Fim da Tarde em Cape Cod |
Gosto muito das obras pictóricas do pintor norte americano Edvard Hopper, e por isso já o abordei aqui num anterior post, voltando hoje a fazê-lo a propósito da sua obra Fim da Tarde em Cape Cod.
A obra de E.Hopper sempre foi extremamente realista, e as suas imagens imóveis e muito precisas onde a desolação, solidão e tristeza do indivíduo está expressa como nenhum outro artista norte americano, sempre me atraíram imenso. Esses indivíduos, fossem eles homens ou mulheres, acabam por reflectir um certo espírito de época americano que Hopper tentou captar sempre de uma forma ímpar.
E.Hopper, nascido em 1881 e falecido em 1967, procurou sempre imprimir uma certa austeridade solitária e muito peculiar em toda a sua obra. Ele procurava mostrar o mundo moderno, mas sempre impregnado de uma certa tristeza e quando as suas obras são alegres, a tristeza está lá escondida sob a capa de uma desoladora paisagem ou de indivíduos que estando acompanhados estão isolados uns dos outros emersos no seu próprio mundinho.
Essa tristeza, solidão e até miséria física e moral, fazia eco da desilusão que varreu os Estados Unidos após o começo da Grande Depressão de 1929 e que trouxe, fome, suicídios, emigração e desconsolo geral a toda uma sociedade.
A obra que aqui surge denominada de Fim da Tarde em Cape Cod, poderia até ser uma obra idílica, mas as pinceladas de Hopper tornam-na triste e desconsolada.
Nela vemos um casal à soleira da sua bela casa e onde surge em pleno primeiro plano uma cão/cadela que de tão realista que é pensamos que em alguma altura ele/ela saltará da tela e aterrará perto de nós pedindo algumas festas na cabeça.
O casal parece gozar o sol da tarde fora de casa, contudo, trata-se de um casal apenas em termos técnicos. Se repararmos bem, essa fruição é totalmente passiva, visto que ambos estão isolados e envolvidos nos seus próprios devaneios.
Nela vemos um casal à soleira da sua bela casa e onde surge em pleno primeiro plano uma cão/cadela que de tão realista que é pensamos que em alguma altura ele/ela saltará da tela e aterrará perto de nós pedindo algumas festas na cabeça.
O casal parece gozar o sol da tarde fora de casa, contudo, trata-se de um casal apenas em termos técnicos. Se repararmos bem, essa fruição é totalmente passiva, visto que ambos estão isolados e envolvidos nos seus próprios devaneios.
Por sua vez, a sua bela casa está fechada ao nosso olhar e à nossa intimidade, posto que a porta está bem fechada e as janelas estão cobertas com cortinas claras mas impossíveis ao olhar humano.
O cão acaba por ser o único ser atento e 'vivo', mas até ele volta as costas à casa e olha o horizonte parecendo ver algo que nos é impossível de visualizar.
O cão acaba por ser o único ser atento e 'vivo', mas até ele volta as costas à casa e olha o horizonte parecendo ver algo que nos é impossível de visualizar.
As árvores, densas, escuras e sinistras batem em algumas vidraças mas nem isso desperta o olhar do casal isolado em si mesmo. A erva clara que domina todo o plano a nível do chão quase que submergem o cão e os pés dos dois personagens.
É uma obra estranha, triste, em que o casal ensimesmado e fechado em si mesmo, tornam-se figuras rapidamente identificadoras de uma obra típica de Edvard Hopper.
Contudo, e apesar dessa tristeza não deixa de ser uma uma tela muito bonita, que atrai o nosso olhar e nos faz contemplá-la com bastante agrado.
Esta obra foi realizada em 1939 e pode ser vistas no National Gallery of Art, em Washington, D.C.
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