segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Dia de São Valentim







Para celebrar este dia 14 de Fevereiro, dia de São Valentim,data que celebra o Amor, nada melhor que o fazer, através da Arte.Falo-vos hoje aqui de 4 quadros, de quatro pintores que abordaram o tema do Amor(nas suas mais diversas formas) de uma forma sublime,na minha modesta opinião.Vou começar pelo grande pintor inglês Sir Lawrence Alma Tadema e pela sua obra "Uma Saudação Silenciosa".Esta obra de Alma Tadema apresenta como tema uma amorosa cortesia silenciosa.Um jovem soldado irrompe num aposento para entregar um ramo de flores a uma mulher que descansa, adormecida num cadeirão.Ora, o tema desta obra, foi inspirada no poema 'A Visita' do grande poeta alemão Goethe.O artista teve bastante cuidado para que as representações fossem o mais fiel possível às figuras do mundo romano.Por esse motivo o interior do aposento, tanto por uma perspectiva aquitectónica como por todos os pormenores que são representados, mostra o à vontade que Alma Tadema tinha em recrear o verdadeiro modo de vida na época Roma, aliás um tema muito recorrente em quase toda a sua obra.O ramo de rosas, que o jovem soldado depositou no colo da jovem, é praticamente o único vislumbre de cor que o artista se permitiu mostrar.Uma obra muito singela, dentro da complexidade que Alma Tadema sempre empregou na criação das suas personalidades, tanto pelas roupas como pela decoração onde a cena se desenrola, e que aqui não foge à regra.Para mim, esta obra é a personificação do puro amor singelo.
A segunda obra que proponho aqui apreciarmos é do pintor Dante Gabriel Rossetti e denomina-se de "A Amada(A Noiva)".Nesta obra o artista apresenta o momento em que uma jovem mulher retira o véu do rosto, revelando a sua beleza fascinante, quer através do seu olhar que nos fixa e que quase nos paralisa, quer pela serenidade presente no seu semblante. Ela está rodeada por várias pessoas que fazem parte do seu séquito, todas elas de tez mais escura que a sua, estabelecendo-se um contraste evidente. A composição está enquadrada num exotismo exuberante, repleto de flores que conferem ao quadro uma coloração rica e quente. Em primeiro plano vemos um jarro dourado que se encontra entre as mãos de uma criança negra, jarro esse que está repleto de flores de tons rosa e amarelo que surpreende pelos raios de luz que parece emanar dessas mesmas flores.Por sua vez, o séquito da noiva é constituído por jovens de diferentes raças, facto que na altura da apresentação da obra dividiu a crítica, posto que uns interpretava a obra como sendo um hino à diversidade da beleza enquanto outros fizeram uma leitura racista, através da qual a raça branca se erguia como sendo superior às demais. O vestido da noiva é rico em coloração sendo que o fundo do mesmo, a cor verde, quase que domina todo o quadro.É um vestido ricamente decorado assim como a própria noiva, que tem como acessórios diversas jóias, como um anel dourado e duas pulseiras que decoram as mangas verdes do seu vestido de estilo oriental.A sua cabeça também está decorada com uma espécie de tiara de cor vermelha e rosa que acabam por condizer com a cor dos seus carnudos lábios.Todos esses elementos apresentam uma enorme quantidade de motivos florais, em tons diferentes que vão do vermelho ao verde, passando pelo amarelo e o violeta. É uma incrível explosão cromática que faz deste obra uma das mais incríveis realizações deste pintor que com a sua obra "Beata Beatriz",(obra sobre o qual me debruçarei aqui em breve), faz dele um dos meus preferidos pintores italianos.
O terceiro quadro também aborda o amor na sua forma trágica/funesta, e é uma obra de Sir John Everett Millais, artista inglês que não sendo muito conhecido, tem criações de uma beleza e perfeição irresistíveis.A obra chamasse "Ofélia", e nela vemos representada uma personagem extraída da obra 'Hamlet',do dramaturgo inglês Sir W.Shakespeare, que enlouqueceu ao saber que o seu amado Hamlet lhe tinha matado o pai.Millais representa Ofélia no momento em que se está a afogar num rio, enquanto canta, vitimada pela loucura. Para conseguir que a obra fosse o mais realista possível, consta que o artista, que tinha como modelo Elisabeth Siddal , Beth para os amigos, e esposa do seu grande amigo, o pintor italiano Dante Gabriel Rossetti, fé-la introduzir-se numa banheira de água fria, fazendo-a contrair uma uma forte constipação e ganhando a cor pálida e doentia necessária à caracterização da personagem!A figura de Ofélia jaz a flutuar por baixo dos ramos de um salgueiro com os ramos pendentes, rodeada de flores brancas, que aludem à morte, e de violetas, símbolo de fidelidade.O seu rosto, que aparece com os lábios entreabertos, por estar a cantar, reflecte uma paz e uma tranquilidade espantosos, sentimentos que se encontram em absoluta harmonia com a natureza.Assim, Millais, mergulha a sua personagem num mundo em que as flores e a natureza se erigiam como verdadeiras protagonistas das suas obras (vide o exemplo que quadro anterior, o de Rossetti) adquirindo muitas vezes significados alegóricos.É também muito interessante observarmos como que o silêncio que esta obra nos transmite, silêncio esse presente na quietude da figura e da natureza, que acaba por estar em sintonia com a personagem de Ofélia.A beleza e a tristeza desta obra são deveras surpreendentes.
A quarta e última obra que aqui vos mostro é do pintor francês Gustave Courbet, e denomina-se de "Mulher com Papagaio".É uma obra que não representando propriamente o Amor, mostra-nos uma mulher predisposta a amar, expondo o seu corpo em toda a sua sensualidade e carnalidade.Este quadro de Courbet acaba por ser o exemplo muito significativo do realismo provocador muito típico deste artista, um verdadeiro inovador da pintura na sua época.Personalidade muito conflituosa e revolucionária Courbet apresenta-nos aqui o erotismo e a luxúria na sua mais elevada expressão, através de uma mulher que se está a oferecer ao espectador. Nua e numa atitude muito sensual,está a brincar de forma divertida com um papagaio.Nem a sua posição corporal, nem a sua pele extremamente branca e suave, nem os seus cabelos, enredados e soltos sobre a almofada, eram comuns naquela época, e por isso chocaram com os cânones oficiais da pintura.Por essa razão, o quadro foi severamente atacado pelos críticos do Salão de Arte que se realizou em 1866 (data da realização da obra), os quais viram nele uma "terrível falta de gosto do artista", assim como também comentaram que a posição em que a modelo está é bastante "rude".O cabelo foi definido como "desarranjado".É mais que evidente que a crítica achava esta mulher extremamente provocadora e indecorosa e é por isso que eu gosto dela e aproveito para a expor aqui como símbolo do amor na sua mais pura carnalidade.Uma obra magnífica!

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