terça-feira, setembro 05, 2017

Obras ad infinitum

Andei um pouco arredada daqui devido ao facto de ter tido obras na minha casa. Quem já teve obras desse tipo sabe bem o calvário que é viver numa casa e vê-la dia após dia a ser partida, sujada, esventrada, "vandalizada" por homens de obras. A minha casa às páginas tantas parecia um albergue espanhol...cabia sempre cá mais um...homem de obras que vinha fazer mais alguma coisa. A experiência foi (e ainda não terminou...porque falta alguns detalhes e sabemos que o diabo está nos detalhes) traumatizante e penso que dificilmente tornarei a repetir a experiência. Aconselho desde já a quem pense fazer obras em casa que não fique na mesma,...que se mude...que vá para qualquer sitio mas que não fique a viver num estaleiro que foi o que aconteceu comigo. O pó, a sujeira, o barulho, e tudo o resto é o suficiente para tirar alguns anos de vida a uma pessoa, passe o exagero.Nada fica como dantes e quando pensamos que o pior já passou o outro dia é um pesadelo bem pior. Claro que toda gente me dizia: Depois vai ficar tudo bonitinho... mas quem está metido nas obras não perspectiva o futuro, não vê as coisas bonitas...pois o que vê é apenas lixo e pó. O pó era tanto mas tanto (lixar paredes e tectos dá nisso) que eu via o mesmo a pairar no ar e a não assentar. Um terror! Também disseram-me que durante um ano!!!iria sentir o pó a pairar pela casa e quem tem muitos livros como é o meu caso a coisa ainda se torna bem mais bicuda. Claro que não conseguindo dar conta da limpeza chamei quem fizesse a mesma, e de facto é o melhor que a pessoa tem a fazer porque se assim não for não consegue dar conta da empreitada. Agora que as coisas já assaram e "está tudo bonitinho" como me diziam, a pessoa não consegue ter o prazer de apreciar, porque nós os seres humanos temos tendência para ficar com as coisas negativas e relegar para segundo plano o positivo. É neste momento o meu caso...não consigo ainda apreciar o belo porque ainda continuo mergulhada no pesadelo...é como se não conseguisse sair dele. 
Uma amiga disse-me que há tempos estava a ouvir um programa de rádio e uma figura conhecida contava que tinha obras em casa e teve de se mudar para uma outra casa que tinha, porque as mesmas arrastavam-se há meses e ela com marido e filhos não conseguia lá viver. Eu não tenho filhos e penso que se os tivesse também teria que me mudar, visto que com crianças é impossível viver numa casa em obras e sem cozinha como foi o meu caso. O que as obras têm em Portugal (penso que noutros países as coisas não são assim) é que se arrastam ad infinito. Ninguém cumpre os prazos, tudo é feito com uma lentidão assustadora. O que podia ser feito em 15 dias dura meses, porque hoje falta o senhor que ia rebocar as paredes, amanhã falta o canalizador, o pintor só pode vir à tarde, o electricista não vem de todo, os materiais não aparecem porque a fabrica fechou para férias (agosto nesse aspecto é para esquecer porque o país fecha para férias) e assim por diante. Se os meses de verão são bons para obras no sentido em que as massas das paredes secam mais rapidamente, é contudo um terror no que respeita à compra dos materiais, visto que como já o disse, tudo fecha para férias. 
Então qual a melhor altura para obras? Não sei! Se é na Páscoa é a mesma coisa, pois toda a gente zarpa para a santa terrinha para degustar o cabrito e se o tempo estiver bom até para praia se vai!
 Se é no Natal a mesma coisa, se é nos inicio do ano e se este for chuvoso, não dá porque nada seca, há demasiada humidade no ar e a pessoa fica com a casa num estaleiro esperando infinitamente que as coisas se façam... e se for no verão é o que descrevi. 
Cheguei então à conclusão que se a pessoa tiver que fazer obras de grande vulto, o melhor mesmo é mudar de casa. Eu se soubesse que ia passar o que passei tinha feito isso. A insanidade de obras de vulto é tão grande que justifica a pessoa ir para outro lugar e não passar por um terror deste género. Obras em minha casa? Acho que nunca mais.

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