sexta-feira, janeiro 09, 2015

Mr Turner e Mapa para as Estrelas

Dois Filmes imperdíveis para inicio deste ano de 2015.
 O primeiro que vos aconselho é o Mr Turner do realizador inglês Mike Leigh, com um excepcional e muito mal aproveitado Timothy Spall, num dos papéis que se irá para sempre 'colar' a ele como o ' o papel de uma vida'.
Este Mr Turner é um  filme inteligente e muito bem feito sobre a vida deste pintor excepcional que foi William Turner, que legou à humanidade quadros belíssimos e que hoje é reconhecidamente adorado por muitos amantes de arte e que tem merecidamente um cantinho especial no coração dos ingleses.
 Penso que nunca outro pintor 'viu' o mar como Turner e foi isso que M.Leigh quis mostrar neste seu último filme que tem só uma das mais belas fotografias que me foi dado a ver nos últimos anos.
 De facto, estamos aqui  perante um filme grandioso e que nos faz pensar como alguns artistas que legaram à humanidade uma obra grandiosa foram em vida tão pouco reconhecidos, tanto pelo público como pelos seus pares. Que pena! Mr Turner merecia bem mais respeito pela sua obra enquanto foi vivo.
Um filme portentoso.
Num post posterior irei abordar a obra deste pintor.
 
 
 
 
 
 





 
 
A outra obra que aqui trago e que quase passou despercebida em Portugal foi o último filme de um realizador que eu amo de coração e que nos últimos anos perdeu um pouco o fôlego, mas que com esta sua última obra voltou à grandiosidade dos sues primórdios. Falo-vos  de David Cronemberg e o seu "Mapa para as Estrelas".
Que grande filme, que machadada na fauna que pulula por Hollywood, que filme fantástico, que interpretações soberbas de Julianne Moore, Mia  Wasikowska e de John Cusak!
Adorei o filme. É uma bofetada bem dada em múltiplas vedetas hollywoodescas extremamente mimadas, que encharcadas em comprimidos,  álcool e com um ego desmesurado não hesitam perante nada nem perante ninguém para obter os seus intentos, isto é obter um papel que as mantenha na crista da onda! 
Aqui vemos também como jovens actores de 13 anos podem ganhar fortunas em filmes que caem no goto do público (a critica aos franchisings de filmes está muito bem feita!) mas que entre portas, são capazes das maiores atrocidades carregando o fardo da sua fama como se fossem velhos de 80 anos!
 Vemos também os podres de quem tudo tem, vive no mais completo fastio, mergulhado em livros de auto ajuda que fazem companhia a centenas de frascos de comprimidos à cabeceira da cama.
D.Cronenberg mostra também com grande sageza  como Los Angeles está cheia de jovenzitos imberbes que vindos da sua terra natal sonham serem grandes actores, acabando na maior parte dos casos a  guiar  limusines, a trabalhar em restaurantes fazendo tudo o que podem para obter um simples papel nesta meca do cinema, trituradora de sonhos que é Hollywood.
Desta vez David Cronemberg não perdoou e voltou à temática que lhe é cara: o corpo humano como sitio de onde emana os maios repulsivos actos e onde uma vedeta de cinema sentada na sanita  destila as maiores barbaridades tanto por baixo como por cima e nem se dá ao trabalho de quando dela sai, puxar a água ou de lavar as mãos. Uma cena magistral protagonizada por uma soberba J.Moore!
Está de parabéns o realizador e o seu naipe de incríveis actores.
Um Óscar para Julianne Moore...já!
 

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