Na época em que Pablo Picasso se tinha mudado para Paris, que corresponde ao Período azul (1902/1904), surgiram pela mão do artista uma série de obras nos quais se contacta uma atmosfera irrespirável, que se deve ao facto da maioria das personagens representadas revelar, através do seu aspecto, o seu terrível estado não só emocional, mas também físico. Na sua maioria, são cenas, tal como a que aqui aprece, protagonizadas por mendigos ou prostitutas, pessoas doentes e, em geral, seres marginalizados, pela sociedade, é muito provável que, nessa época, Picasso se sentisse terrivelmente só e angustiado, vivendo numa Paris que era para ele, ainda, um lugar inóspito. A gama cromática utilizada pelo artista está restringida às tonalidades ricas de azul, embora o artista empregue alguns toques de beje e de rosa pálido que antecipam as suas composições posteriores pertencentes ao Período Rosa.É interessante assinalar que Picasso que apenas uns anos antes tinha realizado figuras de crianças marcadas pelo seu realismo, decidiu, neste seu Período Azul, pintar um tipo de representação simbólica, eliminando os pormenores das suas figuras, idealizando-as, tal como se pode constatar nesta criança a própria ideia de tristeza.Pela posição que as duas personagens apresentam e, especialmente as suas cabeças, esta obra de Picasso relembra o famoso quadro de J.F.Millet, Angelius, que abordarei aqui mais tarde.Esta obra intitulada A Tragédia foi realizada por Pablo Picasso (1881/1973) em 1903 é óleo sobre madeira e tem 105,3x69cem e pode ser vista no National Gallery of Art em Londres.
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