Há muito tempo já que não escrevo um
poema
de amor
E é o que eu sei fazer com mais
delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira
Mas eu que vou envelhecendo
Mas eu é que não pude ainda por meus
passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.
Miguel Torga
Prisão do Aljube - Lisboa, 1 de Janeiro de 1940
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