A 7 de Novembro de 1807, o povo da cidade de Roma assistiu a um espectáculo único: um funeral concebido pelo escultor Antonio Canova (1757-1822). Uma enorme multidão de gente comum, 50 padres, 50 monges capuchinhos, prelados com vestres cerimoniais e outras pessoas acompanhavam à sua última morada a pintora Angelika Kauffmann (1741/1807). Raparigas envergando trajes de estilo clássico, acompanhava o féretro, parecendo acabadas de sair de um dos quadros da falecida pintora.Logo atrás delas, seguia o presidente da Academia de Artes e outras personalidades do mundo artístico. O cortejo fúnebre levava alguns quadros da pintora, que foi chorada durante muito tempo.Mas cabe a questão? Porquê todas essas honrarias? Porque juntamente com a pintora retratista francesa, Elisabeth Vigée-Lebrun ( que poderão ver no post mais abaixo) e a pintora italiana Rosalba Carrera ( sobre o qual abordarei mais tarde), Angelika Kauffmann foi das mais importantes pintoras do século XVIII! Descendente de de alemães nasceu a 30 de Outubro de 1741 em Chur, na Suíça, mas passou a maior parte da sua vida em Londres e Roma.Em criança aprendeu italiano, inglês e francês, para além da sua língua materna, o alemão.E, 1768, a jovem artista foi aceite na' Royal Academy de Londres', fundada por Sir Joshua Reynolds, um grande admirador da obra da artista. Angelika visitou Roma, pela primeira vez em 1758 ali encontrando um bom mentor na pessoa do académico Johann J. Winckelmann ( que ela posteriormente retratou numa magnífica obra).Winckelmann foi das principais figuras do movimento artístico neoclássico, uma reacção aos exageros do Barroco e do Rococó, caracterizada pelo retorno à beleza clara e simples do Renascimento. Winckelmann encorajou a artista a pintar cenas históricas e da mitologia clássica, um género exigente e olhado pelas academias como a mais elevada forma de arte. Segui-se-lhe uma carreira de sucesso sem precedentes, com Angelika a receber encomendas e honrarias oficiais.Casou-se pela segunda vez com pintor veneziano Antonio Lucchi, em 1781.Uma não mais tarde o casal mudou-se para a famosa Casa de Stefanoni, na Via Gregoriana, em Roma.Esta muito elegante mansão em breve se tornaria num centro da vida social da cidade.Artistas e amigos, muitos deles estrangeiros, encontravam-se aqui rodeados por colecções de pintura a óleo, esculturas e livros da pintora. Foi uma eloquente cicerone -a Cicerone de Roma- e assumiu a responsabilidade pessoal de levar proeminentes figuras da ciência, da política e da cultura a ver a "Roma dos Antigos".Assim, viajavam por famosos locais da Antiguidade Clássica.Estas excursões artísticas, aos domingos, com Johann Wolfgang von Goethe, ( que considerou a pintora como a mulher mais culta, sensível e talentosa da Europa) durante a sua estada em Roma, ficaram para sempre conhecidas.No quadro que aqui aparece, um óleo sobre tela,realizado em 1784, com 64,8x50,7cm, que se encontra no Nova Pinacoteca de Munique e que se intitula de "Auto-Retrato", Angelika Kauffmann, realiza um auto-retrato para a galeria de retratos do Castelo Leopoldskron.Foi encomendado pelo conde Karl J.Firmian de Salzburgo, um dos seus principais mecenas.Angelika Kauffmann, então com 43 anos, retratou-se a meio corpo, vestida à moda do renascimento italiano como é apresentada nas obras de Rafael e outros artistas.
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