domingo, julho 17, 2016

A Banalidade do Mal

Sempre fui confessa admiradora da filósofa Hanna Arendt  (por causa dela e de Kant tirei este curso) e quanto mais leio sobre esta extraordinária pensadora mais admiro o quanto ela estava avançada em relação ao seu tempo.
Ao ver e ouvir jornalistas,comentadores, políticos/comentadores... sobre o tenebroso atentado em Nice e ver a  fraca e superficial reacção da pessoas ao mesmo, talvez exaustas de tanto sangue e de tanta maldade  e mais preocupadas em caçar pokémons, por jardins, casas, igrejas, museus, e outros sítios improváveis, lembrei-me das palavras de H.Arendt quando esta escreveu acerca da Banalidade do Mal e as Possibilidade da Educação Moral:

"Há alguns anos, em relato sobre o julgamento de *Eichmann em Jerusalém, mencionei a “banalidade do mal”. Não quis, com a expressão, referir-me a teoria ou doutrina de qualquer espécie, mas antes a algo bastante factual, o fenómeno dos atos maus, cometidos em proporções gigantescas – atos cuja raiz não iremos encontrar uma especial maldade, patologia ou convicção ideológica do agente. A sua personalidade destaca-se unicamente por uma extraordinária superficialidade."(Arendt, 1993, p. 145).

É precisamente esta superficialidade, desprendimento, e indiferença que é assustadora e quando mais atos bárbaros forem cometidos, mais essa banalidade do mal se introduzirá dentro das pessoas, passando os mesmos a fazer parte do seu quotidiano. 
Esta banalidade dos atos maus é a meu ver,  uma defesa humana
 para a supressão do medo e desta forma  conseguir ela mesma viver num planeta quase moribundo para os valores da paz, amizade, bondade e solidariedade para com as dores do próximo.



*Eichmann foi um nazi capturado pela Mossad, levado para Isrrael sendo depois julgado e condenado por crimes de guerra. H.Arendt a viver e a dar aulas  nos E.U.A. arte para Jerusalém onde decorre o julgamento, tendo posteriormente escrito a sua famosa obra obra "A Banalidade do Mal e as Possibilidades da Educação Moral", obra que lhe valeu fortes criticas da comunidade Judaica, mas que contudo é até hoje um marco da literatura filosófica.
O filme da realizadora Margarethe von Trotta  denominado precisamente de Hanna Arendt  com a actriz Barbara Sokowa retrata este julgamento e a postura desta filósofa perante o que ali se estava a passar. 

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