A Cama |
Há tempos atrás estava a fazer zapping e fui dar com um filme absolutamente genial do realizador francês Bertrand Bonello intitulado de L'Apollonide - souvenirs de la maison close, cujo titulo em português é Apollonide-Memórias de um Bordel.
Aquando da sua exibição não tive oportunidade de o ver com grande pena minha e por isso foi com satisfação que vi este filme todo ele passado entre as quatro paredes de um bordel e que retrata a vida triste, desencantada e bastante sórdida das prostitutas que lá viviam e dos seus clientes.
Retrato de T.Lautrec |
O que vemos neste filme é para além de uma história muito bem urdida, interpretações absolutamente fantásticas de Hafsia Herzi,Céline Sallette,Jasmine Trinca, Adèle Haenel, Esther Garrel, Anais Thomas, entre outras.
Este Apollonide é um filme absolutamente genial e uma lição de história sobre este mundo algo escondido da prostituição feita em bordeis e onde as mulheres se sujeitavam às mais diversas humilhações e degradações socorrendo-se em última instância da amizade que nutriam umas pelas outras para manter algum resquício de sanidade mental.
É pois com a lembrança deste filme que abordo aqui um quadro do pintor francês Henri de Toulouse-Lautrec intitulado de A Cama em que a temática é precisamente o bordel.
De facto, o pintor pinta esta tela quando vivia num bordel de Paris intitulado de O Salão des Moulins, onde viveu até 1895 (ele pinta a tela por volta de 1892) quando a sua saúde o obrigou a mudar-se para a sua casa em Albi, sua terra natal.
Investigando sobre esse viver num bordel, descobri que era um costume alguns artistas fazerem desses sítios suas habitações. Ali conviviam com estas mulheres, integravam-se nas suas vidas e nas dos seus clientes e há casos de alguns desses artistas que acabavam casados com algumas delas retirando-as dessa vida.
No caso de Lautrec, este tinha ali o seu atelier e por isso era frequente retratar as prostitutas que ali exerciam a sua profissão. Não era por uma questão monetária que o pintor ali vivia, até porque este pintor já tinha reconhecimento nacional e internacional. Se o fazia era porque preferia viver rodeado pelo luxo que este salão em particular lhe proporcionava e pelo facto de ter sempre temas para as suas obras. Esta tela não é a única de Lautrec cuja temática é precisamente o modus vivendi das prostitutas de um bordel.
Assim, o que aqui vemos são duas prostitutas na cama, olhando uma para a outra afectivamente.
Assim, o que aqui vemos são duas prostitutas na cama, olhando uma para a outra afectivamente.
O vermelho é a cor dominante tornando a cena erótica, assim como as pinceladas azul e verde fortes que contrastam com o branco dos lenções e das almofadas que domina quase toda a cena.
Para Lautrec, penetrar neste mundo algo proibido e imoral, fazia-o invadir-se das regras da sociedade a que pertencia e assim romper como os valores estabelecidos. Alguns quebravam essas regras indo viver para os trópicos como foi o caso de Gauguin, outros como Toulouse-Lautrec automarginalizavam-se socialmente no mundo nocturno parisiense.
Toulouse Lautrec, de seu nome Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa, nasceu na cidade francesa de Albi em 1864 e morreu de sífilis em Saint-André-du -Bois em 1901.
Foi um percursor do Modernismo e da Art Nouveau. É hoje reconhecidamente um dos grandes pintores franceses que nos legou telas absolutamente magnificas como é o caso desta A Cama que pode ser apreciada no Museu D'Orsay em Paris.
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