Gosto da realizadora Sofia Copolla, gostei muito do seu filme 'Marie Antoinette' e o anterior o 'Lost in Translation'.Por isso foi com natural expectativa que fui hoje ver o seu último filme denominado de 'Somewhere', filme que fez dela vencedora do Leão de Ouro da 67ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza,na categoria de Realizadores emergentes.Ora, o que eu não contava foi ter uma tão grande decepção!A minha decepção traduziu-se num quase abandono da sala e não o fiz por fui tomada de curiosidade mórbida tentando saber como ela iria sair do imbróglio em que se tinha metido e que é palpável no meio do filme quando nos começamos a aperceber que aquela personagem, Johnny Marco, está completamente à deriva e essa deriva não emerge do papel que tem que representar, mas sim, porque a própria realizadora não sabe como desatar aquele nó.Que Sofia Copolla sempre nos habituou a uma fotografia muito bonita isso não é surpresa para todos os que gostam dos filmes dela, mas penso que isso não basta para fazer um filme, e de facto naquelas duas horas que ali estamos, sentimos que é uma total perda de tempo, que aquilo tudo já foi feito por outros realizadores, que aquelas personagens nada nos têm a dizer, que aqueles lugares são completamente vazios de conteúdos e que nem o próprio hotel onde todo o filme se desenrola(tirando as cenas em que o personagem e filha estão em Itália, cenas essas que também não sabemos para que servem, uma vez que a entrega daquele prémio não é explorado de forma a apercebermo-nos da grandeza daquele actor) é aproveitado, como espaço de tão conhecidos escândalos, bebedeiras, drogas e onde alguns artistas escolheram como lugar para porem termo à vida ou pelo menos tentarem.Esse Chateau Marmont, hotel icónico, mítico até,transformasse na mão da realizadora num espaço quase claustrofóbico e acaba quase por se tornar para nós espectadores, um lugar maldito e enjoativo até à náusea.Nada se passa neste filme porque simplesmente... nada se passa naqueles lugares, naquelas ruas, naquelas longas estradas,naquele carro,naqueles quarto de hotel e se há coisa que a realizadora não nos enganou foi no título que deu aos seu filme.De facto 'Algures'no tempo que vai pasando, pensamos que alguma coisa vai acontecer aquele homem àquela sua filha, (quase tão perdida como ele...e a cena da crise de choro é exemplo disso mesmo), enfim, que algo irá acontecer aqueles parcos personagens que por lá andam... vagueando sem que saibamos para quê e para onde.As poucas cenas iluminadas, são as da personagem cleo, magnificamente representada por Elle Flanning, que com a sua candura e inocência acaba por dar algum alento ao filme.Este Somewhere, acaba por ser um retrato não de uma América sem rumo, não de actores que atingem uma fama desmesurada e caem num vazio quase sem retorno, (vide o fim do filme) mas sim um retrato da própria realizadora, que penso estar a atravessar alguma crise existencial reflectida em pleno neste seu último filme.Já li que a crítica se dividiu em classificar e julgar este Somewhere e o caso não é para menos.Estamos num campo cinematográfico hibrído em que não sabemos para que lado pende a realizadora, se para contar o que é o mundo de Hollywood ou se para nos mostrar uma América triste acabrunhada, virada para o seu umbigo e que se está nas tintas para tudo o resto.Se tivesse que classificar este filme de um a cinco daria dois pontos, um pela fotografia e outro pela representação de Stefen Dorff e Elle Flanning.Benicio del Toro aparece nos créditos, mas pelo que me foi dado a ver a única cena em que surge é no elevador e para dizer uma frase, não percebendo-se bem para que foi ele ali posto!Personagens desnorteadas e sem rumo, algum sexo, danças do varão, quartos de hotel, alguma paranóia, fãs deslumbradas, festas sem qualquer sentido e...mais nada!Pouco para tão boa realizadora e que espero vir a emendar a mão num futuro que espero muito próximo.Que volte a Sofia Copolla do 'Marie Antoinette'. Eu te perdoarei tudo!
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