivera, ciúmes, problemas com álcool e quase uma vida inteira confinada a uma cadeira de rodas. Artista autodidacta, em 1925 sofreu um acidente de viação que mudaria a sua vida para sempre.Foi em resultado desse acidente que a sua pintura narrativa e simbólica desenvolveu aquela intensidade, aquele poder de comunicação, a partir do qual Frida Kahlo consegui tirar um propósito para o seu amargo destino.Se juntarmos a isso ao facto da artista ser comunista e a sua relação com o mundo não ser meramente contemplativa mas sim muito prática, política e controversa, temos alguém cuja arte vive de várias camadas de tensões criadores que vão da calma à mais completa agitação, do ódio ao mais intenso amor.Foi precisamente essa paixão, no seu sentido literal de dor que fez com que Kahlo criou obras inesquecíveis.Se atentarmos na obra que aqui aparece, (1940) vemos que a mesma representa a artista numa fase da sua vida na qual por algum tempo não esteve acamada no hospital ou presa a uma cadeira de rodas. Apresenta-se sentada numa sala tristemente vazia.Vestida com um facto masculino escuro, olha para o observador não só com intensa calma, mas também com orgulho e uma ponta de desafio.É uma tela contextualizada. Meses antes a artista tinha-se divorciado de Diogo Rivera ( a sua grande paixão) após um casamento feito de traições de ambas as partes e tumultos vários, paixão essa que a fez sofrer até ao desespero. Na mão direita segura uma tesoura com o qual acabou de cortar o seu magnífico cabelo, conhecido de muitas outras pinturas.Há por todo o lado bocados de cabelo e tranças.Na parte superior da pintura a artista oferece-nos um desafio amargamente literal sob a forma de letra de uma conhecida canção mexicana:"Olha, quanto te amava, era pelo teu cabelo; agora que estás careca não te amo mais".É uma canção de amor, cantada do ponto de vista de um homem acerca do abandono de uma mulher, e a situação de tristeza e desprezo que daí resulta.Normalmente, tanto o ser abandonado como cortar o cabelo significam humilhação.Assim, o divórcio e a perda de beleza levavam uma mulher mexicana à perda da sua honra.Então a questão que colocamos é: O que aqui vemos é uma demonstração voluntária de perda de honra? Mas se assim fosse porque se retrataria Frida nessa pose de olhar orgulhoso, ainda por cima marcando a sua posição vestindo-se de homem, revelando com esse traje força e poder?Estaria a artista a demonstrar uma dureza para consigo própria? Desprezo pela sua auto-comiseração?A resposta de F.Kahlo poderá estar sublinarmente na segunda mensagem que ela nos transmite com o seu olhar: temos de erguer a cabeça precisamente quando essa atitude não atrai nenhum propósito exterior, posto que só com uma atitude de auto-determinação podemos recuperar a dignidade perdida até porque essa atitude livraria a artista do fardo da feminilidade que em tempos era um bem querido!Tal como desabafou Frida Kahlo no auge do seu padecimento físico , "alguns nascem sob uma boa estrela, e outros na escuridão....eu sou das que para que tudo parece completamente negro".
Etiquetas:
Frida Kahlo-Auto Retrato com cabelo cortado
Uma Hora no Aeroporto
Um interessante time-lapse mostra-nos 70 minutos de intenso tráfego aéreo, filmados na pista do Aeroporto de Boston (EUA), condensados em 2:30 minutos.
O Apartamento
Um Apartamento incrível!
Vejam e apreciem este aproveitamento do espaço.
Muito Original!
http://sorisomail.com/partilha/162550.html
Vejam e apreciem este aproveitamento do espaço.
Muito Original!
http://sorisomail.com/partilha/162550.html
quarta-feira, junho 01, 2011
As Crianças na Arte
Neste dia Mundial da Criança, trago-vos aqui quatro obras de pintores consagrados, em que apesar do tema não ser propriamente as crianças no seu todo,elas aparecem como parte integrante da obra e mostram a sua relação com os demais que os rodeiam. A primeira tela é de George Romney e representa uma mãe em atitude intima e carinhosa para com a sua filha, encarnando os ideais de sensibilidade que, naquela época, dominava a mentalidade inglesa, em clara antecipação ao movimento Romântico.Descritos por escritores da craveira de uma Jane Austen, em obras como 'Sensibilidade e Bom Senso', os novos ideais postulavam um regresso à autenticidade e espontaneidade humanas. Dentro dessa ideologia a educação infantil também foi revista, passando a dar mais importância ao papel da mãe em relação ao crescimento do seu filho.Deste modo, por exemplo, evitava-se que as "amas" dessem peito sendo as mães a amamentar os bebés, ou estimulavam-se as crianças a expressar os seus sentimentos livremente, afastando-se das estritas e tradicionais formalidades e conservadorismos ingleses.Pintores como George Romney contribuíram assim para dar uma visão idealizada e inclusivamente muito terna e doce da maternidade e da relação das mães com os seus filhos.Romney também consegue nesta tela transmitir extrema elegância a todo o quadro nomeadamente às roupas tanto da mãe como da sua filha.A sofisticação que se desprende da obra é evidente e contrasta com a suposta intimidade que Romney quer expressar através da sua pintura.Podendo ser apreciada no Tate Galleries em Londres, esta obra intitula-se de Mrs Johnstone e a sua Filha, e é um óleo sobre tela, e foi realizado por volta de 1775/1780.
