sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Adeus minha Cadelinha

Só hoje me sento capaz de exprimir a  imensa dor e  o grande  sentimento de perda que sinto por  um animal que viveu comigo durante 14 anos.Chamava-se Rebeca, mais conhecida pelos meus vizinhos e amigos por "bequinha" , ou "a doida".  Exceptuando as vezes que ficou em casa de amigos devido a viagens por mim realizadas, sempre, e repito, sempre me foi esperar à porta quando eu chegava a casa.Ficava tão satisfeita!
 Este não é o primeiro post que eu escrevo dedicado a ela, será apenas e só o último, porque fecharei esta porta e ela será uma recordação viva no meu coração enquanto eu viver. Escrevo este post com as lágrimas a correrem pelo meu rosto,  e sinto que tem que ser mesmo assim, posto que só deste modo posso fazer a catarze que tem estado contida em mim desde o passado dia 23 quando tive que ir com ela ao veterinário para se dar termo ao sofrimento de um animal que simplesmente desistiu de viver devido às dores dos tumores que lhe foram tomando conta do corpito, pela cegueira devido às malditas cataratas e pela surdez devido à  safada da velhice.
 Deitou-se na sua caminha e já não se quis levantar mais. A muito custo tentava ir à porta receber-me mas imediatamente e após roçar-se por mim, lentamente ia deitar-se e com as patitas colocadas sobre o focinho assim ficava, dormitando e gemendo baixinho quase com medo de estar a incomodar envergonhada por não ser mais aquela cadela que tantas loucuras fazia!
 Não sofreu na hora da despedida, dormiu com a injecção e nos meus braços se foi. Fico com as suas fotos, a sua coleira e a trela roída por traquinices quando era jovem e cheia de garra. Era uma Fox Terrier, muito doida, corria que se danava, ladrava forte e feio. Era maluca por passeios no campo, corria atrás de gatos e de outros cães, nunca fugia a uma boa briga. Era também muito asseada, e quando não o era refugiava-se debaixo da minha cama e ali se quedava durante horas,espreitando de vez em quando e fazendo olhinhos de "carneiro mal morto". Depois, quando achava que já ninguém se lembrava da sujeira, aparecia de mansinho e enrolava-se nos nossos pés.
Era também muito esperta.Quando tinha que tomar comprimidos cerrava os dentes e ali não entrava nada! Só a vencíamos enganando-a com pedaços de maças ou de peras (que ela adorava) onde dentro estava a medicação.
Teve 7 filhotes. Seis machos e uma fêmea a Daisy, tão doida como ela e por isso a que mais gente quis.Foi boa mãe. Ficou sem eles, levados por vários donos. Não se danou comigo,  e parecia compreender que eu não podia ficar com toda aquela prole.
Era branca, castanha e preta. Tinha uns olhos muito bonitos e vivos.Era muito pestanuda, parecia uma actriz, era vaidosa e às vezes uma parvalhona! Era uma bela cadelinha, era a minha Rebequinha, a minha amiga, a minha menina. Foi-se e com ela a certeza de que foi bem tratada, durante os anos que aqui esteve.Desde a semana passada que por vezes dou comigo à tua procura pela casa, e vou chamar-te para ir à rua...mas depois é que me lembro que já cá não estás! Que dor, que pena!
 Este post é para ti minha grande amiga. Fica bem, brinca bastante onde agora estás, no "céu dos animais". Ficas comigo em recordação, terei sempre de ti boas recordações. Foste uma boa e bonita cadelinha!
Adeus Rebeca.

2 comentários:

redonda disse...

Sempre me pareceu uma injustiça que vivam tão pouco tempo.
um beijinho
Gábi

Sandra Belbut disse...

Sou dona do pai dos filhos da Rebeca e... De um dos seus filhotes, que passou em trânsito por minha casa para ser dado a uma pessoa amiga! A pedido dos meus filhos, o filhote da Rebeca veio passar uns dias connosco, mas foi ficando e por cá continua, acabadinho de fazer 7 anos e meio!
Foi-lhe dado o nome de Ali e é o cão mais querido e engraçado que já conheci na minha vida! É um Fox Terrier e, como tal, parvo e conflituoso com os outros cães, cadelas incluídas, mas nunca atacou nenhum porque basta acenar-lhe com uma bola para ficar bloqueado, pronto para a brincadeira!
Pela-se também por um dia de brincadeira na praia, é o primeiro a sair do carro disparado para o mar, galga ondas enormes e vai meter-se com estranhos, largando a bola aos seus pés para a atirarem, mas em casa tem pavor de tomar um banho na banheira...
É um chato com a comida, temos de estar sempre a variar a ração e a dar-lhe comida "de humanos"; quando alguém toca à campainha, ladra furiosamente, de tal maneira que nem conseguimos ouvir quem se anuncia; é um ladrão de comida, o pobre do dono de 15 anos já ficou sem muitas das guloseimas que tinha escondidas da irmã, desprezando os dotes de caça do Ali!
Mas é um docinho inteligente que percebe tudo o que lhe dizemos: "senta-te que a dona vai limpar-te a boca", e ele obedece, sentando-se em frente do armário onde sabe estarem os guardanapos; "deixa ver o teu dói-dói", e ele senta-se, para mostrar a ferida que lhe cresceu no focinho e que nos levou a temer o pior (cancro)...
Poderia escrever aqui um testamento sobre os dotes do Ali, que afinal são comuns a outros bichos, mas que para nós são especiais!
O Ali saiu à mãe, fisicamente é igualzinho, e do ponto de vista do caracter também. É tal e qual! Por isso, consigo compreender a dor da perda desta grande companheira que foi a Rebeca, que marcou de forma vincada a sua presença na vida da dona. Mas a vida é assim e não possuímos poderes para alterar o seu ciclo de vida. Resta-nos preenchê-lo da melhor maneira e sei que assim foi com a Rebeca, que viveu uma vida cheia com a sua querida dona e ainda morreu nos seus braços, numa prova de amor incondicional!
Nesse tal Reino dos Animais, onde a Rebeca anda agora a fazer das suas, não tenho dúvidas nenhumas de que existe um grande sentimento de gratidão...
Um grande bijinho