Com realização e argumento do norte americano Dan Gilroy está em exibição um fantástico e soturno filme de seu nome Nightcrawler - Repórter na Noite, com um soberbo Jake Gyllenhaal no papel principal coadjuvado por uma não menos sublime Rene Russo, naquele que eu acho ser os melhores papéis que ambos tiveram até agora ,principalmente no que diz respeito ao primeiro.
De facto, Jake Gyllenhaal tem aqui neste seu Lou Bloom, um psicopata, destrambelhado anti social, louco...enfim um ser abjeto um papel que o marcará para sempre em termos de representação, de tão 'irreconhecível' que o mesmo está, seja em termos físicos, pois o actor está magríssimo, como também em termos psicológicos, sendo que ao longo de 120 minutos o que vemos neste Nightcrawler é a personificação de um dos personagens mais repulsivos que o cinema já nos deu, sem que contudo deixemos de simpatizar com o mesmo tal o modo como o actor consegue levar a bom porto esta tarefa ciclópica e que não está ao alcance de qualquer um.
O filme é um murro no estômago, pois o que ali vemos é aquilo que muitas vemos nada mais é do que o puro voyarismo ,do qual qualquer um de nós já sofreu quando no recesso do nosso lar damos por nós a olhar para a televisão e a seguir a desgraça alheia sem nos questionarmos até que ponto aquelas imagens são licitas serem passadas na televisão.
E é precisamente aqui que este filme põe o dedo na ferida,ao dar-nos a conhecer estes Nightcrawlers, estes abjectos pseudo repórteres que pululam na noite qual vampiros sedentos de sangue e que de câmara ao ombro e seguindo noite após noite as emissões de rádio da polícia não hesitam em filmar o mais sangrento e brutal acidente rodoviário, fogo, assassínio, massacre na ânsia de o entregar a quem detentor do poder de as passar na televisão não só não hesita em fazê-lo como exige que as mesmas só passarão com o máximo de sangue e de horror e não é de estranhar que uma incrível René Russo dê o toque ao dizer para Lou, o seu mais dileto e monstruoso freelancer, que o tipo de imagens que ela quer e que o público anseia passa por ser 'o de uma mulher aos gritos na rua com a garganta cortada'.
Por aí vemos o tipo de gente que Dan Gilroy nos dá a conhecer e que quando saímos da sala de cinema, ficamos a questionar a quantidade de vezes que já demos por nós a olhar para a televisão e a ver a desgraça alheia sem nos importarmos muito com isso até que a desgraça nos toque à porta como é o caso da sublime cena em que Lou filma o acidente do seu colega de profissão e vemos todo o horror espelhado no olhar deste último.
Um filme que recomendo vivamente quanto mais não seja pela temática e pelo papel deste grande actor que é Jake Gyllenhaal. Fantástico.
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