A segunda obra que aqui aparece é do pintor inglês William Mulready.Esta cena tem lugar num ambiente rural e representa uma aula dada por um velho professor, na escola de uma povoação.Este está a fazer uma exagerada reverência a um aluno que acaba de entrar atrasado na sua aula,num gesto claro de ironia.Trata-se de uma tela muito dentro da linha da obra de Mulready, que frequentemente descrevia cenas infantis relativas à educação. De facto os meninos que estão por trás do aluno que chega atrasado não se atrevem a entrar, com medo de um eventual castigo com a vara do professor.Outra criança ( que se encontra de costas para nós e com um casaco vermelho) por qualquer motivo já foi castigado com a vara do professor, pois as sevícias corporais eram um método educativo muito utilizado na Inglaterra vitoriana. Verificamos assim que estamos perante uma obra cujo tipo de temática era muito própria desta Inglaterra vitoriana, que valorizava extremamente a educação, os costumes e a manutenção das "formas e regras" na sociedade.Esta obra constitui um excelente exemplo do chamado "naturalismo rural", que, longe de ser "naturalista", apresentava, pelo contrário, um ambiente sentimental e idealizado, tal como se pode ver na cor extremamente viva e pouco natural que domina toda a composição, típica do período de maturidade de Mulready.Esta tela foi exposta na Academia de Artes, em 1837, quando Mulready tinha quase cinquenta anos.Intitulada de "A "Ultima Entrada", é óleo sobre tela e pode ser também apreciada no Tate Galleries, Londres.
A terceira tela que aqui aparece é de Sir John Everett Millais (que já abordei aqui num post anterior a propósito da sua obra Ofélia).Esta obra de Millais mostra-nos um episódio da meninice do conhecido explorador do século XVI, Walter Raleigh, sendo uma das obras mais populares deste artista. O jovem Raleigh ouve com profunda atenção da mesma forma que o seu pequeno irmão, as aventuras marítimas e terrestres que um velho marinheiro genovês lhes está a contar.É interessante observar a postura dos dois meninos, que sentados, parecem estar completamente alheados de qualquer coisa.A sua atenção está completamente entregue a essas histórias que o marinheiro lhes explica com veemência.Este, de costas para nós espectadores, está vestido com uma calças vivamente vermelhas e uma camisa beje.A indumentaria dos meninos é, sem dúvida um exemplo da classe burguesa à qual pertencem.Ambos estão vestidos com calções verdes e azuis e com casacas e golas brancas.A luz que banha a composição é própria do entardecer e, por este motivo, as cores têm tonalidades alaranjadas.É também curioso o barco de brinquedo à esquerda da composição, que faz uma clara alusão às futuras aventuras do jovem explorador.Também o fundo da paisagem marítima é uma representação da costa de Devon, que se encontravam relativamente perto do lugar de onde Raleigh era oriundo.Intitulada de "Os Meninos de Raleigh", está obra é um óleo sobre tela e foi realizada por Millais por volta de 1890.
Esta última obra, "Quarenta e Dois Miúdos", é do pintor americano George Bellows, nascido em 1882 na cidade de Columbus e falecido em Nova Iorque em 1925. Nela vemos uma série de rapazes divertindo-se num molhe a beira rio. À direita desse molhe, uma criança foi imobilizada a meio do mergulho.Todas elas foram captadas como se de uma fotografia se tratasse, numa fracção de segundo.O artista usou pinceladas rápidas para simplificar a representação dos corpos e transmitir a fugacidade do momento vivido. Bellows rejeitou a formalidade dos artistas seus antecessores, com os seus retratos de poses estudadas e paisagens idílicas. Ao invés, o seu objectivo era captar a vida tal qual ele a via. Foi influenciado e inspirado pelo chamado "Grupo dos Oito" que acreditava que a arte devia espelhar a realidade, em particular a realidade agitada da cidade.G.Bellows pintou regularmente temas relacionados com a energia da vida citadina.Pintou retratos e paisagens, tendo mais tarde feito experiências com temas e técnicas diferentes.Bellows personificou o espírito americano, no seu entusiasmo e ânsia de viver tanto na sua obra como na sua vida.Esta obra realizada pelo artista em 1907, é óleo sobre tela, e pode ser apreciada no Corcoran Gallery of Art em Washington.
Esta última obra, "Quarenta e Dois Miúdos", é do pintor americano George Bellows, nascido em 1882 na cidade de Columbus e falecido em Nova Iorque em 1925. Nela vemos uma série de rapazes divertindo-se num molhe a beira rio. À direita desse molhe, uma criança foi imobilizada a meio do mergulho.Todas elas foram captadas como se de uma fotografia se tratasse, numa fracção de segundo.O artista usou pinceladas rápidas para simplificar a representação dos corpos e transmitir a fugacidade do momento vivido. Bellows rejeitou a formalidade dos artistas seus antecessores, com os seus retratos de poses estudadas e paisagens idílicas. Ao invés, o seu objectivo era captar a vida tal qual ele a via. Foi influenciado e inspirado pelo chamado "Grupo dos Oito" que acreditava que a arte devia espelhar a realidade, em particular a realidade agitada da cidade.G.Bellows pintou regularmente temas relacionados com a energia da vida citadina.Pintou retratos e paisagens, tendo mais tarde feito experiências com temas e técnicas diferentes.Bellows personificou o espírito americano, no seu entusiasmo e ânsia de viver tanto na sua obra como na sua vida.Esta obra realizada pelo artista em 1907, é óleo sobre tela, e pode ser apreciada no Corcoran Gallery of Art em Washington.
Etiquetas:
As Crianças na Arte
Subscrever:
Mensagens (Atom)