Habituada há vários anos a ver as comédias europeias de Woody Allen, e detestando a última este objecto cinematográfico disparatado que dava pelo nome de Para Roma com Amor, foi com agrado que vi ontem este Blue Jasmine, a última obra deste realizador norte americano que resolveu voltar às suas origens e prendar-nos (a acção passa-se entre Nova Iorque e São Francisco) com uma filme em que a estrela maior é uma incrível Cate Blanchett. Esta última, num papel muito difícil, mas que a mesma desempenha de uma forma soberba, revisita um clássico do cinema, Um Eléctrico Chamado Desejo,(que a mesma já representou várias vezes em teatro) e entre lampejos de uma trágica Blanche Dubois, muito xanax, muita mentira, muito álcool, muita arrogância e soberba, muito ressabiamento, traça o destino de uma personagem tão trágica e tão patética que a páginas tantas nos faz desejar que alguém tenha caridade e a interne imediatamente num qualquer hospício mais à mão. Estamos perante um Woody Allen, mais sombrio, as suas personagens aqui já não gracejam, a vida está dura para todos, as riquezas aparecem e desaparecem num ápice, (o caso Bernie Madoff é aqui uma constante) especula-se com o dinheiro de terceiros com a mesma facilidade com que se compram aviões ou uma bonita pulseira de diamantes, o que hoje é verdade amanhã é a mais pura das mentiras, há enganos, traições, inverdades, e no fim só resta um banco de jardim e a mais completa solidão. Um filme que roça a genialidade e que concerteza dará a Cate Blanchett o merecido Óscar de Melhor Actriz.
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